Dialogando sobre a
Santíssima Trindade
A Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, é um
dos dogmas mais importantes do cristianismo,
principalmente para a Igreja Católica, porém, ele não
consta da Bíblia. Mas muitos, baseando-se em
interpretações forçadas de alguns textos dela, sustentam
que ele está sim nela, com o que não concorda a maioria
dos teólogos.
Aliás, com o devido espeito a esse dogma e a todos os
outros, toda doutrina que virou dogma foi exatamente
porque era polêmica. E, no passado, toda doutrina,
depois de dogmatizada, tornava-se obrigatória para todos
os cristãos. E ai de quem, publicamente, a negasse...
Muitos pagaram com a vida, principalmente nas fogueiras
das inquisições da Igreja Católica e de Igrejas
Protestantes medievais, quando as igrejas eram ligadas
aos reis católicos ou protestantes. E quem era contra a
igreja de um rei, era tido como inimigo dele. Daí a pena
de morte nas fogueiras.
Um exemplo de interpretações forçadas da Bíblia em
tentativas vãs de comprovar que a Santíssima Trindade
está nela. É muito conhecida a passagem do início de
Gênesis que fala da criação do homem. Ela diz assim:
Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Os teólogos
favoráveis à presença da Santíssima Trindade na Bíblia
dizem que o verbo fazer ‘façamos’ está no imperativo
plural porque ele se refere ao Deus Pai, ao Deus Filho e
ao Deus Espírito Santo. Acontece que o verbo está no
plural por se referir ao chamado plural majestático.
Ademais, o Espírito Santo só foi criado pelos teólogos
no Quarto Século. E quando São Paulo se refere ao
Espírito Santo, no Primeiro Século, bem antes de os
evangelhos serem escritos, Paulo se refere ao espírito
santo ou alma de cada um de nós e que habita nossos
corpos, vivificando-os. “Não sabeis vós que sois templos
do espírito santo que habita em cada um de vós” (1
Coríntios 3: 16; João 10: 34). Santo, por quê? Porque
ele ou a alma são criados ou gerados por Deus em nós,
como foi soprado nas narinas de Adão, figuradamente,
pois Deus não tem boca para soprar...
Alguém pode pensar que, exatamente, porque se trata de
um dogma, não se deveria pôr dúvida nele. Mas entre os
teólogos, reservadamente, eles discutem sobre as
doutrinas, inclusive, as dogmáticas. Muitos têm
dificuldades em crer até em alguns dogmas, só que eles
não podem mostrar suas dúvidas em público.
E os dois maiores filósofos e teólogos cristãos, Santo
Agostinho, desencarnado em 430, e São Tomás de Aquino,
em 1274, divergiram sobre a Santíssima Trindade. Para
saber mais, leia meu livro “A Face Oculta das
Religiões”, Ed. Martin Claret (Megalivros), SP. Segundo
Pastorino, São Tomás foi de opinião que a ordem das
pessoas trinitárias deveria ser: Espírito-Pai-Filho e
não Pai-Filho-Espírito Santo.
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