Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Música e infância


Cirandeiro, cirandeiro ó

A pedra do teu anel brilha mais do que o Sol


Cresci em uma casa onde havia música. Cantávamos. Viagem, passeio, dia a dia, a mãe cantando, os irmãos recriando estrofes para músicas emendadas nos instantes das brincadeiras forjadas no quintal e sob a luz do dia.

A música traz benefícios diversos para a infância, e isso independentemente da maneira que seja inserida na vida da criança. Ouvir, cantar, dançar, ter a sorte de frequentar aulas de violão, piano…

Ouvir música amplia o repertório linguístico. Sim, pois ao ouvir/cantar as músicas, as crianças aprendem palavras e as utilizam no cotidiano, ampliando de maneira natural a sua linguagem. Mesmo as crianças que não foram alfabetizados aumentam o seu repertório de palavras e formam frases mais rapidamente quando são expostas às canções desde cedo.

“Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada…”

A dicção pode ser melhorada por meio da música. Quando cantamos, por exemplo, somos estimulados na entonação da voz, na pronúncia correta das palavras, na respiração. Os hábitos de ouvir e fazer canções incentivam também a criatividade, o que contribui na resolução de problemas.

Na minha vida, a música sempre fez parte da rotina e, por isso, nos dias da infância e da adolescência, quando estava triste, simplesmente parava de cantar ou de ouvir música. Mas no momento que percebia isso, imediatamente me forçava a cantar ou a ouvir alguma música novamente e, como um resultado de uma excelente terapia,  pouco a pouco, retomava a alegria indispensável para viver cada dia.

O que quero dizer com isso? Quem tem filho pequeno em casa pode cultivar o costume de inserir a música na rotina doméstica. Por quê? Uma casa com música é capaz de encadear as emoções positivas ou simplesmente nos deixar de bom-humor. Além disso, cantar com os filhos, e desde os primeiros anos, é uma oportunidade de interação positiva e de estimular uma atividade que ajuda no desenvolvimento da linguagem, melhorando a dicção, a memória e a autorregulação.

O ditado já avisa: “quem canta seus males espanta.” E é importante aprender essa lição desde o começo da vida...

 

Notinhas

Cirandeiro foi originalmente composta por Luís Gonzaga. Trata-se de uma ciranda de roda.

Para as crianças, o ritmo provoca o corpo, levando ao movimento e, por isso, panelas, embalagens, grãos, tocos, talheres… Tudo carrega diversas possibilidades sonoras, e as crianças captam com facilidade as características de um objeto.  Nesse sentido, é importante ressaltar que o contato frequente com a música (em casa ou na escola) não está vinculada necessariamente à formação de músicos, mas ao treino e à melhora da oralidade, ao amadurecimento do corpo sensível e à troca de experiências sociais alegres e marcantes para a vida da pessoa.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita