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por José Reis Chaves

Dialogando sobre a Santíssima Trindade


A Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, é um dos dogmas mais importantes do cristianismo, principalmente para a Igreja Católica, porém, ele não consta da Bíblia. Mas muitos, baseando-se em interpretações forçadas de alguns textos dela, sustentam que ele está sim nela, com o que não concorda a maioria dos teólogos.

Aliás, com o devido espeito a esse dogma e a todos os outros, toda doutrina que virou dogma foi exatamente porque era polêmica. E, no passado, toda doutrina, depois de dogmatizada, tornava-se obrigatória para todos os cristãos. E ai de quem, publicamente, a negasse... Muitos pagaram com a vida, principalmente nas fogueiras das inquisições da Igreja Católica e de Igrejas Protestantes medievais, quando as igrejas eram ligadas aos reis católicos ou protestantes. E quem era contra a igreja de um rei, era tido como inimigo dele. Daí a pena de morte nas fogueiras.

Um exemplo de interpretações forçadas da Bíblia em tentativas vãs de comprovar que a Santíssima Trindade está nela. É muito conhecida a passagem do início de Gênesis que fala da criação do homem. Ela diz assim: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Os teólogos favoráveis à presença da Santíssima Trindade na Bíblia dizem que o verbo fazer ‘façamos’ está no imperativo plural porque ele se refere ao Deus Pai, ao Deus Filho e ao Deus Espírito Santo. Acontece que o verbo está no plural por se referir ao chamado plural majestático. Ademais, o Espírito Santo só foi criado pelos teólogos no Quarto Século. E quando São Paulo se refere ao Espírito Santo, no Primeiro Século, bem antes de os evangelhos serem escritos, Paulo se refere ao espírito santo ou alma de cada um de nós e que habita nossos corpos, vivificando-os. “Não sabeis vós que sois templos do espírito santo que habita em cada um de vós” (1 Coríntios 3: 16; João 10: 34). Santo, por quê? Porque ele ou a alma são criados ou gerados por Deus em nós, como foi soprado nas narinas de Adão, figuradamente, pois Deus não tem boca para soprar...  

Alguém pode pensar que, exatamente, porque se trata de um dogma, não se deveria pôr dúvida nele. Mas entre os teólogos, reservadamente, eles discutem sobre as doutrinas, inclusive, as dogmáticas. Muitos têm dificuldades em crer até em alguns dogmas, só que eles não podem mostrar suas dúvidas em público.

E os dois maiores filósofos e teólogos cristãos, Santo Agostinho, desencarnado em 430, e São Tomás de Aquino, em 1274, divergiram sobre a Santíssima Trindade. Para saber mais, leia meu livro “A Face Oculta das Religiões”, Ed. Martin Claret (Megalivros), SP. Segundo Pastorino, São Tomás foi de opinião que a ordem das pessoas trinitárias deveria ser: Espírito-Pai-Filho e não Pai-Filho-Espírito Santo.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita