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por Jane Martins Vilela

 

Fé ardente


... Triunfareis, se a caridade vos inspirar e se a fé vos sustentar. (Espírito Protetor, em O Evangelho segundo o Espiritismo)


Santo Agostinho, em O Evangelho segundo o Espiritismo, na página “O mal e o remédio”, nos diz que a Terra não é um lugar de alegrias, um paraíso de delícias. Pergunta se a voz do profeta não ressoa mais aos nossos ouvidos e que ele apregoou que haveria choro e ranger de dentes para aqueles que nascessem neste vale de dores.

Pergunta Santo Agostinho que remédio recomendar àqueles que estão atacados de obsessões cruéis e de males cruciantes. Diz ele que um só remédio é infalível: a fé, o olhar para o céu. Comenta que é a fé o remédio certo para o sofrimento, e que ela mostra sempre os horizontes do infinito, diante dos quais se apagam os poucos dias sombrios do presente.

Lembramos o livro Boa Nova, de Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier, quando o autor espiritual comenta que após sua morte Jesus em espírito, redivivo, observava a incompreensão de seus discípulos, como o pastor que contempla seu rebanho desarvorado. Desejava fazer ouvir a sua palavra divina, dentro dos corações atormentados; mas só a fé ardente e o ardente amor conseguem vencer os abismos de sombra entre a Terra e o céu.

Diz ele que foi então, na manhã do terceiro dia, que a pecadora de Magdala se acercou do sepulcro com perfumes e flores. No seu coração estava aquela fé radiosa e pura que o Senhor lhe ensinara e, sobretudo, aquela dedicação divina com que pudera renunciar a todas as paixões que a seduziam no mundo. Maria Magdala ia ao túmulo com amor e só o amor pode realizar os milagres supremos.

Ela ouviu a voz doce e meiga a chamá-la. A mensagem de alegria ressoou na comunidade inteira. Jesus ressuscitara! Levantava-se a fé, renovava-se o amor, morrera a dúvida e reerguera-se o ânimo em todos os espíritos.

Precisamos aumentar nossa fé em Deus, na certeza de que ele nos ampara e que nada acontece sem sua permissão. Precisamos da fé viva e ardente de Maria de Magdala, para que os ânimos se mantenham com esperança.

Os momentos são muito difíceis. Muitos de nossos irmãos de humanidade estão desistindo de viver. Não podemos sucumbir diante da tempestade! Jesus sustenta a embarcação terrena em nome do amor, obedecendo aos desígnios de Deus, o Pai que ele nos ensinou a amar.

É preciso bom ânimo. É preciso coragem.

Lembramos um fato acontecido há seis anos. Um ser muito querido nosso, um médico, que não professava o Espiritismo, deu-nos essa demonstração exemplar de fé, que ainda o move para socorrer os doentes de Covid em sua cidade natal. Só num mês atendeu quatro mil pessoas com essa doença e salvou quase todas, movido por fé e conhecimento médico.

Há seis anos, sua filha mais nova nasceu com um câncer, neuroblastoma. Foi levada em estado difícil para o Hospital de Câncer de Barretos. O caso era gravíssimo. A menina, uma bonequinha linda, enormes olhos azuis, que ainda hoje fulguram em seu rosto de seis anos, emoldurado por uma cabeleira preta. Seu estado era crítico, o fígado enorme sufocava os outros órgãos, internamente. Ele postou para a família: Família, reza! E todos oraram. Em todos os momentos ele dizia, Deus está no comando. Deus está no comando!

Com amparo espiritual e médico, o bebê foi operado. Começou a reagir. Ele esteve ao lado dela o tempo todo. E sempre repetindo que Deus está no comando. A criança foi amparada pela divina bondade e pelos médicos da Terra. Hoje está com seis anos de idade e é muito ligada a seu pai.

Estamos vivendo dores acerbas no mundo. Milhares de médicos e outros profissionais de saúde estão deixando o planeta, com a morte dos corpos, num esforço heroico e anônimo de tentarem salvar vidas. Deus conhece a cada um deles. Por certo, despertados e refeitos, continuarão socorrendo e amparando seus irmãos.

As dores oprimem. São avassaladoras. Muitas famílias partindo com a Covid, muitos amigos e amores se afastando, com a morte. A fé, poderosa e ardente fé, está envolvendo a muitos e sustentando, na certeza da embarcação terrena dirigida pelo mestre Jesus. Ao comando do Senhor, a embarcação chegará serenamente a um porto seguro.

Caminharemos calmamente com fé nas arenas do mundo, nesse aprendizado reencarnatório. Por certo, aprenderemos muito e cresceremos. Por ora e para sempre, a fé deve estar ativa em nossos corações. Não percamos as esperanças. Mantenhamos a chama viva da fé acesa em nossos corações e continuemos a orar uns pelos outros, na certeza de que nosso Pai ouvirá nossos apelos.

Fiquemos em paz. Deus está no comando! Tenhamos tranquilidade e confiança! Estamos amparados!
 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita