Ensinar resiliência na infância
Não existe correlação entre QI e empatia emocional. Eles
são controlados por diferentes partes do cérebro. Daniel
Goleman
A resiliência é um conceito psicológico emprestado da
física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar
com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão
de situações adversas (choque, estresse etc.).
No começo da vida, o fator que instiga a resiliência é a
relação de amor e confiança que os pais constroem com
seus filhos. A criança confia em alguém nos momentos em
que se sente triste, com raiva, frustrada, com medo, por
exemplo, e ao contar o que sente, essa pessoa é capaz de
compreender sua experiência e ajudá-la a se acalmar. Na
medida em que essas experiências se repetem ao longo do
tempo, a criança percebe que o mal-estar que experimenta
nessas ocasiões é passageiro e que ela pode agir
(pedindo ajuda para vivenciar seus sentimentos na
companhia de alguém) para voltar a se sentir bem. Essas
experiências, além de evitarem que a criança fique
isolada com suas emoções difíceis, também representam a
base para o desenvolvimento de algumas características
encontradas em pessoas resilientes: a autoestima (ela se
sente amada, pois percebe de maneira reiterada que seus
pais estão preocupados em ajudá-la), a estabilidade
emocional (não fica tomada pelas emoções e os
sentimentos quando percebe que é capaz de assumir o
controle e agir para voltar a se sentir bem) e a
esperança (a criança percebe que o mal-estar não dura
para sempre, ou seja, ocasiões difíceis, desafiadoras,
surgem e desaparecem, à medida que a vida se desenrola
momento a momento).
Ferramenta importante na formação da autoestima, a
resiliência confirma que o adulto resiliente foi, no
geral, exposto a frustrações na infância. Os pais
precisam entender, por isso, que tirar todas as pedras
do caminho do filho é um desserviço, é uma atitude que
atrapalha a formação do ser humano. Deixar que o filho
erre e se frustre, mostrando, de outro lado, como ele
conseguiu vencer essa etapa, é o que agregará êxito à
sua autonomia futura.
Ainda. A chegada da adolescência faz com que a
resiliência se torne ainda mais importante, pois o
adolescente resiliente, em geral, está menos suscetível
a situações perigosas ou que o deixem vulnerável a
escolhas do grupo ou do seu entorno (má influência de
amigos, comportamento arriscado na internet etc.).
Nem sempre é fácil (aliás, resiliência é sobre isso),
mas reconhecer os aprendizados que situações difíceis ou
desafiadoras trazem estimula a criar crianças mais
felizes e adultos mais fortes e saudáveis.
Dicas e atitudes que promovem a resiliência infantil
Oferecer amor e presença. Pessoas resilientes foram
muito amadas na infância.
Participar ativamente da vida de seu filho.
Procurar não satisfazer todas as vontades do seu filho (não e frustração são
fundamentais para o desenvolvimento da criança).
Estimular as amizades, o espírito cooperativo, mostrando
como as pessoas podem se ajudar.
Permitir oportunidades de escolha, para que a criança se
veja como um agente de mudança.
Valorizar esforços e progressos para estimular
perseverança e disciplina para aprendizados de longo
prazo: tocar um instrumento, aprender a desenhar, nadar
etc.
Incorporar na rotina da criança o tempo para o brincar
livre, sem compromisso ou preocupações.
Possibilitar o contato regular com a natureza.
Ajudar o filho a encarar com serenidade quando algo sai
diferente do planejado e auxiliá-la a pensar ações para
resolver um desafio.
Respeitar o momento de frustração, mas depois conversar
sobre o aprendizado que uma situação ruim proporcionou.
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