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por Rodinei Moura

 

A manutenção da felicidade


É inegável que uma chama divina existe em nós e que pode ser apagada por não darmos a manutenção nas conquistas de nossa existência. Adoramos as metáforas, mas não as devemos levar ao pé da letra. Ou não as seriam.

A chama à qual nos referimos é o sentido da vida, é aquele conjunto de fatores que nos faz sentir vivos, que nos faz querer acordar cedo e produzir. Sim, sentido da vida para a maioria de nós, pessoas comuns, não os missionários, é composto por família, realização profissional e espiritualidade. O tripé da felicidade.

E eles estão necessariamente relacionados. Precisam estar em harmonia para que esse sentimento, essa energia, não fique capenga.

A família é o laboratório do amor. Não tem como amar a humanidade sem aprender a amar a família, muitas vezes onde vamos encontrar nossas maiores provações. É, aliás, uma ilusão, quando não uma hipocrisia, dizer que se ama a todos sem amar os de casa. "Aquele que não é fiel nas pequenas coisas...” (Lucas, 16:10-18)

A doutrina espírita nos esclarece que aqueles aos quais ferimos os sentimentos, usurpamos os bens, abandonamos depois de promessas de afeto, podem vir como filhos, irmãos, pais, enfim, como um familiar para que possamos fazer a reparação devida. Não há erro da parte Divina.

A realização profissional nos garante o pão material e o desenvolvimento do nosso intelecto. Para chegarmos a Deus temos que saber tudo e isso somente será possível através de nossos próprios esforços. Aliás, vale aqui uma analogia com uma resposta de Emmanuel no livro O Consolador: "porquanto o gênio, em qualquer sentido, nas manifestações artísticas mais diversas, é a síntese profunda de vidas numerosas, em que a perseverança e o esforço se casaram para as mais brilhantes florações da espontaneidade". Não somente na arte como a entendemos, mas na excelência de modo geral é necessário o trabalho constante.

A espiritualidade é a consciência de nossa natureza divina. É entender que não viemos para ter, mas para desfrutar. A família com a qual podemos crescer na arte de amar não é propriedade nossa. É um empréstimo do qual, inevitavelmente, prestaremos contas um dia. São individualidades que vão trilhar seus próprios caminhos. E que embora não possamos evitar isso, podemos ajudá-los a se tornarem barcos fortes diante das tempestades da vida.

A realização profissional, quando acompanhada da espiritualidade, do Deus em nós, pode nos levar a distribuir a felicidade que encontramos. Pode nos conduzir a sermos líderes sem que sejamos, necessariamente, chefes. Ela nos faz sentir prazer no prazer que distribuímos, inspirando pessoas.

Mas que tenhamos em mente que a manutenção é muito mais difícil do que a conquista. E, acima de tudo, que tenhamos a consciência, a todo momento, que é a primeira que garante a felicidade. Pois esse tesouro não está na chegada, mas no caminho.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita