Diante do destino
Todos nós, quando encarnados na Terra, estamos
inelutavelmente enlaçados a certas obrigações, entre o
passado e o porvir.
Por isso mesmo, o presente figurar-se-nos-á por estação
proveitosa à execução daquele ou desse dever,
condizentes com as necessidades que nos caracterizam na
marcha evolutiva quando não se refiram à nossa
regeneração pura e simples.
Temos, assim, não somente os prisioneiros do cárcere que
cumprem no mundo determinadas sentenças exaradas pela
justiça terrestre, mas também os prisioneiros das
profissões e dos institutos domésticos, das teias da
consanguinidade e das representações de caráter público,
tanto quanto aqueles que se demoram nas grades do
obstáculo e do infortúnio, da enfermidade e da
frustração.
Todos, porém, nessas circunstâncias, desfrutamos o
direito de decidir.
Ainda mesmo sob os impedimentos e flagelações do
remorso, o delinquente que expia a culpa pode usar a
obediência e a humildade para desagravar a própria
situação, qual ocorre ao paralítico, parafusado ao catre
que o desfigura, que pode manejar a paciência e a
conformação, adquirindo, nos outros, a bênção da
simpatia.
Não nos cabe olvidar que, se no campo do mundo todo
tempo serve como ensejo de reajuste, todo dia pode ser o
marco de início a preciosas realizações no reino da
iniciativa.
Cada hora na vida é recurso potencial para a criação de
novos destinos.
Entendendo que apenas o dever cumprido resgata-nos os
débitos, não nos esqueçamos de que pelo serviço
espontâneo, além do quadro das nossas justas obrigações,
todos conseguimos sublimar o próprio livre-arbítrio,
atendendo ao melhor nos passos do caminho, e traçando,
felizes, a áurea senda do amor, à luz do sacrifício que
nos transportará das trevas do passado para o Sol do
futuro.
Do livro Linha 200, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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