Muitas vidas: aprendizado eterno
Há algum tempo, publiquei três textos com reflexões
sobre a importância das comprovações científicas que
alguns estudiosos estrangeiros contemporâneos, ao
longo de muitos anos de estudo e pesquisa, vêm
publicando. Para eles, como para nós, que estudamos
e divulgamos o Espiritismo, além de observarmos
experimentalmente a realidade dos fenômenos
mediúnicos há quase cinco décadas, não há mais
dúvidas sobre a realidade da sobrevivência do
espírito após a morte e seu retorno em novos corpos
para a ascensão eterna rumo à perfeição.
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Comecei expondo sobre o que foi comprovado pelo dr.
Brian Weiss que, entre outras obras sobre a
imortalidade do Espírito, publicou: Muitas Vidas,
Muitos Mestres. No Brasil, a obra foi editada
pelas editoras Salamandra e Sextante.
Weiss doutorou-se em medicina em 1970, em
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Yale, EUA, depois, foi professor e diretor
na área de psiquiatria.
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O caso que inicia narrando ocorreu com
sua paciente chamada Catherine, na época (1980), com
27 anos, que chegou ao seu consultório aterrorizada
e deprimida.
Após 18 meses de acompanhamento de sua paciente,
sem resultados positivos pelos métodos tradicionais,
Brian tentou a hipnose.
Foi quando, para assombro dele, sua paciente passou
a relatar-lhe acontecimentos ocorridos em existência
anterior dela. Esses fatos estavam relacionadas à
causalidade de seus sintomas atuais.
Após algum tempo, Catherine passou a incorporar
entidades espirituais que, segundo relato de Brian
Weiss, possuíam grande evolução. Com elas, veio a
conhecer diversos segredos da vida e da morte. Eis o
que ele diz, no prefácio de seu livro:
Durante anos de estudo disciplinado, fui treinado
para pensar como cientista e médico, moldando-me aos
estreitos caminhos do conservadorismo na minha
profissão. Desconfiava de tudo que não se pudesse
provar por métodos científicos tradicionais. Sabia
dos estudos de parapsicologia que estavam sendo
feitos nas principais universidades do país, mas
eles não despertavam meu interesse. Pareciam-me
muito artificiais (WEISS, 1998, p. 14).
Diz o dr. Brian Weiss que a medicina psiquiátrica
está repleta de teorias sobre o que ocorre na mente
humana para lá de nossa compreensão. Uma delas é a
de Carl Jung sobre o "inconsciente coletivo", que
nos permitiria o acesso às memórias de toda a raça
humana. Ou seja, apesar de todo o meu respeito a
Jung, não faltam ideias para explicar o que não tem
explicação para quem presencia o fenômeno. Por isso
Kardec afirmou, com sabedoria, que o Espiritismo é
ciência de observação e também de experimentação.
O leitor inconformado de que tudo termina nesta
breve existência é motivado a continuar a leitura
desse e de outros livros similares após ler a
seguinte informação:
Os cientistas estão começando a procurar essas
respostas. Enquanto sociedade, temos muito a ganhar
com as pesquisas sobre os mistérios da mente, da
alma, da continuação da vida após a morte, e da
influência das experiências de vidas passadas no
nosso comportamento atual. É óbvio que as
ramificações são ilimitadas, principalmente nos
campos da medicina, psiquiatria, teologia e
filosofia.
A pesquisa cientificamente rigorosa nesta área,
contudo, está engatinhando. Há alguns progressos
nessas investigações, mas o processo é lento e
esbarra na resistência de cientistas e leigos.
Em toda a história, a humanidade tem resistido às
mudanças e à aceitação de novas ideias. A tradição
histórica está repleta de exemplos. Quando Galileu
descobriu as luas de Júpiter, os astrônomos da época
recusaram-se a aceitar ou até mesmo olhar esses
satélites, porque a existência deles era
incompatível com as suas crenças. O mesmo acontece
com os psiquiatras e outros terapeutas, que se
recusam a examinar e avaliar o número considerável
de provas acerca da sobrevivência após a morte
física e de lembranças de vidas passadas. Seus olhos
permanecem firmemente cerrados (WEISS, 1991, p. 15).
Tudo isso, que Brian Weiss e outros cientistas
atuais vêm investigando, já vem sendo revelado à
humanidade há muito tempo. Começou na antiguidade,
mas acentuou-se no século XIX, principalmente após a
extraordinária obra coletada por Allan Kardec, que
lhe foi transmitida por diversos médiuns. Muita
coisa ainda está prevista para acontecer, como o
retorno das materializações e outras manifestações
de Espíritos, semelhantes às que tivemos por meio de
médiuns como Daniel Dunglas Home, Kate Fox, Charles
Edward Williams, Florence Cook, Anne Eva Fay,
citadas por Pugliese em seu livro Daniel Dunglas
Home: o médium voador (EBM Editora, 2013, p.
158), e ainda, de Samuel Nunes Magalhães, Anna
Prado, a Mulher que Falava com os Mortos. Os
fenômenos de cura e mediúnicos converteram o judeu
Frederico Fígner ao Espiritismo. Fígner pôde
conversar com o Espírito materializado de sua filha
Ester, desencarnada na adolescência.
Nunca me esqueço da leitura que fiz de jornais e
revistas cariocas arquivados na Biblioteca de Obras
Raras da Federação Espírita Brasileira, há cerca de
30 anos. Ali, estampavam-se matérias com títulos
como: "César Lombroso diz que o Espiritismo é Coisa
de Loucos", ou: "César Lombroso Ridiculariza o
Espiritismo". Até que, algum tempo depois, era
estampado, justiça seja feita, com o mesmo destaque:
"César Lombroso Converte-se ao Espiritismo". O
relato desse psiquiatra espírita sobre sua conversão
pode ser encontrado em sua obra intitulada Hipnotismo
e Mediunidade, publicada pela Federação Espírita
Brasileira. Os fenômenos com a médium napolitana
Eusápia Paladino foram tão impressionantes e
convincentes, que Lombroso se arrependeu de
ter zombado do Espiritismo (op. cit., p. 38).
Também... quem não se converteria ao Espiritismo,
após conversar com a própria mãe, desencarnada e
materializada a sua frente? Por falta de espaço, não
entrarei em detalhes, mas convido o leitor a ler
também essa obra.
Para quem deseja aprofundar seus conhecimentos sobre
a materialização de Espíritos, sem receio de ser
considerado louco ou mentiroso, outras informações
poderão ser obtidas nas obras citadas e, ainda, em Charles
Richet: o apóstolo da Ciência e o Espiritismo.
A reencarnação confirmada...
Foi publicada na internet a informação de Gregório
Faria sobre a crença em ideologias que, mesmo sendo
reiteradas vezes um fracasso, persistem em ser
levadas a sério por diversos acadêmicos. Faria cita
Yuval Harari, o qual, no seu livro Sapiens,
afirma que o ser humano teria sido, noutras
palavras, programado para crer. Quando isso
não ocorre, o vazio deixado pela crença religiosa é
ocupado por ideologia que se torna fé a ser
defendida com fanatismo irracional.
No caso da crença espírita, um dos países mais
refratários à lei natural da reencarnação foram os
Estados Unidos. Curiosamente, nesse tempo em que as
ideologias ocupam seus espaços nas universidades, é
de lá, da chamada terra do Tio Sam, que têm vindo as
pesquisas e relatos mais contundentes sobre a lei
do retorno. Infelizmente essas pesquisas, mesmo
tendo sido realizadas por pessoas sérias, são
menosprezadas pelos adeptos das ideologias humanas
que insistem em afirmar que "viemos do pó e ao pó
voltaremos" no seu sentido literal.
Nada disso nos deve preocupar. A luz brilhará para
todos...
Jesus foi enfático ao dizer: "Conhecereis a verdade,
e a verdade vos libertará". O ser humano ainda está
na infância espiritual, se considerarmos que a Terra
possui em torno de 4,5 bilhões de anos e aqui só
iniciamos nossa jornada há aproximadamente trezentos
mil anos. Mas há milênios vimos recebendo as
orientações sobre nossa natureza espiritual pelos
enviados divinos, chamados profetas ou messias, como
Krishna, Buda, Confúcio, Moisés, Isaías, Sócrates e,
por fim, o maior de todos eles, por ter sido
encarregado por Deus de presidir à organização da
vida na Terra: Jesus Cristo.
Se não houvesse a reencarnação, a evolução
intelectual e moral desses Espíritos, sempre muito
superior às dos seus contemporâneos, e mesmo ainda
hoje, não teria explicação somente pelas leis da
matéria. E por que ainda há tantas pessoas
asselvajadas no mundo? Perguntará o leitor. Porque a
maioria de nós ainda está na infância espiritual,
conforme dissemos acima. Só os que se esforçam em
superar o instinto animal com base nas qualidades do
espírito: conhecimento e amor, avançam em direção ao
Reino dos Céus, conforme Jesus deixou bem claro em
seu Evangelho.
Já falamos de Brian Weiss, agora, vamos começar pela
americana Jenny Cockell que nunca se esqueceu sua
encarnação anterior noutro país. Ela se recordava,
desde criança, do nome e formato da igreja da
cidade, das suas ruas, do comércio, da casa e do
nome dos familiares da existência anterior, alguns
destes ainda vivos. Quando adulta, as lembranças
persistiram e ela resolveu conferir, na cidade de
Malahide, na Irlanda, onde nunca estivera, se isso
não seriam fantasias. Ali, todas as suas recordações
corresponderam ao que viu, inclusive os familiares
da existência passada que ainda viviam.
Sua história, apenas mais uma dentre inúmeras
outras, confirmadas por cientistas responsáveis,
inspirou filme, e a Federação Espírita Brasileira
publicou seus relatos na obra Minha Vida em Outra
Vida. E nós diríamos: haverá coisa mais
importante, para o incentivo ao nosso progresso
intelectual e moral do que adquirir a certeza de que
somos imortais e de que fomos criados para ser
felizes? Por saber disso é que Jesus nos recomendou:
Sede perfeitos!...
Casos confirmados sobre reencarnações
Não vale transmitir tão somente aquilo que venha às
nossas mãos, através da misericórdia dos benfeitores
encarnados e desencarnados. É indispensável dar de
nós mesmos, com plena adesão de nossa mente no labor
do bem. Agar
(Espírito). Cartas do Coração. Psicografado
por Chico Xavier.
Cito, por fim, neste trabalho, algumas obras com
relatos de atuais cientistas que comprovaram em
pesquisas minuciosas, realizadas em várias partes do
mundo, a existência da reencarnação.
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O fundador das pesquisas científicas
modernas sobre a reencarnação foi o doutor
Ian Stevenson, nascido em Montreal, Canadá,
em 1918 e desencarnado em
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Virgínia, EUA, em 2007, onde foi cientista e
professor universitário.
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Suas pesquisas enfocavam o
relacionamento da mente com o cérebro, a continuação
da vida após a morte e a reencarnação. O objeto de
seus estudos eram crianças com memórias espontâneas
de vidas passadas.
Stevenson, inicialmente, fez pesquisas na Índia e no
Sri Lanka. Anos depois, foi patrocinado para
prosseguir seus trabalhos em diversos países, como
África do Sul, Índia, Líbano, Turquia, Brasil etc.
As crianças pesquisadas eram as que, na idade de 2 a
4 anos, se lembravam de sua encarnação anterior.
Como elementos comprobatórios, Stevenson registrou
testemunhos familiares, registros médicos de sinais
de nascença, defeitos físicos etc.
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Dos mais de 600 casos pesquisados, publicou
vinte, que considerou não haver dúvida sobre
o que foi observado e confirmado. |
Sempre cauteloso, porém,
intitulou a obra como Vinte Casos Sugestivos de
Reencarnação.
Para não tornar cansativo o relato, vou citar apenas
outros dois autores norte-americanos e suas obras
sobre o assunto: o psiquiatra Jim B. Tucker, que
escreveu Vida Antes da Vida, obra traduzida
pela Editora Pensamento, e a psicóloga, terapeuta e
educadora Helen Wambach, que documentou mais de mil
casos de pessoas que se lembravam de suas vidas anteriores
e publicou a obra Recordando Vidas Passadas,
editada no Brasil também pela Editora Pensamento.
Referências:
COCKEL, Jenny. Minha Vida em Outra
Vida. Tradução de Fernando Bezerra de Brito.
Brasília: FEB, 2021.
HARARI, Yuval Noah. Sapiens — Uma
breve história da humanidade. Tradução de
Janaína Marcoantonio. 8. ed. Porto Alegre, RS: L&PM,
2015.
LOMBROSO, César. Hipnotismo e
Mediunidade. Tradução de Almerindo Martins de
Castro. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1971.
PUGLIESE, Adilton (org.). Daniel
Dunglas Home: o médium voador. Santo André, SP:
EBM Editora, 2013.
MAGALHÃES, Samuel. Anna Prado, a
mulher que falava com os mortos. Brasília:
Federação Espírita Brasileira, 2012.
STEVENSON, Ian. Vinte Casos
Sugestivos de Reencarnação. 2. ed. São Paulo:
Difusora Cultural, 1973.
TUCKER, Jim B. Vida Antes da Vida.
São Paulo: Pensamento, 2011.
WAMBACH, Helen. Recordando Vidas
Passadas. São Paulo: Pensamento, 1999.
WEISS, Brian L. Muitas vidas,
muitos mestres. Tradução de Talita M. Rodrigues.
22. ed. Rio de Janeiro: Salamandra, 1991.