Qual nota você se daria?
Colocando roupa para lavar, durante o intervalo
para um café, e me veio na mente: Qual nota você
se daria? Cuidar da casa sempre me faz pensar na
vida e tem me dado vários temas para meus
artigos. E desta vez minha consciência foi quem
deu a sugestão: qual nota você se daria? Numa
escala de zero a dez, como você vê sua vida até
aqui? Como julgaria seu comportamento?
Tentei até argumentar, como que querendo fugir
desta conversa comigo mesmo: qual a importância
disso? Não seria apenas vaidade estabelecer uma
nota para meu comportamento diante desta vida?
Tá querendo uma medalhinha por fazer o que é
certo? Brinquei comigo mesmo.
Mas a Sentinela do certo e do errado foi
incisiva: Pode ser apenas vaidade ou um
exercício de aproveitamento do tesouro do tempo.
Depende de você e dos parâmetros dos quais se
utilizaria para fazer essa autoavaliação. Por
essa razão faço outra pergunta: Quais os
parâmetros você utilizaria? Lembre-se que quando
não há pecado, não há também perdão. É apenas
entre mim e você.
Tem sido comprometido com a vida e aproveitado
todas as oportunidades que ela nos proporciona?
O que tem feito do seu tempo? Você gasta ou
investe os oitenta e seis mil e quatrocentos
segundos com o qual é presenteado a cada dia? É
uma pergunta válida, já que não se pode matar o
tempo sem lesar a eternidade. (Henry David
Thoreau)
Pensei em sete, a princípio, com certa tristeza.
Depois tentei racionalizar para mim mesmo: Não
fui desonesto, não gosto de levar vantagem. Mas
logo a severa consciência me disse que isso é o
básico. Vale alguma coisa, mas, ainda assim,
qual nota você se daria? Tem feito brilhar a sua
luz, para que os homens a vejam e glorifiquem a
Deus que está nos céus? (Mateus, 05:16). Tem
trabalhado os talentos que lhes foram confiados?
(Lucas, 19:12-27.)
Na questão 642 de O Livro dos Espíritos,
Allan Kardec pergunta à espiritualidade se basta
não fazer o mal para agradar a Deus. A resposta
é que devemos fazer o bem no limite das forças.
O que significa que não devemos nos ater apenas
ao fato de não errarmos. Temos ainda que ter
cuidado para não deixarmos de fazer muita coisa
boa por esse medo que pode ser filho do orgulho.
Nos enganaremos completamente a respeito do
sentido da vida se nos atermos apenas a isso. A
inércia é por si mesma um grande equívoco, pois
não fazer o bem já é um mal. (Questão 657 de O
Livro dos Espíritos.)
É evidente que esta ideia de nos dar uma nota é
apenas uma metáfora para que venhamos avaliar,
constantemente, nosso comportamento. A vida é
movimento, ação, é tentativa, é busca incessante
para sermos melhores e mais próximos do Pai.
Chico Xavier dizia que o que mais nos assemelha
a Deus é a nossa capacidade de criar. De sermos
úteis, naturalmente. E para isso é necessário
investimento para o desabrochar de nossas
potencialidades.
A nota que nós nos daríamos, e cujo valor
interessa somente a nós mesmos, precisa estar
amparada pelos parâmetros que realmente
despertem o Deus que somos. Precisa
necessariamente que seja embasada pela máxima do
Cristo que nos recomenda amar ao próximo como a
nós mesmos. Mas, para que isso seja algo
efetivo, precisamos dedicar o máximo de tempo
com o maior comprometimento e intensidade
possíveis àquilo que viemos fazer aqui
materialmente e moralmente. “Os dois dias mais
importantes da sua vida são o dia em que você
nasceu e o em que você descobre o porquê”. (Mark
Twain)