O cristão e o mundo
“Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grão
cheio na espiga.” — Jesus. (Marcos, capítulo 4,
versículo 28.)
Ninguém julgue fácil a aquisição de um título referente
à elevação espiritual.
O Mestre recorreu sabiamente aos símbolos vivos da
Natureza, favorecendo-nos a compreensão. A erva está
longe da espiga, como a espiga permanece distanciada dos
grãos maduros.
Nesse capítulo, o mais forte adversário da alma que
deseja seguir o Salvador é o próprio mundo.
Quando o homem comum descansa nas vulgaridades e
inutilidades da existência terrestre, ninguém lhe
examina os passos. Suas atitudes não interessam a quem
quer que seja. Todavia, em lhe surgindo no coração a
erva tenra da fé retificadora, sua vida passa a
constituir objeto de curiosidade para a multidão.
Milhares de olhos, que o não viram quando desviado na
ignorância e na indiferença, seguem-lhe, agora, os
gestos mínimos com acentuada vigilância. O pobre
aspirante ao título de discípulo do Senhor ainda não
passa de folhagem promissora e já lhe reclamam espigas
das obras celestes; conserva-se ainda longe da primeira
penugem das asas espirituais e já se lhe exigem voos
supremos sobre as misérias humanas.
Muitos aprendizes desanimam e voltam para o lodo, onde
os companheiros não os vejam.
Esquece-se o mundo de que essas almas ansiosas ainda se
acham nas primeiras esperanças e, por isso mesmo, em
disputas mais ásperas por rebentar o casulo das paixões
inferiores na aspiração de subir; dentro da velha
ignorância, que lhe é característica, a multidão só
entende o homem na animalidade em que se compraz ou,
então, se o companheiro pretende elevar-se, lhe exige,
de pronto, credenciais positivas do céu, olvidando que
ninguém pode trair o tempo ou enganar o espírito de
sequência da Natureza.
Resta ao cristão cultivar seus propósitos sublimes e
ouvir o Mestre: Primeiro a erva, depois a espiga e, por
último, o grão cheio na espiga.
Do livro Caminho, Verdade e
Vida, obra psicografada pelo médium Francisco
Cândido Xavier.
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