O quarto interno e o jardim da
redenção
Nestes dias de angústias e sombras precisamos
fazer uma viagem para o nosso interior tentando
encontrar o quarto interno para o encontro de
nós mesmos. Daí, nós teremos a consciência do
todo que habita em nós. Jesus pediu para nós, em
oração, buscarmos a entrada do quarto interno e,
após fechar a porta, orar em segredo ao Pai que
vê em segredo e nos recompensará, sem dúvidas.
Mas, como nesta hora de dor e sofrimento em que
vive a humanidade, como alcançar o quarto e o
silêncio interior?
O mundo passa por uma prova coletiva e todos os
seres humanos estão quitando as contas do
passado com a Lei de Causa e Efeito e se
habilitando para uma nova etapa que será chamada
de regeneração, onde o bem deverá se equilibrar
com o mal. Todos nós estamos sendo convidados a
prestar conta do nosso projeto de regeneração
que está escrito em nossa consciência.
Os hospitais do plano físico estão com as
emergências lotadas e muitos Espíritos partindo
de retorno à morada eterna e a maioria desses
irmãos retorna à vida espiritual em estado de
desequilíbrio, carregando o medo, a angústia, a
ignorância e a revolta. Dobrou o serviço no
mundo espiritual e, para contribuirmos,
precisamos de uma assepsia, talvez mais rígida
que a das mãos, do
álcool e do distanciamento físico.
Necessitamos da higienização mental e física
diariamente pela vigilância das ações do corpo e
da alma, de tudo
o quanto bebemos, nos alimentamos e cuidamos do
corpo físico, e mais imprescindível se torna o
alimento mental pela prece, pelo pensamento,
pela meditação, e também as virtudes dos
sentimentos de piedade, solidariedade,
misericórdia, fraternidade e perdão. Elimine os
sentimentos de medo, indiferença, raiva,
ansiedade, ódio e indiferença que alimentam as sombras.
Não existe faxina sem poeira e desordem, da
mesma forma não existe transição sem transtornos
e sofrimentos nos dois mundos. Que possamos nos
manter firmes e confiantes no Cristo, pois a
profecia da Boa Nova se manifesta a todos, não
somente aos que a conhecem, e lá nos diz: é
chegada a hora de batermos à porta e gritarmos
Senhor, Senhor! E Ele poderá responder: Por que
me chamais Senhor, Senhor! se não fazeis o que
digo? Todo aquele que vem a mim, ouve as minhas
palavras e as pratica, alcançará o reino dos
céus.
O plano
espiritual necessita de trabalhadores da Terra e
precisamos nos colocar a serviço do bem, confiando
na Espiritualidade Superior que está conosco e
conta com cada um de nós neste momento em que a
humanidade sofre. Um ajuste coletivo que o
Cristo, com a Sua bondade e misericórdia, tornou
mais leve e suave, mas que exige perseverança e
fé de todos que se dispuserem ao serviço pela
humanidade. Necessário é orar por nós, pelo
próximo e para todos.
Precisamos ser mansos e pacíficos no sentido de
não gerar disputas, duelos mentais, discussões
desnecessárias e infantis que só causam o mal,
nos inundando de energias deletérias que criam
barreiras e obstáculos para que o progresso se
realize.
Somos simples como um grão de areia na imensidão
da praia e, ao mesmo tempo, um ponto de luz na
escuridão que habita o nosso ser. O remédio está
no combate ao orgulho que nos faz ser o que
ainda não somos e deixar de ser o que já não
somos; é combater a tola vaidade que causa a
falsa impressão do que não sou, impedindo de ser
o que preciso e devo ser; e, por último, o
combate amargo ao egoísmo que nos cega para
dentro de nós e para o que existe ao redor.
Assim, descobriremos a mansidão e a concórdia em
nós, abrindo espaço para a harmonia celeste que
nos enche com a certeza de que podemos acalmar
as nossas almas e aqueles que buscam o consolo e
acolhimento nestes dias de intensas provações.
O quarto interno
nos leva a uma busca de consciência íntima que
nos conecta com o Divino que habita em nós e
descerra o véu do passado, aclarando o propósito
da vida nestes tempos de infortúnios. Dá-nos a
vidência das coisas que devemos fazer em
benefício dos que sofrem as amarguras e
dissabores da vida. Seguindo o caminho entre
dores e lágrimas, vamos iluminando as veredas
tortuosas do sofrimento alheio com o desabrochar
da esperança que desperta no jardim da fé, no
meu porto seguro íntimo, que me leva para à
redenção. Então, descubro que no meu silêncio
tenho um encontro comigo mesmo e descubro o
jardim da esperança que se eleva pela fé para o
Divino que existe em todos nós, superando os
transtornos causados pela transição que
vivenciamos. (1)
(1) Este
artigo tem como referência principal a
psicografia Nossa Casa, Nosso Jardim, do
amigo espiritual Atualpa Barbosa Lima,
psicografada por Rogério Amaral, publicado no
Jornal Brasília Espírita, edição 227, de
novembro/dezembro de 2020. Também utilizamos na
bibliografia o Novo Testamento, tradução
de Haroldo Dutra Dias.