Nosso entrevistado é Marcelo de Oliveira Orsini (foto), de
Belo Horizonte (MG). Com formação em Engenharia
Elétrica pelo IPUC em 1978, trabalhou na CEMIG -
Cia Energética de MG de 1979 a 2010, quando se
aposentou. Nas lides espíritas, participa da
Fraternidade Espírita Irmão Glacus, onde atuou
até 2017 como Diretor Doutrinário e Conselheiro
e é, atualmente, dirigente de Reunião de
Educação Mediúnica e da equipe de Visita
Fraterna (passe no lar), além de ser ativo
expositor espírita. Autor de cinco livros, a
saber: Visita aos Lares e Hospitais, Cristo
em mim, É hora do Culto!, Em torno do microfone
- reflexões para a tribuna espírita e Ênio
Wendling - pela vereda mediúnica, ele nos
concedeu gentilmente a entrevista seguinte.
Como e quando se tornou espírita?
Por curiosidade, eu já havia visitado a casa
espírita no final dos anos 1980, mas somente
após a desencarnação de duas tias muito
queridas, no início de 1994, envolvido em muita
tristeza, decidi adentrar a instituição
definitivamente. E assim o fiz, procurando
estudar sistematicamente a Doutrina dos
Espíritos, frequentando as reuniões públicas
doutrinárias com assiduidade, e finalmente meu
coração encontrou consolação e alívio.
O que mais se destaca no Espiritismo, em seu
entendimento como adepto e trabalhador espírita?
Devido à minha formação profissional, com a
mente voltada para as ciências exatas, eu
necessitava de explicações que satisfizessem a
lógica! E foi justamente isso que encontrei nos
textos de Allan Kardec, pois são capazes de
atender tanto o nosso raciocínio, quanto o nosso
sentimento. Percebi claramente que o espiritismo
não se tratava de religião dogmática,
fundamentada em crenças cegas e ilógicas, mas de
uma filosofia espiritualista coerente às
necessidades humanas.
Fale-nos sobre a Fraternidade Espírita Irmão
Glacus.
Instituição socorrista fundada em 1976 pelo
médium Ênio Wendling e seu confrade Adiraldo
Vieira. O Espírito Glacus Flamínius deu nome à
casa, por tratar-se da entidade com quem Ênio já
trabalhava no receituário mediúnico, atividade
que era antes exercida por ambos no Grupo de
Fraternidade Espírita Irmã Scheilla. Até o
advento do isolamento social devido à pandemia
do coronavírus, a FEIG era uma das maiores casas
espíritas de Belo Horizonte, considerando-se o
afluxo de público e o número de voluntários.
Sobre as antigas atividades de materializações,
o que gostaria de relatar?
Em Belo Horizonte, a partir de 1949 até meados
dos anos 1950, foram intensos os fenômenos de
efeitos físicos promovidos por Espíritos, com a
materialização de entidades e objetos, nas
reuniões realizadas pelo Sr. Jair Soares, em sua
residência no bairro Santa Tereza (BH), local
onde surgiu o Grupo Scheilla. Relatos sobre esta
fantástica experiência encontram-se em livros
sobre materializações luminosas, com autoria de
Rafael Américo Ranieri e Dante Labbate. Foram
fenômenos incríveis, presenciados por todos os
presentes a essas reuniões, mesmo os não
médiuns.
Sobre a ação dos conhecidos espíritos Palminha e
José Grosso, o que lhe chama mais atenção?
Foram irmãos quando encarnados, residentes no
nordeste brasileiro e cangaceiros, sendo José
Grosso pertencente ao bando de Lampião. Ambos
estão presentes como Benfeitores Espirituais
desde o início das atividades do movimento
espírita mineiro, como apoiadores e orientadores
das ações nas casas espíritas, mais
ostensivamente quando há possibilidade de sua
comunicação, por psicofonia, por exemplo. José
Grosso costumava intitular-se "folha caída dos
ventos do norte", referindo-se à sua última
experiência na carne e à sua conversão.
E sobre o médium Ênio Wendling, que pode
dizer-nos?
Ênio nasceu em 1925 e desencarnou em 2016, com
90 anos completos. Como ser humano, foi um homem
comum, honesto, trabalhador, extremamente
dedicado à sua família, que passou por
dificuldades financeiras, enfermidades,
incompreensões e tentações, tendo superado seus
obstáculos com o êxito do cristão dedicado. Como
médium, possuía muitas das nuanças que o dom
pode oferecer - psicofonia, psicografia,
premonição, audiência, vidência, efeitos
físicos, bicorporeidade. Entretanto, o que o
destacou foi a conduta na prática mediúnica -
humilde, persistente servidor, que praticou a
verdadeira mediunidade com Jesus. Foi
adjetivado pelo Espírito Erick Wagner, um dos
mentores presentes desde a época das
materializações luminosas dos anos 50, como o
"fiel disseminador da mediunidade genuína". Após
sua desencarnação, os Espíritos revelaram ter
sido o Ênio considerado completista, ou seja,
aquele que conseguiu cumprir com êxito o
planejamento para sua missão reencarnatória.
Como foi elaborada sua obra sobre Ênio Wendling?
A obra literária foi construída após orientação
do Espírito Glacus, em reunião de consulta
espiritual na FEIG em 2015, para que fosse
preparada. Constituímos um grupo de
pesquisadores, entre os quais o irmão
consanguíneo Vicente Wendling, além de pessoas
que conviveram com o médium ao longo de muitos
anos. O material de consulta incluiu atas de
reuniões mediúnicas, testemunhos pessoais,
artigos de livros e jornais e áudios gravados
com o próprio Ênio e seu irmão. Publicado em
maio de 2020, o livro percorre a vereda do
médium como encarnado, sob os aspectos da vida
pessoal e o trabalho voluntário como médium,
assim como relata aspectos de sua desencarnação
e atividades no além-túmulo, nos anos que se
seguiram ao seu desprendimento da matéria. Há
relatos espetaculares de fenômenos de efeitos
físicos dos quais participou ativamente, assim
como apresenta o médium como referência por sua
conduta dedicada ao trabalho com o Cristo.
Embora referido médium seja desconhecido de
muitos brasileiros, sua ação compara-se àqueles
médiuns portadores da consciência
doutrinária. Como foi sua ação em Belo Horizonte
e região?
As ações do Ênio, especialmente após deixar a
infância, sempre se fundamentaram na humildade
ao servir, na obediência aos preceitos cristãos
e doutrinários, bem como no atendimento às
determinações das instituições e suas
lideranças. Esteve constantemente pronto para o
atendimento aos mais necessitados, sem deixar de
cumprir suas obrigações como pai e cidadão
brasileiro. Algumas vezes era exigido no próprio
lar, já constituído com esposa e filhos,
madrugada adentro, sem nunca ter deixado de
responder aos apelos, e justificava que "era
quando estavam precisando dele". Por ter
exercido sua mediunidade restrito a algumas
casas espíritas de BH, sem projeção como autor
ou palestrante espírita, não teve seu nome
notabilizado nacionalmente. Porém, de fato, essa
preocupação atualmente é nossa, para que pessoas
de outros estados brasileiros e do exterior
possam conhecer a vida e a obra desse médium em
seu valor verdadeiro, como devotado serviçal de
Jesus.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Pela seriedade do conteúdo do livro biográfico
que escrevemos, recomendamos conhecer a obra Ênio
Wendling - pela vereda mediúnica, disponível
na Editora Educere (http://editoraeducere.com.br),
cuja renda é destinada às casas espíritas onde o
médium atuou e aos seus importantes projetos
sociais. Aproveitamos também para convidar os
leitores deste artigo para visitarem nosso Canal
"Marcelo Orsini Espiritismo", no YouTube, onde
poderão, através da organização do conteúdo de
suas playlists, conhecer as nossas
atividades e produções na divulgação do
evangelho e do espiritismo, dentre essas as
dezenas entrevistas que realizamos pelo projeto
Espiritismo BH, no período 2008 a 2014.
Igualmente, sugerimos visitar a Web Rádio
Espiritismo BH, outro projeto de
nossa idealização, por meio do app gratuito para
celulares e tablets, que funciona há 10 anos
durante 24 horas por dia, com enorme variedade
de conteúdo espírita.
Suas palavras finais.
Nosso agradecimento sincero a todos os que
trabalham com esta mídia, pela oportunidade de
apresentar nosso modesto trabalho a serviço do
Espiritismo.
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