A manutenção da felicidade
É inegável que uma chama divina existe em nós e
que pode ser apagada por não darmos a manutenção
nas conquistas de nossa existência. Adoramos as
metáforas, mas não as devemos levar ao pé da
letra. Ou não as seriam.
A chama à qual nos referimos é o sentido da
vida, é aquele conjunto de fatores que nos faz
sentir vivos, que nos faz querer acordar cedo e
produzir. Sim, sentido da vida para a maioria de
nós, pessoas comuns, não os missionários, é
composto por família, realização profissional e
espiritualidade. O tripé da felicidade.
E eles estão necessariamente relacionados.
Precisam estar em harmonia para que esse
sentimento, essa energia, não fique capenga.
A família é o laboratório do amor. Não tem como
amar a humanidade sem aprender a amar a família,
muitas vezes onde vamos encontrar nossas maiores
provações. É, aliás, uma ilusão, quando não uma
hipocrisia, dizer que se ama a todos sem amar os
de casa. "Aquele que não é fiel nas pequenas
coisas...” (Lucas, 16:10-18)
A doutrina espírita nos esclarece que aqueles
aos quais ferimos os sentimentos, usurpamos os
bens, abandonamos depois de promessas de afeto,
podem vir como filhos, irmãos, pais, enfim, como
um familiar para que possamos fazer a reparação
devida. Não há erro da parte Divina.
A realização profissional nos garante o pão
material e o desenvolvimento do nosso intelecto.
Para chegarmos a Deus temos que saber tudo e
isso somente será possível através de nossos
próprios esforços. Aliás, vale aqui uma analogia
com uma resposta de Emmanuel no livro O
Consolador: "porquanto o gênio, em qualquer
sentido, nas manifestações artísticas mais
diversas, é a síntese profunda de vidas
numerosas, em que a perseverança e o esforço se
casaram para as mais brilhantes florações da
espontaneidade". Não somente na arte como a
entendemos, mas na excelência de modo geral é
necessário o trabalho constante.
A espiritualidade é a consciência de nossa
natureza divina. É entender que não viemos para
ter, mas para desfrutar. A família com a qual
podemos crescer na arte de amar não é
propriedade nossa. É um empréstimo do qual,
inevitavelmente, prestaremos contas um dia. São
individualidades que vão trilhar seus próprios
caminhos. E que embora não possamos evitar isso,
podemos ajudá-los a se tornarem barcos fortes
diante das tempestades da vida.
A realização profissional, quando acompanhada da
espiritualidade, do Deus em nós, pode nos levar
a distribuir a felicidade que encontramos. Pode
nos conduzir a sermos líderes sem que sejamos,
necessariamente, chefes. Ela nos faz sentir
prazer no prazer que distribuímos, inspirando
pessoas.
Mas que tenhamos em mente que a manutenção é
muito mais difícil do que a conquista. E, acima
de tudo, que tenhamos a consciência, a todo
momento, que é a primeira que garante a
felicidade. Pois esse tesouro não está na
chegada, mas no caminho.