Temário de amor
Doce amor a que se arrime,
Vê-se logo pela rama:
Uma presença sublime
Que nada pede ou reclama.
Amor puro tem na face
A compreensão por dever,
Como a fonte quando nasce
E canta sem perceber.
Rege-se a lei da paixão
Por este claro instrumento:
Excesso paga pensão
No albergue do sofrimento.
Amor recorda a lareira –
Conforto que não abrasa.
Paixão é igual à fogueira –
Incêndio queimando a casa.
Vais ao bosque do carinho...
Se o coração devaneia,
Não entreteças teu ninho
No galho de dor alheia.
Quem ama carrega em si,
Todo dia, toda hora,
Uma lágrima que ri,
Uma alegria que chora.
De afeições anoto a soma
De todo ensino que há:
Prazer é o bem que se toma,
Amor é o bem que se dá.
Sombra de amor no caminho...
Não deturpemos a voz.
Hoje é tentado o vizinho,
Amanhã, seremos nós.
Erro de amor? Penso em prece:
Podia ser meu ou teu...
Às vezes só Deus conhece
Aquilo que aconteceu.
Bem que a tudo sobrenade
Vem sempre do amor profundo
Que espalhe felicidade
Nos sofrimentos do mundo.
Do livro Trovas do Outro Mundo, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.