Brasil
por Thiago Bernardes

Ano 15 - N° 743 - 17 de Outubro de 2021

Francisco Raimundo Ewerton Quadros, o primeiro presidente da FEB


Num dia como hoje (17 de outubro) nasceu no ano de 1841, na capital do Maranhão, Francisco Raimundo Ewerton Quadros. Engenheiro militar, fez carreira no Exército brasileiro, no qual chegou, ao reformar-se, ao posto de Marechal. Nas lides espíritas, foi um dos fundadores e primeiro presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB).

A seguir, com base na obra Grandes espíritas do Brasil, de Zêus Wantuil, eis um pouco da vida e da obra do marechal Ewerton Quadros, que, apesar do seu grande prestígio na sociedade e no Exército brasileiro, não se deixou fascinar pelas ambições da vida material.

Filho do Capitão honorário Francisco Raimundo Ewerton Quadros, ele fez na terra natal o curso de humanidades e em princípios de 1860 rumou para o Rio, onde se formou em Engenharia pela Escola Central (mais tarde, denominada Escola Politécnica), recebendo aí o grau de Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas.

Espírito ativo e familiarizado com estudos profundos, escreveu numerosos trabalhos de cunho filosófico. De costumes austeros, não tardou a ser atraído pelo Espiritismo, tornando-se desde 1872 um ativo propagandista da doutrina espírita tanto pelo verbo como pela pena, ajudado pelas várias mediunidades que possuía, principalmente a da vidência.

Em março de 1873 desenvolveu a psicografia e, em pouco tempo, começou a produzir trabalhos admiráveis. Pelas páginas da revista «Reformador», periódico publicado pela Federação Espírita Brasileira, ele relatou uma série de casos ocorridos devido aos seus dons mediúnicos, manifestados desde a idade de oito anos.

Espírita convicto, foi um dos fundadores, em 7 de junho de 1881, no Rio de Janeiro, do Grupo Espírita Humildade e Fraternidade, um desdobramento do Grupo Espírita Fraternidade, que se havia instalado em 21 de março de 1880.

Seus primeiros escritos espíritas saíram publicados na Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, periódico fundado em janeiro de 1881, segundo órgão espírita surgido no Rio de Janeiro. Seu primeiro trabalho ali apareceu nos meses de agosto e setembro em um estudo sobre ‘O Magnetismo na Criação’. Seguiu-se a este, em fevereiro de 1882, bela poesia de sua autoria, em dezesseis estrofes de quatro versos, intitulada ‘O Redivivo’. E em seu número de julho de 1882, a referida Revista estampou primorosa e edificante página poética por ele recebida mediunicamente em 18 de junho de 1880. Intitulado ‘Morrer e deixar a ilusão pela verdade’, o poema foi assinado com as iniciais A. A.

Participou ativamente da fundação da Federação Espírita Brasileira e foi eleito seu primeiro presidente (1884-1888). Em 1888, deu à FEB uma sede independente, pois que até então a federativa funcionava na residência de um confrade.

Colaborou no ‘Reformador’ e em outros órgãos da imprensa espírita até os derradeiros meses de sua vida. Alguns meses antes de falecer doou à FEB, de que era presidente honorário desde 1891, muitos exemplares do seu livro ‘Os Astros’, para com o produto de sua venda socorrer os pobres da Assistência aos Necessitados.

Em suas atividades no âmbito militar, Ewerton Quadros foi diretor do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro e comandante da Escola Militar do Rio de Janeiro (1894-95). Constituiu-se num dos mais esforçados auxiliares do Marechal Floriano Peixoto durante a revolta de 1893-1894, tendo sido comandante do 5º Distrito Militar, comandante-em-chefe das forças em operações no Paraná e ainda comandante das Fortalezas de São João e da Laje.

Em 1895 foi reformado no posto de Marechal, por Decreto datado de 4 de julho de 1895.

No ano de 1908, dirigiu, com outros diretores, a Liga de Propaganda das Ciências Psicofísicas, entidade que se ocupava de todos os fenômenos regidos por forças supranormais.

Além da notável cultura filosófica e científica que demonstrou possuir, era ele senhor de riqueza bem maior e mais apreciável — a do coração, a dos sentimentos cristãos. Suportou, sereno e resignado, todos os golpes da calúnia, da intriga e do sarcasmo com que tentaram empanar-lhe o brilho de sua trajetória terrena.

A causa do Espiritismo no Brasil teve nele, portanto, uma das mais fortes colunas. Com sua pena culta, com sua palavra esclarecida e autorizada e com seu exemplo de cidadão reto e honrado, foi um dos maiores propagandistas a serviço da Doutrina Espírita.

No dia 20 de novembro de 1919, aos 78 anos de idade, Ewerton Quadros regressou à pátria espiritual.

 

 

 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita