Tema: Honestidade
A semente da verdade
Era uma vez um menino que gostava muito de plantas. Ele
era muito dedicado e havia aprendido com seu avô a
cuidar bem delas. Eles costumavam trabalhar juntos no
jardim, que era grande, bonito e com plantas de todos os
tipos.
Eles moravam em um reino governado por um rei justo e
bom, que não tinha filhos nem outros herdeiros e se
preocupava em encontrar uma boa pessoa para ser seu
sucessor.
Um dia o rei mandou chamar as crianças do reino que
tivessem idade suficiente para realizarem a tarefa que
iriam receber. O menino jardineiro foi uma das crianças
que compareceram ao palácio na data marcada.
O rei, recebendo-as, atencioso, explicou:
– Preciso escolher um herdeiro para o trono. Decidi que
o meu sucessor será aquele de vocês que melhor realizar
a tarefa que vou lhes propor.
Cada um dos meninos, então, entusiasmados, receberam uma
semente que deveria ser cultivada por um ano. Depois
desse prazo, as crianças deveriam comparecer novamente
ao palácio e apresentar ao rei o resultado de seus
cuidados e as lições aprendidas durante a execução da
tarefa.
O coraçãozinho do menino se encheu de esperança, pois
ele sabia que era um excelente jardineiro e que tinha
boas chances de sair bem.
Chegando em casa ele preparou um vaso com boa terra,
plantou a semente, pôs adubo, não deixou faltar água nem
sol e passou a cuidar dela todos os dias. Mas, apesar de
sua dedicação, o tempo passou e a semente não brotou.
O menino fez tudo o que pôde durante um ano inteiro. Ele
não desistiu de cuidar da semente durante todo o tempo,
mas não obteve o resultado que gostaria.
No dia de se apresentar ao rei o menino sentia-se
envergonhado e não queria ir. Mas seu avô o encorajou
dizendo:
– Meu neto, você se dedicou bastante. Conte ao rei a
verdade. Leve o vaso com a semente que não brotou e
conte tudo o que você fez por ela. Você não deve sentir
vergonha se fez o seu melhor.
O avô acompanhou o neto até o palácio, onde já se
encontravam muitas crianças com seus vasos. Todos eles
com lindas plantas de folhagens viçosas e flores de rara
beleza.
Uma enorme fila se formou para conversar com o rei. O
menino, entristecido, se colocou no final da fila.
O rei foi chamando as crianças e conversando com elas.
Ele não sorria nem demonstrava contentamento. O menino
pensava: “Imagine quando ele vir o meu vaso, então”.
Quando chegou sua vez, o menino estava nervoso. Com
dificuldade falou:
– Senhor, eu sou um bom jardineiro e me dediquei
bastante. Fiz tudo o que pude e perseverei até o último
dia. Apesar disso, como o senhor pode ver, minha semente
não brotou. Não tenho nada para lhe entregar a não ser a
verdade do que se passou. Estou envergonhado e peço seu
perdão.
O rei sorriu, foi até o menino e abraçou-o dizendo:
– Não se envergonhe nem peça perdão, minha criança. O
que você cultivou foi a semente da verdade. E foi só ela
que eu vi brotar hoje aqui. Todas as sementes que foram
distribuídas foram antes queimadas. Não poderiam ter-se
transformado nas lindas flores que as outras crianças
trouxeram. Algumas vezes a verdade não é tão bonita como
uma flor, mas precisamos encará-la com coragem, com você
fez. Você será o meu herdeiro!
O menino passou a frequentar o palácio e quando se
tornou rei governou com muita sabedoria. Ele e todo o
reino nunca esqueceram aquela lição de honestidade e
coragem que receberam com a semente da verdade.
(Adaptação de um texto de Patrícia Engel
Secco.)