Francisco
Raimundo Ewerton
Quadros,
o primeiro
presidente da
FEB
Num dia como hoje (17 de outubro) nasceu no ano de
1841, na capital do Maranhão, Francisco Raimundo
Ewerton Quadros. Engenheiro militar, fez carreira no
Exército brasileiro, no qual chegou, ao reformar-se,
ao posto de Marechal. Nas lides espíritas, foi um
dos fundadores e primeiro presidente da Federação
Espírita Brasileira (FEB).
A seguir, com base na obra Grandes espíritas do
Brasil, de Zêus Wantuil, eis um pouco da vida e
da obra do marechal Ewerton Quadros, que, apesar do
seu grande prestígio na sociedade
e no Exército brasileiro, não se deixou fascinar
pelas ambições da vida material.
Filho do Capitão honorário Francisco Raimundo
Ewerton Quadros, ele fez na terra natal o curso de
humanidades e em princípios de 1860 rumou para o
Rio, onde se formou em Engenharia pela Escola
Central (mais tarde, denominada Escola Politécnica),
recebendo aí o grau de Bacharel em Ciências Físicas
e Matemáticas.
Espírito ativo e familiarizado com estudos
profundos, escreveu numerosos trabalhos de cunho
filosófico. De costumes austeros, não tardou a ser
atraído pelo Espiritismo, tornando-se desde 1872 um
ativo propagandista da doutrina espírita tanto pelo
verbo como pela pena, ajudado pelas várias
mediunidades que possuía, principalmente a da
vidência.
Em março de 1873 desenvolveu a psicografia e, em
pouco tempo, começou a produzir trabalhos
admiráveis. Pelas páginas da revista «Reformador»,
periódico publicado pela Federação Espírita
Brasileira, ele relatou uma série de casos ocorridos
devido aos seus dons mediúnicos, manifestados desde
a idade de oito anos.
Espírita convicto, foi um dos fundadores, em 7 de
junho de 1881, no Rio de Janeiro, do Grupo Espírita
Humildade e Fraternidade, um desdobramento do Grupo
Espírita Fraternidade, que se havia instalado em 21
de março de 1880.
Seus primeiros escritos espíritas saíram publicados
na Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e
Caridade, periódico fundado em janeiro de 1881,
segundo órgão espírita surgido no Rio de Janeiro.
Seu primeiro trabalho ali apareceu nos meses de
agosto e setembro em um estudo sobre ‘O Magnetismo
na Criação’. Seguiu-se a este, em fevereiro de 1882,
bela poesia de sua autoria, em dezesseis estrofes de
quatro versos, intitulada ‘O Redivivo’. E em seu
número de julho de 1882, a referida Revista estampou
primorosa e edificante página poética por ele
recebida mediunicamente em 18 de junho de 1880.
Intitulado ‘Morrer e deixar a ilusão pela verdade’,
o poema foi assinado com as iniciais A. A.
Participou ativamente da fundação da Federação
Espírita Brasileira e foi eleito seu primeiro
presidente (1884-1888). Em 1888, deu à FEB uma sede
independente, pois que até então a federativa
funcionava na residência de um confrade.
Colaborou no ‘Reformador’ e em outros órgãos da
imprensa espírita até os derradeiros meses de sua
vida. Alguns meses antes de falecer doou à FEB, de
que era presidente honorário desde 1891, muitos
exemplares do seu livro ‘Os Astros’, para com o
produto de sua venda socorrer os pobres da
Assistência aos Necessitados.
Em suas atividades no âmbito militar, Ewerton
Quadros foi diretor do Arsenal de Guerra do Rio de
Janeiro e comandante da Escola Militar do Rio de
Janeiro (1894-95). Constituiu-se num dos mais
esforçados auxiliares do Marechal Floriano Peixoto
durante a revolta de 1893-1894, tendo sido
comandante do 5º Distrito Militar,
comandante-em-chefe das forças em operações no
Paraná e ainda comandante das Fortalezas de São João
e da Laje.
Em 1895 foi reformado no posto de Marechal, por
Decreto datado de 4 de julho de 1895.
No ano de 1908, dirigiu, com outros diretores, a
Liga de Propaganda das Ciências Psicofísicas,
entidade que se ocupava de todos os fenômenos
regidos por forças supranormais.
Além da notável cultura filosófica e científica que
demonstrou possuir, era ele senhor de riqueza bem
maior e mais apreciável — a do coração, a dos
sentimentos cristãos. Suportou, sereno e resignado,
todos os golpes da calúnia, da intriga e do sarcasmo
com que tentaram empanar-lhe o brilho de sua
trajetória terrena.
A causa do Espiritismo no Brasil teve nele,
portanto, uma das mais fortes colunas. Com sua pena
culta, com sua palavra esclarecida e autorizada e
com seu exemplo de cidadão reto e honrado, foi um
dos maiores propagandistas a serviço da Doutrina
Espírita.
No dia 20 de novembro de 1919, aos 78 anos de idade,
Ewerton Quadros regressou à pátria espiritual.