Educar e disciplinar os filhos
Cérebros brilhantes também podem produzir grandes
sofrimentos. É preciso educar os corações.
Dalai Lama
Quem dirá que educar é fácil?
Aprender a educar e a disciplinar os filhos é realmente
um dos maiores desafios dos pais. E como todo desafio,
exige dedicação, atenção, esforço.
O filho errou? Considerar castigá-lo é, no geral,
ineficiente. E isso porque o castigo serve para quem
aplica, mas o filho não aprende nada.
Qual é o papel dos pais? Quando o filho comete um erro,
os pais podem ajudá-lo a fazer uma autocrítica do seu
comportamento, considerando a natureza e as
consequências do seu erro. No caso de uma mentira, por
exemplo. E dar tempo para que ele próprio seja capaz de
refletir sobre o que fez. Depois, orientá-lo sobre como
reparar o dano, e para ir tomando consciência a respeito
de ato e consequência.
Quando o pai ou a mãe vê o filho empurrar uma outra
criança no parquinho, um exemplo de resolução de
problema: “Você empurrou o amiguinho. Mas, o que pode
fazer agora?” Assumir essa atitude põe o adulto ao lado
da criança. E essa relação de proximidade e confiança,
por sua vez, instiga, desde cedo, a criança a
considerar a natureza do próprio erro e a solucionar o
problema, ou seja, a lidar com os equívocos, no lugar de
julgar os outros ou querer buscar culpados. O foco aqui
está, portanto, na solução.
Em vez de punições descabidas, os filhos precisam de
práticas educativas que reforcem um comportamento moral,
como aprender sobre honestidade, justiça, gentileza,
empatia, espírito cooperativo.
A ideia de uma família funcional implica o filho, desde
o começo da vida, poder expressar sua opinião e ser
ouvido. Ele tem direitos e obrigações. Pois ser filho
não significa poder tudo, sem limites. O direito de
participação, de convivência, pressupõe também o
respeito pelos demais.
Diálogo é requisito fundamental no cotidiano familiar.
Os adultos precisam avaliar se se comportam de maneira
adequada, pois a autorreflexão é essencial para aquele
que busca ser um bom pai ou uma boa mãe. Educar é, de
fato, trabalhoso. Envolve, para o pai, para a mãe, para
quem educa a criança, o trabalho consigo mesmo e a
disposição diária frente ao filho e suas necessidades. O
exemplo, portanto, é fundamental.
Três equívocos que pais e mães cometem ao disciplinar os
filhos:
1 - Usar
o medo como ameaça
O medo nunca é ferramenta educativa, pois ele não serve
para estimular uma criança aprender o que ela deve ou
não fazer. Além disso, educar pelo medo produz um ser
humano pouco resiliente e debilmente autônomo.
2 - Impor
punições ilógicas ou desproporcionais
A depender do erro do filho, e de modo impulsivo, muitos
pais impõem punições desproporcionais ou descabidas ao
comportamento da criança ou do adolescente: “você só irá
ao parquinho no fim do ano”; “você ficará três meses sem
jogar videogame”; “você nunca mais vai tomar sorvete”
etc. Essas punições fantasiosas não ajudam a criança a
se tornar obediente porque jamais serão cumpridas – os
pais acabarão levando o filho ao parque antes do
prometido; a criança certamente voltará a tomar sorvete
etc.
3 - Gritos
Quando você grita com seu filho ele não ouve o que você
“está dizendo” (e isso porque, no início da experiência
com os gritos, ele sente medo). Se o grito é usado com
frequência, com o tempo a criança/adolescente passará a
não reagir a eles. Os gritos se tornam inócuos e, pior,
poderão ser aprendidos, pois, na hora de educar, o
modelo inspira mais do que o discurso…
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