O caminho espiritual
Jesus Cristo aconselha-nos, em primeiro lugar, a
procurar o Reino de Deus e toda a sua justiça.
Esta é a primeira tarefa que devemos efetuar em nossa
senda terrena. Não é uma tarefa instantânea, mas o
motivo da reencarnação. Jesus não nos diz o que fazer a
seguir, porque, quando esta terminar, somos conhecedores
da verdade ou “Espíritos evoluídos”, como quisermos
chamar.
Todas as etapas terrenas concorrem ao aprimoramento da
consciência e sabedoria espiritual, fazendo parte deste
“trabalho para casa” deixado pelo Mestre.
Sei que parece confuso, quando afirmo que foi a única
tarefa que nos deixou. Parecem-nos existir outras, como
aprender a amar, mas esta faz parte da busca do reino de
Deus, ou combater o orgulho, mas esta também faz parte
da busca do Reino de Deus, tal como todas as outras.
O Mestre da vida informa-nos que O Reino de Deus não
virá de forma externa, mas está dentro de nós.
Onde devemos efetuar a primeira e única tarefa que
Cristo nos deixou?
Dentro de nós, é óbvio, mas não do corpo.
Em qual parte de dentro de nós?
Como não é o corpo, então o Mestre refere-se à parte
psíquica. Tem muita lógica, já que o corpo não
sobrevive.
Vamos começar por perto.
Se existe o lado de dentro, também existe o lado de
fora, talvez seja mais simples começarmos pelo que é
mais facilmente perceptível.
O mais perceptível da parte psíquica é o consciente.
Podemos dizer que são as escolhas que fazemos a todo o
instante.
Essas escolhas vêm de algum lado, não são aleatórias.
Elas nascem no que acho certo e errado, no que desejo
para mim, no que gosto e não gosto, no que me parece
verdade e mentira, naquilo que vale a pena manter ou
não, no que quero conquistar, naquilo que me quero
envolver, em suma, nasce em um centro meu, podemos
chamar de “coração”, que me passa despercebido.
A psicologia chama de inconsciente.
É fácil perceber que, embora inconsciente e não me
lembre, em algures no passado terreno, tive que
conhecer, pois não posso desejar o que não conheço tal
como não posso falar uma língua que desconheço.
Este coração foi formado na Terra, com tudo o que tenho
passado. Reparem que em outra vida passada falei outras
línguas, mas não me lembro. Com isto não quer dizer que
o ser termina aqui, pelo contrário, o verdadeiro inicia
daqui para “dentro”. Temo-nos apegado à parte
superficial ou parte terrena, como quiserem chamar, como
consequência isso nos tem cegado. Não amealheis tesouros
da terra, de onde fazem parte a razão, o carácter, o
orgulho, o egoísmo e todos os movimentos internos que
nos levam a separar de nossos irmãos.
Procurar o Reino de Deus, que está dentro de nós, é
mergulhar em nós, no autoconhecimento. Esta é uma tarefa
obrigatória à humanidade, independentemente da religião,
até independente de ser religioso, se realmente nós
queremos melhorar e viver mais felizes.
Este tem sido o trabalho dos religiosos, filósofos,
psicólogos, cientistas e todos os outros que têm tentado
entender a humanidade.
As religiões têm sido as mais presas, dificultando o
trabalho, pois os dogmas são terríveis correntes à
liberdade necessária para este trabalho constante.
Ao iniciarmos a vigília constante, percebemos os erros
que acontecem em nós. Os que saltam à vista são simples
pensamentos que vão contra a nossa forma de estar, que
rapidamente colocamos de lado e nos dá uma sensação de
que nós estamos a esforçar. A tarefa é muito mais
difícil do que isto, a prova é a dificuldade que temos
de evoluir.
A nossa atenção deve ser constante e permanente, só
assim daremos conta dos erros que nos passam
despercebidos.
A grande dificuldade é como perceber os erros que cometo
que estão enraizados em mim, logo, o autojulgamento será
deficiente e supérfluo?
A estrela norteadora é o amor, pois é para lá que
caminhamos. Quando tivermos consciência do amor, será
simples vermos os erros que nos passam despercebidos.
Até esta altura temos que trabalhar em nós a percepção
que temos do amor. Aqui, nesta fase em que estamos, o
novo evangelho é o livro prático do nosso aprendizado.
Reparem que falei, livro prático, porque teórico não tem
resultado.
Temos tentado perceber o Evangelho na teoria e isso não
se tem mostrado muito útil ao ser humano. O motivo é
porque o novo evangelho é um livro prático e de
preferência, de bolso, para andar conosco.
Ninguém aprende a ser manso na teoria, a ser humilde no
pensamento ou a amar por palavras.
Todo este caminho é prático, desde a vigília constante
para o autoconhecimento à dedicação constante do combate
às suas más tendências, ao desenvolvimento do amor que
resulta de toda a prática.
Procurar o Reino de Deus é um trabalho, logicamente,
prático, que nos leva à consciência Espiritual, mas para
tal, temos que abandonar os apegos terrenos, onde estão
incluídos os certos e os errados da razão que constroem
o personagem terreno.
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