Faz 133 anos que
se realizou o 1º
Congresso
Espírita
Internacional
O congresso, de importância marcante na história do
Espiritismo, ocorreu numa semana como hoje - de 8 a
13 de setembro de 1888 – na cidade de Barcelona,
Espanha. E nunca será demais lembrar que a doutrina
espírita, cujo marco inicial foi o lançamento d´O
Livro dos Espíritos em 18/4/1857, contava pouco
mais de 31 anos desde o seu advento.
Organizado pela Federação Espírita dos Vallés e pelo
Centro de Estudos Psicológicos de Barcelona, a "Alma
Mater" do evento foi o Visconde de Torres Solanot,
uma grande figura do Espiritismo Hispânico, um homem
que uniu em uma feliz comunhão uma intelectualidade
de primeira ordem e grandes dons como organizador.
O local escolhido foi o Salón Eslava, localizado na
Ronda de São Pedro, única opção disponível na
ocasião em face da aglomeração causada pela
Exposição Universal realizada na mesma época em
Barcelona.
Comitê organizador
O comitê foi composto pelas seguintes pessoas:
Presidente: Visconde de Torres Solanot.
Presidente honorário: José María Fernández Colavida.
Secretário: Luis P. Romeu.
Membros: Facundo Usich, Miguel Vives y Vives,
Antonio Almasqué, Valentín Vila, Fermín Sánchez,
Eduardo Dalmau, Sebastián Roquet, Amalia Domingo
Soler, Augusto Vives, Miguel Escuder, Modesto
Casanovas.
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A presença da grande médium, jornalista e
escritora Amalia Domingo Soler foi muito
importante, porque era incomum para as
mulheres daquela
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época poderem destacar-se nos eventos
espíritas realizados na Europa. Ela foi a
fundadora e diretora da Revista La Luz
del Porvenir, em que havia publicado, de
1880 a 1884, as Memórias do Padre Germano,
algum tempo depois reunidas em um livro que
se tornou um dos clássicos da literatura
espírita mundial. |
Organizações representadas
Setenta sociedades espanholas, dezoito sociedades
sul-americanas, cento e vinte e quatro sociedades
francesas e duas federações belgas: a União Espírita
de Liège e os Grupos Belgas da Flandres, e três
outras sociedades.
Além delas, participaram a Academia Internacional de
Estudos Espiritualistas e Magnéticos de Roma,
representando todas as sociedades italianas, a
Sociedade Espiritualista de Bucareste e a Sociedade
Espiritualista de Odessa.
Delegações presentes
O Congresso foi composto por 52 delegados espanhóis,
8 delegados sul-americanos, 3 delegados franceses e
4 delegados italianos, tendo como presidente
honorário José María Fernández Colavida.
A imprensa da época fez eco ao evento e uma das
reportagens mais extensas sobre o congresso foi
publicada em La Vanguardia, em 10 de setembro
do mesmo ano. Registre-se que em todas as noites o
salão, com capacidade para mais de duas mil pessoas,
ficou completamente cheio.
A fala de Torres
Solanot
Eis um pequeno trecho da alocução feita na
oportunidade por Torres Solanot, que presidiu
brilhantemente o congresso:
“Nosso Primeiro Congresso Internacional, portanto,
será registrado como uma grande etapa, não apenas
nos anais do Espiritismo ou Espiritismo Moderno, mas
nos fatos da história do desenvolvimento humano,
para o qual contribuirá mais do que qualquer outra
ideia filosófica ou religiosa, aquela que tem como
lema fundamental: Rumo a Deus pelo Amor e pela
Ciência."
Discurso de Miguel Vives y Vives
Miguel Vives y Vives (1842-1906), notável médium
espanhol de Tarrasa (Barcelona), autor do libro
“Guia prático do espírita”, publicado no Brasil com
o título O Tesouro dos Espíritas, graças à
tradução feita por J. Herculano Pires, foi também
personagem marcante no congresso.
É dele o discurso abaixo, pronunciado no importante
evento:
“Senhores da mesa, senhores delegados:
Antes de nenhuma outra coisa, seja-me permitido
manifestar a minha gratidão a Deus, por ter criado
este espaço infinito, cheio de sóis, de mundos, de
satélites, de cometas e de maravilhas sem fim, que
com a sua ordem, harmonia e previsão, constituem a
expressão mais viva do grande poder do seu Criador e
a admiração de todos os seres pensadores que povoam
o Universo. Seja-me permitido manifestar a Ele a
minha gratidão por esse eu que sinto dentro de mim
mesmo, certo de que deverá progredir eternamente e
encontrar novas manhãs, novos dias, novos espaços,
novas famílias, novos progressos e novas virtudes, e
que, seguindo pelo caminho do infinito, aprimorará
todas as faculdades, até chegar a um grau
elevadíssimo de perfeição; seja-me permitido ainda
admirar esse poder divino, poder que vejo
manifestado no ato que estamos realizando.
Ah, senhores delegados! Há muitos anos, quando
saudastes a revelação e pronunciastes a palavra
Espiritismo, o mundo vos recebeu com uma gargalhada;
e vendo que não conseguia vos derrubar, quando
voltastes a pronunciar a palavra Espiritismo, então
vos lançaram ao ridículo e ao escárnio; e vendo que
persistíeis, levantou-se contra vós uma perseguição
moral, que vos divorciou da sociedade e da família,
até o ponto de vos tachar de loucos. Mas a opinião
geral, tão poderosa quando trata de quebrar grilhões
e estabelecer princípios de liberdade; quando se
opõe à lei do progresso, quando se opõe à palavra de
Deus, primeiro se agita, mais tarde cala-se, e por
último, deixa-se convencer, e aquilo que ao
princípio fora uma grande loucura, é então uma
suprema verdade que vem a todos regenerar.
Cumpri um dever de gratidão ao meu Deus, ao meu Pai,
ao meu Tudo, agora devo cumprir com outro dever de
gratidão aos meus irmãos. Estou vendo, Srs.
delegados, ao redor, insignes notabilidades do
Espiritismo; estou vendo os filhos da França,
representados pela pessoa ilustradíssima de Mr.
Leymarie; eu o saúdo, e a todos os seus
correligionários; saúdo os filhos da pátria de
Víctor Hugo, de Thiers e de Gambetta, aos filhos
dessa pátria, que depois de ter sofrido grandes
catástrofes e grandes evoluções, içaram a sua
liberdade ao pedestal das liberdades europeias e
hoje são a esperança de todos os oprimidos do velho
mundo. Saúdo os filhos da pátria de Bellini, os
filhos dessa terra que tem enchido o mundo com a sua
arte e a sua harmonia; os filhos dessa pátria que
sofreram tantos séculos sob o poder teocrático, e
que viram a liberdade justiçada pela sentença de
Tonetti, porém mais tarde souberam realizar a sua
unidade, e como símbolo do livre-pensamento,
erigiram a estátua de Giordano Bruno diante do mesmo
Capitólio.”
Nota da Redação:
O discurso de Miguel Vives y Vives
está reproduzido no blog do confrade Bruno Tavares.
Para acessar, clique
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