Brasil
por Ana Moraes

Ano 15 - N° 733 - 8 de Agosto de 2021

Instituição Beneficente Nosso Lar, 75 anos servindo à comunidade


Num dia como hoje, 8 de agosto, foi fundada a Instituição Beneficente Nosso Lar, também conhecida pela sigla IBNL.

Corria o ano de 1946 quando um grupo de pessoas, sob a liderança das senhoras Maria Augusta Ferreira Puhlmann e Nair Ambra Ferreira, decidiu criar uma associação para atendimento e defesa de crianças órfãs ou abandonadas.

Durante 20 anos a Instituição funcionou em uma residência que acolheu e educou centenas de crianças até poderem conduzir suas próprias vidas.

Um fato inusitado, ocorrido no ano de 1966, mudaria, porém, os rumos de atuação da Instituição. É que em determinada manhã foi deixado na porta da IBNL um bebê recém-nascido com lesão cerebral. A criança viveu na instituição por dois meses, vindo a falecer em seguida devido a um quadro grave de cardiopatia congênita.

O acontecimento inspirou a diretoria da IBNL a repensar seus objetivos sociais, com o que ela passou desde então a atuar no atendimento de habilitação e reabilitação para pessoas com deficiência em todos os ciclos de vida, sem alojamento, com vistas a priorizar o fortalecimento dos vínculos afetivos da família. Assim, já no ano seguinte, em 1967, iniciou-se a fase de transição para adaptação estrutural e preparação da equipe de recursos humanos.

De lá até este momento, 54 anos se passaram, nos quais a IBNL vem atuando sem interrupção no Atendimento de Habilitação e Reabilitação para Pessoas com Deficiência Intelectual e/ou Múltiplas e de suas Famílias.

Detentora do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, expedido pelo Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social e Agrário, a IBNL presta o atendimento às pessoas com necessidades especiais e às suas famílias, de forma gratuita, continuada, permanente e planejada,  por meio dos seus serviços, programas e projetos, sem qualquer tipo de discriminação de credo político, religioso, social e de qualquer outra espécie, dando prioridade aos atendidos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, como reza o art. 4º do Estatuto Social da IBNL.

 

Como tudo começou segundo Nancy Puhlmann

 

Filha de Oscar Puhlmann e de Maria Augusta Ferreira Puhlmann, uma das fundadoras
da Instituição, Nancy Puhlmann Di Girolamo (foto), então enfermeira com especialização em Enfermagem Neuropediátrica, socióloga com mestrado em Antropologia Cultural e jornalista formada pela Escola de Jornalismo Cásper Líbero, dedicou sua vida e seus conhecimentos à IBNL, tendo sido ela quem desenvolveu o Método DIPCE – Desenvolvimento Integral das Potencialidades da Criança Excepcional, aplicado na IBNL, na qual, além de membro do Conselho orientador, coordenou as equipes interdisciplinares para o tratamento biopsicosocioespiritual de bebês, crianças e jovens com deficiência.

Em entrevista à Folha Espírita, publicada em 2009, Nancy contou como nasceu a IBNL e de que forma ocorreu seu engajamento no trabalho proposto:

“Em 8 de agosto de 1946, minha mãe e Nair Ambra Ferreira fundaram a Instituição Beneficente Nosso Lar, iniciando o pavilhão destinado à assistência e educação de crianças órfãs e abandonadas. Eu as acompanhei. Em 1966 foi colocado na porta da instituição um bebê recém-nascido, portador de grave lesão cerebral, rejeitado pela família. Havia um cartão dizendo: ‘Mãe desesperada conta com vocês’. O menino viveu dois meses antes de desencarnar. Nosso Lar sentiu-se convidado a iniciar um trabalho a favor de crianças com paralisias cerebrais e, ao mesmo tempo, iniciar estudos e projetos para evitar rejeições, utilizando as teses espíritas sobre a importância das reencarnações difíceis na Terra, como processos evolutivos. Como enfermeira especializada em Enfermagem Neuropediátrica, busquei conhecimentos sobre lesões cerebrais, vindo a realizar cursos sobre o então ousadíssimo título de Reorganização Neurológica, na cidade de Filadélfia, Estado da Pensilvânia (EUA), que me forneceu bases para criar o Método DIPCE, adaptado para a realidade brasileira.”

Grupo de pessoas com necessidades especiais
atendidas pela Instituição

Sobre o Método DIPCE, na mesma entrevista, ela assim se manifestou:

“O Método DIPCE, em princípio, destinou-se a uma assistência terapêutica, oferecida gratuitamente a crianças portadoras de lesões cerebrais. Aconteceu que, em 1967, tive minha segunda filha, nascida com Síndrome de Down. Então acrescentamos os Downs nesse programa. E, anos depois, aos 17 anos, meu filho mais velho ficou tetraplégico após acidente esportivo, motivando a inclusão de deficiências motoras dentro de uma ampliação do Método DIPCE. Tanto Florence como Fabiano, meus filhos com deficiência, estão plenamente reabilitados e incluídos na vida social, estando ambos envolvidos nos programas de defesa dos direitos, profissionalizados e social e moralmente ajustados e felizes.”

Autora de vários livros, são de Nancy Puhlmann as obras As Aves Feridas na Terra Voam, O Castelo das Aves Feridas É Preciso Saber Viver, que os amantes da boa literatura espírita não podem deixar de ler.

Fachada da Instituição Beneficente Nosso Lar

 

Nota da Redação:

Para saber mais sobre o trabalho realizado pela Instituição Beneficente Nosso Lar, clique aqui

 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita