Brasil
por Jorge Leite de Oliveira

Ano 15 - N° 736 - 29 de Agosto de 2021

Muitas vidas: aprendizado eterno


Há algum tempo, publiquei três textos com reflexões sobre a importância das comprovações científicas que alguns estudiosos estrangeiros contemporâneos, ao longo de muitos anos de estudo e pesquisa, vêm publicando. Para eles, como para nós, que estudamos e divulgamos o Espiritismo, além de observarmos experimentalmente a realidade dos fenômenos mediúnicos há quase cinco décadas, não há mais dúvidas sobre a realidade da sobrevivência do espírito após a morte e seu retorno em novos corpos para a ascensão eterna rumo à perfeição.

Comecei expondo sobre o que foi comprovado pelo dr. Brian Weiss que, entre outras obras sobre a imortalidade do Espírito, publicou: Muitas Vidas, Muitos Mestres. No Brasil, a obra foi editada pelas editoras Salamandra e Sextante.
Weiss doutorou-se em medicina em 1970, em
Yale, EUA, depois, foi professor e diretor na área de psiquiatria.

O caso que inicia narrando ocorreu com sua paciente chamada Catherine, na época (1980), com 27 anos, que chegou ao seu consultório aterrorizada e deprimida.

Após 18 meses de acompanhamento de sua paciente, sem resultados positivos pelos métodos tradicionais, Brian tentou a hipnose.

Foi quando, para assombro dele, sua paciente passou a relatar-lhe acontecimentos ocorridos em existência anterior dela. Esses fatos estavam relacionadas à causalidade de seus sintomas atuais.

Após algum tempo, Catherine passou a incorporar entidades espirituais que, segundo relato de Brian Weiss, possuíam grande evolução. Com elas, veio a conhecer diversos segredos da vida e da morte. Eis o que ele diz, no prefácio de seu livro:

 

Durante anos de estudo disciplinado, fui treinado para pensar como cientista e médico, moldando-me aos estreitos caminhos do conservadorismo na minha profissão. Desconfiava de tudo que não se pudesse provar por métodos científicos tradicionais. Sabia dos estudos de parapsicologia que estavam sendo feitos nas principais universidades do país, mas eles não despertavam meu interesse. Pareciam-me muito artificiais (WEISS, 1998, p. 14).

 

Diz o dr. Brian Weiss que a medicina psiquiátrica está repleta de teorias sobre o que ocorre na mente humana para lá de nossa compreensão. Uma delas é a de Carl Jung sobre o "inconsciente coletivo", que nos permitiria o acesso às memórias de toda a raça humana. Ou seja, apesar de todo o meu respeito a Jung, não faltam ideias para explicar o que não tem explicação para quem presencia o fenômeno. Por isso Kardec afirmou, com sabedoria, que o Espiritismo é ciência de observação e também de experimentação.

O leitor inconformado de que tudo termina nesta breve existência é motivado a continuar a leitura desse e de outros livros similares após ler a seguinte informação:

 

Os cientistas estão começando a procurar essas respostas. Enquanto sociedade, temos muito a ganhar com as pesquisas sobre os mistérios da mente, da alma, da continuação da vida após a morte, e da influência das experiências de vidas passadas no nosso comportamento atual. É óbvio que as ramificações são ilimitadas, principalmente nos campos da medicina, psiquiatria, teologia e filosofia.

A pesquisa cientificamente rigorosa nesta área, contudo, está engatinhando. Há alguns progressos nessas investigações, mas o processo é lento e esbarra na resistência de cientistas e leigos.

Em toda a história, a humanidade tem resistido às mudanças e à aceitação de novas ideias. A tradição histórica está repleta de exemplos. Quando Galileu descobriu as luas de Júpiter, os astrônomos da época recusaram-se a aceitar ou até mesmo olhar esses satélites, porque a existência deles era incompatível com as suas crenças. O mesmo acontece com os psiquiatras e outros terapeutas, que se recusam a examinar e avaliar o número considerável de provas acerca da sobrevivência após a morte física e de lembranças de vidas passadas. Seus olhos permanecem firmemente cerrados (WEISS, 1991, p. 15).

 

Tudo isso, que Brian Weiss e outros cientistas atuais vêm investigando, já vem sendo revelado à humanidade há muito tempo. Começou na antiguidade, mas acentuou-se no século XIX, principalmente após a extraordinária obra coletada por Allan Kardec, que lhe foi transmitida por diversos médiuns. Muita coisa ainda está prevista para acontecer, como o retorno das materializações e outras manifestações de Espíritos, semelhantes às que tivemos por meio de médiuns como Daniel Dunglas Home, Kate Fox, Charles Edward Williams, Florence Cook, Anne Eva Fay, citadas por Pugliese em seu livro Daniel Dunglas Home: o médium voador (EBM Editora, 2013, p. 158), e ainda, de Samuel Nunes Magalhães, Anna Prado, a Mulher que Falava com os Mortos. Os fenômenos de cura e mediúnicos converteram o judeu Frederico Fígner ao Espiritismo. Fígner pôde conversar com o Espírito materializado de sua filha Ester, desencarnada na adolescência.

Nunca me esqueço da leitura que fiz de jornais e revistas cariocas arquivados na Biblioteca de Obras Raras da Federação Espírita Brasileira, há cerca de 30 anos. Ali, estampavam-se matérias com títulos como: "César Lombroso diz que o Espiritismo é Coisa de Loucos", ou: "César Lombroso Ridiculariza o Espiritismo". Até que, algum tempo depois, era estampado, justiça seja feita, com o mesmo destaque: "César Lombroso Converte-se ao Espiritismo". O relato desse psiquiatra espírita sobre sua conversão pode ser encontrado em sua obra intitulada Hipnotismo e Mediunidade, publicada pela Federação Espírita Brasileira. Os fenômenos com a médium napolitana Eusápia Paladino foram tão impressionantes e convincentes, que Lombroso se arrependeu de ter zombado do Espiritismo (op. cit., p. 38).

Também... quem não se converteria ao Espiritismo, após conversar com a própria mãe, desencarnada e materializada a sua frente? Por falta de espaço, não entrarei em detalhes, mas convido o leitor a ler também essa obra.

Para quem deseja aprofundar seus conhecimentos sobre a materialização de Espíritos, sem receio de ser considerado louco ou mentiroso, outras informações poderão ser obtidas nas obras citadas e, ainda, em Charles Richet: o apóstolo da Ciência e o Espiritismo.

 

A reencarnação confirmada...

 

Foi publicada na internet a informação de Gregório Faria sobre a crença em ideologias que, mesmo sendo reiteradas vezes um fracasso, persistem em ser levadas a sério por diversos acadêmicos. Faria cita Yuval Harari, o qual, no seu livro Sapiens, afirma que o ser humano teria sido, noutras palavras, programado para crer. Quando isso não ocorre, o vazio deixado pela crença religiosa é ocupado por ideologia que se torna fé a ser defendida com fanatismo irracional.

No caso da crença espírita, um dos países mais refratários à lei natural da reencarnação foram os Estados Unidos. Curiosamente, nesse tempo em que as ideologias ocupam seus espaços nas universidades, é de lá, da chamada terra do Tio Sam, que têm vindo as pesquisas e relatos mais contundentes sobre a lei do retorno. Infelizmente essas pesquisas, mesmo tendo sido realizadas por pessoas sérias, são menosprezadas pelos adeptos das ideologias humanas que insistem em afirmar que "viemos do pó e ao pó voltaremos" no seu sentido literal.

Nada disso nos deve preocupar. A luz brilhará para todos...

Jesus foi enfático ao dizer: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". O ser humano ainda está na infância espiritual, se considerarmos que a Terra possui em torno de 4,5 bilhões de anos e aqui só iniciamos nossa jornada há aproximadamente trezentos mil anos. Mas há milênios vimos recebendo as orientações sobre nossa natureza espiritual pelos enviados divinos, chamados profetas ou messias, como Krishna, Buda, Confúcio, Moisés, Isaías, Sócrates e, por fim, o maior de todos eles, por ter sido encarregado por Deus de presidir à organização da vida na Terra: Jesus Cristo.

Se não houvesse a reencarnação, a evolução intelectual e moral desses Espíritos, sempre muito superior às dos seus contemporâneos, e mesmo ainda hoje, não teria explicação somente pelas leis da matéria. E por que ainda há tantas pessoas asselvajadas no mundo? Perguntará o leitor. Porque a maioria de nós ainda está na infância espiritual, conforme dissemos acima. Só os que se esforçam em superar o instinto animal com base nas qualidades do espírito: conhecimento e amor, avançam em direção ao Reino dos Céus, conforme Jesus deixou bem claro em seu Evangelho.

Já falamos de Brian Weiss, agora, vamos começar pela americana Jenny Cockell que nunca se esqueceu sua encarnação anterior noutro país.  Ela se recordava, desde criança, do nome e formato da igreja da cidade, das suas ruas, do comércio, da casa e do nome dos familiares da existência anterior, alguns destes ainda vivos.  Quando adulta, as lembranças persistiram e ela resolveu conferir, na cidade de Malahide, na Irlanda, onde nunca estivera, se isso não seriam fantasias. Ali, todas as suas recordações corresponderam ao que viu, inclusive os familiares da existência passada que ainda viviam.

Sua história, apenas mais uma dentre inúmeras outras, confirmadas por cientistas responsáveis, inspirou filme, e a Federação Espírita Brasileira publicou seus relatos na obra Minha Vida em Outra Vida. E nós diríamos: haverá coisa mais importante, para o incentivo ao nosso progresso intelectual e moral do que adquirir a certeza de que somos imortais e de que fomos criados para ser felizes? Por saber disso é que Jesus nos recomendou: Sede perfeitos!...

 

Casos confirmados sobre reencarnações

 

Não vale transmitir tão somente aquilo que venha às nossas mãos, através da misericórdia dos benfeitores encarnados e desencarnados. É indispensável dar de nós mesmos, com plena adesão de nossa mente no labor do bem. Agar (Espírito). Cartas do Coração. Psicografado por Chico Xavier.

   

Cito, por fim, neste trabalho, algumas obras com relatos de atuais cientistas que comprovaram em pesquisas minuciosas, realizadas em várias partes do mundo, a existência da reencarnação.

O fundador das pesquisas científicas modernas sobre a reencarnação foi o doutor Ian Stevenson, nascido em Montreal, Canadá, em 1918 e desencarnado em
Virgínia, EUA, em 2007, onde foi cientista e professor universitário.

Suas pesquisas enfocavam o relacionamento da mente com o cérebro, a continuação da vida após a morte e a reencarnação. O objeto de seus estudos eram crianças com memórias espontâneas de vidas passadas.

Stevenson, inicialmente, fez pesquisas na Índia e no Sri Lanka. Anos depois, foi patrocinado para prosseguir seus trabalhos em diversos países, como África do Sul, Índia, Líbano, Turquia, Brasil etc.

As crianças pesquisadas eram as que, na idade de 2 a 4 anos, se lembravam de sua encarnação anterior. Como elementos comprobatórios, Stevenson registrou testemunhos familiares, registros médicos de sinais de nascença, defeitos físicos etc.

Dos mais de 600 casos pesquisados, publicou vinte, que considerou não haver dúvida sobre o que foi observado e confirmado.

Sempre cauteloso, porém, intitulou a obra como Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação

Para não tornar cansativo o relato, vou citar apenas outros dois autores norte-americanos e suas obras sobre o assunto: o psiquiatra Jim B. Tucker, que escreveu Vida Antes da Vida, obra traduzida pela Editora Pensamento, e a psicóloga, terapeuta e educadora Helen Wambach, que documentou mais de mil casos de pessoas que se lembravam de suas vidas anteriores e publicou a obra Recordando Vidas Passadas, editada no Brasil também pela Editora Pensamento.


Referências:

COCKEL, Jenny. Minha Vida em Outra Vida. Tradução de Fernando Bezerra de Brito. Brasília: FEB, 2021.

HARARI, Yuval Noah. Sapiens — Uma breve história da humanidade. Tradução de Janaína Marcoantonio. 8. ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2015.

LOMBROSO, César. Hipnotismo e Mediunidade. Tradução de Almerindo Martins de Castro. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1971.

PUGLIESE, Adilton (org.). Daniel Dunglas Home: o médium voador. Santo André, SP: EBM Editora, 2013.

MAGALHÃES, Samuel. Anna Prado, a mulher que falava com os mortos. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2012.

STEVENSON, Ian. Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação. 2. ed. São Paulo: Difusora Cultural, 1973.

TUCKER, Jim B. Vida Antes da Vida. São Paulo: Pensamento, 2011.

WAMBACH, Helen. Recordando Vidas Passadas. São Paulo: Pensamento, 1999.

WEISS, Brian L. Muitas vidas, muitos mestres. Tradução de Talita M. Rodrigues. 22. ed. Rio de Janeiro: Salamandra, 1991.

 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita