Sempre o amor
Precisamos relembrar os grandes escritores do passado e
Léon Denis salta aos nossos olhos com a beleza de seus
escritos, que parecem poesia. É dele, o livro “O
problema do Ser, do Destino e da Dor”, o que aqui
compilamos.
Diz ele:
A todas as interrogações do homem, a suas hesitações, a
seus temores, a suas blasfêmias, uma voz grande,
poderosa e misteriosa responde: Aprende a amar! O amor é
o resumo de tudo, o fim de tudo. Dessa maneira,
estende-se e desdobra-se, sem cessar sobre o universo, a
imensa rede de amor, tecida de luz e ouro. Amar é o
segredo da felicidade. Com uma só palavra o amor resolve
todos os problemas, dissipa todas as obscuridades. O
amor salvará o mundo; seu calor fará derreter os gelos
da dúvida, do egoísmo, do ódio; enternecerá os corações
mais duros, mais refratários.
Belas palavras e verdade imensa! Estamos vivendo
momentos imperiosos, em que a humanidade descobre o
imenso amor, que como uma tênue rede de esperança
envolve o mundo!
Como estamos ouvindo histórias emocionantes de dor e de
amor nestes tempos de pandemia!
Uma senhora ainda jovem, que ficou entubada, ainda
vivenciando a experiência traumatizante por que passou,
nos contou sobre o amor de sua família. No dia em que
foi internada, relatou-nos que viu sete pacientes a seu
lado morrerem. Não conseguia respirar, tamanha a falta
de ar e não havia leito de UTI disponível. Seu marido
punha-se de joelhos a orar por uma vaga de UTI para ela.
Confidenciou-lhe depois que um pensamento veio à sua
cabeça de que não deveria ser egoísta, que talvez para
ela obter a vaga desejada alguém deveria morrer. Isso o
torturou, descobriu-se egoísta, viu a si mesmo. Ela
ficou entubada mais de 20 dias. Quando despertou,
voltando a si, viu um presente de sua família.
Ela é devota de Maria, a mãe de Jesus. Sua família havia
providenciado para que quando ela acordasse pudesse ver
a imagem de Maria, que em sua crença ela preza tanto.
Como temiam que sua imagem favorita acabasse quebrando
na situação de leito em que se encontrava, fizeram uma
de crochê que ficasse à sua vista, para que se lembrasse
de que não estava só. Sua família esteve presente mesmo
à distância, mas passou pela dor de ver sua mãe, que
estava internada também, desencarnar, enquanto ela
estava internada. Não pôde despedir-se, mas guarda a
certeza de que um dia verá sua mãe novamente.
São muitas as histórias que ouvimos e vezes sem conta
deparamo-nos com lágrimas nos olhos. Nossa função no
Espiritismo é consolar. Há os que choram juntos, há os
que seguram as lágrimas para conversarem com os
necessitados.
São tempos difíceis e é tempo de amar.
Estamos sendo convidados mais intensamente à jornada de
caridade fraterna. O amor nos chama. Espíritos
endurecidos estão chegando às nossas reuniões mediúnicas
dizendo que, depois de séculos caminhando nas fileiras
das sombras, não conseguem mais nelas ficar e sentem o
olhar e escutam a voz do pastor a chamá-los de volta ao
aprisco. A luz de Jesus se derrama sobre eles. Sentem-se
compelidos a um novo começo, que muitos sabem que será
de grandes dores, pela semeadura dolorosa que plantaram.
Sempre bom lembrar, no entanto, que, repetindo os
ensinamentos de Jesus, Simão Pedro dizia que o amor
cobre uma multidão de pecados!
O amor salvará o mundo sim! Nele se encontram os grandes
sacrifícios, as maiores renúncias, as grandes honras,
histórias de seres humanos, os Espíritos que vieram pelo
mais puro amor, nascendo neste mundo para ensinarem,
para socorrerem, simplesmente porque amam!
Podem estar ao nosso lado, passando anonimamente, na
figura de uma mãe, de um pai, de um filho, de um amigo,
enfim, e são eles que dão as palavras confortadoras, que
socorrem, que acariciam!
Como fazem falta ao partirem! Sua doce lembrança encanta
os dias dos que continuam na romagem terrena, até a hora
da libertação e do reencontro. Seus exemplos são
lembrados. Seu carinho e seus olhos amorosos permanecem
na lembrança. Honrá-los, sabendo amar também, é um dever
prazeroso.
Como são belas as lembranças comovedoras dos momentos em
que mais amamos! São os momentos felizes. Que esses
momentos se estendam nas mãos fraternas que se levantam
para auxiliar constantemente.
As dores da Covid-19 um dia passarão. Ficarão na
lembrança os gestos de amor daqueles que souberam agir
no bem, mesmo nas horas mais dolorosas de suas vidas!
As famílias se unem novamente, na esperança que se
renova, da tempestade que vai passando.
Que tenhamos aprendido a amar um pouco mais. Que
saibamos valorizar a vida, num simples gesto de poder
respirar e agradecer a Deus, rogando que possamos ser
instrumentos de sua paz e levar esperança onde haja dor,
e consolo onde haja desespero. Amar um tanto mais, para
aprendermos a amar.
Que Jesus, o nosso modelo e guia, permaneça conosco, no
nosso aprendizado de amor!
Jane
Martins Vilela, Diretora Responsável do jornal O
Imortal, de Cambé-PR, é médica.
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