Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Ensinar resiliência na infância


Não existe correlação entre QI e empatia emocional. Eles são controlados por diferentes partes do cérebro.
 Daniel Goleman


A resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas (choque, estresse etc.).

No começo da vida, o fator que instiga a resiliência é a relação de amor e confiança que os pais constroem com seus filhos. A criança confia em alguém nos momentos em que se sente triste, com raiva, frustrada, com medo, por exemplo, e ao contar o que sente, essa pessoa é capaz de compreender sua experiência e ajudá-la a se acalmar. Na medida em que essas experiências se repetem ao longo do tempo, a criança percebe que o mal-estar que experimenta nessas ocasiões é passageiro e que ela pode agir (pedindo ajuda para vivenciar seus sentimentos na companhia de alguém) para voltar a se sentir bem. Essas experiências, além de evitarem que a criança fique isolada com suas emoções difíceis, também representam a base para o desenvolvimento de algumas características encontradas em pessoas resilientes: a autoestima (ela se sente amada, pois percebe de maneira reiterada que seus pais estão preocupados em ajudá-la), a estabilidade emocional (não fica tomada pelas emoções e os sentimentos quando percebe que é capaz de assumir o controle e agir para voltar a se sentir bem) e a esperança (a criança percebe que o mal-estar não dura para sempre, ou seja, ocasiões difíceis, desafiadoras, surgem e desaparecem, à medida que a vida se desenrola momento a momento).

Ferramenta importante na formação da autoestima, a resiliência confirma que o adulto resiliente foi, no geral, exposto a frustrações na infância. Os pais precisam entender, por isso, que tirar todas as pedras do caminho do filho é um desserviço, é uma atitude que atrapalha a formação do ser humano. Deixar que o filho erre e se frustre, mostrando, de outro lado, como ele conseguiu vencer essa etapa, é o que agregará êxito à sua autonomia futura.

Ainda. A chegada da adolescência faz com que a resiliência se torne ainda mais importante, pois o adolescente resiliente, em geral, está menos suscetível a situações perigosas ou que o deixem vulnerável a escolhas do grupo ou do seu entorno (má influência de amigos, comportamento arriscado na internet etc.).

Nem sempre é fácil (aliás, resiliência é sobre isso), mas reconhecer os aprendizados que situações difíceis ou desafiadoras trazem estimula a criar crianças mais felizes e adultos mais fortes e saudáveis.

 

Dicas e atitudes que promovem a resiliência infantil

Oferecer amor e presença. Pessoas resilientes foram muito amadas na infância.

Participar ativamente da vida de seu filho.

Procurar não satisfazer todas as vontades do seu filho (não e frustração são fundamentais para o desenvolvimento da criança).

Estimular as amizades, o espírito cooperativo, mostrando como as pessoas podem se ajudar.

Permitir oportunidades de escolha, para que a criança se veja como um agente de mudança.

Valorizar esforços e progressos para estimular perseverança e disciplina para aprendizados de longo prazo: tocar um instrumento, aprender a desenhar, nadar etc.

Incorporar na rotina da criança o tempo para o brincar livre, sem compromisso ou preocupações.

Possibilitar o contato regular com a natureza.

Ajudar o filho a encarar com serenidade quando algo sai diferente do planejado e auxiliá-la a pensar ações para resolver um desafio.

Respeitar o momento de frustração, mas depois conversar sobre o aprendizado que uma situação ruim proporcionou.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita