O prazer
e a saúde na alimentação
Laranja na mesa. Bendita
a árvore que te pariu. -
Clarice Lispector
Gosto de frutas e
especialmente de
laranjas, todas me
agradam. Não falta em
minha mesa, e minha
mulher e filho, todos os
dias, depois do almoço,
consomem uma. Quando
temos visita de filhos e
outros amigos não
deixamos também de
servir. É uma tradição
que vem de meus sogros,
José Braghero e dona
Mariquinha.
Deus, que é sábio, em
tudo que fez colocou a
recompensa. E nós somos
livres para escolher. O
nosso amigo Chico Xavier
dizia que ele tinha
descoberto a maneira de
ser mais tranquilo:
“Aprendi a viver só com
o necessário”.
O romancista espanhol
Miguel de Cervantes, que
desencarnou com 68 anos
– minha idade, e eu
espero viver ainda até
82, portanto mais 14
anos –, foi casado com
Catalina, que era mais
nova do que ele 18 anos.
O autor da obra-prima, Dom
Quixote, dizia
sabiamente: “Come pouco
ao almoço e menos ainda
ao jantar, que a saúde
de todo o corpo se
constrói na oficina do
estômago”.
Hoje a ciência
psicológica descobriu
que existe uma imensidão
de compulsões e de
transtornos físicos,
emocionais e mentais.
Com minha experiência há
mais de dez anos em
terapia para recuperação
de dependentes de álcool
e outras drogas, percebo
que, quando internados,
os pacientes se voltam
para o cigarro e a
comida. Um jovem de
dezoito anos chegou a
engordar 30 quilos em
meio ano.
Nas clínicas, para
manter a recuperação,
além do autocontrole,
eles aprendem “os
evites”. Evitem-se
companhias da ativa (de
uso de álcool e outras
drogas), lugares da
ativa, coisas da ativa,
música da ativa. Com a
compulsão por
alimentação, a melhor
forma de controlar a
obesidade e as calorias
é o “evite” também – por
exemplo, manter
distância de
churrascaria e rodízio
de pizza.
Cuidemos bem do nosso
corpo: alimentação
controlada e
diversificada, sono,
exercícios e água, para
uma vida saudável. Nosso
corpo é nosso templo na
Terra, devemos conceder
ao corpo o que lhe é
necessário, para que ele
nos sustente e seja
nosso servidor útil e,
para que, quando
deixarmos a matéria pela
libertação de nossa
alma, possamos
agradecê-lo pela
contribuição à nossa
evolução.
Quem se vicia de
diversas formas, bem
como pela alimentação,
acaba por se tornar
escravo do corpo físico,
que o tiraniza pela
compulsão de não ter
controle. Um corpo
saudável precisa de uma
mente que o alimente com
ideias boas, nobres,
espiritualizadas e com
autocontrole. Por isso,
busquemos motivação para
a nossa alma a cada dia.
Viver é um exercício, e
somos aquilo que
queremos ser. Ao
gostarmos de nós mesmos,
e nos tratarmos bem,
deixamos as portas
abertas para que outras
pessoas também gostem de
nós.
Arnaldo
Divo Rodrigues de
Camargo é diretor da
Editora EME.