Amor e Ciência
A humanidade está rica de Ciências, mas muito pobre de bons sentimentos
“Espíritas, amai-vos; espíritas, instruí-vos.” - O Espírito de Verdade
A bondade infinita de Deus manifesta-se em todos os tempos, lugares e horas... Ele permitiu o avanço formidando da Ciência e da Tecnologia a patamares jamais imaginados há apenas alguns anos. Quantas descobertas em todos os departamentos da vida humana! Os avanços são tantos em todos os campos que mal conseguimos acompanhá-los. As novidades nas áreas da medicina, dos diversos ramos da engenharia e da eletrônica, por exemplo, mais parecem “milagres” materializados. Isso tudo num Orbe onde o mal ainda se sobrepõe ao bem!... Imaginemos, agora, quantas descobertas, quantas maravilhas serão descerradas à humanidade quando houver mais elevação moral nas criaturas e quando o mal bater em definitiva retirada!
Não sem motivos o Espírito de Verdade enunciou estes dois importantíssimos mandamentos de luz: amar e instruir. Notemos que o verbo “amar” vem em primeiro lugar, enquanto que o “instruir” vem em segundo. Consoante Emmanuel, aquele que ama avança na senda evolutiva mais rapidamente do que aquele que apenas tem conhecimentos...
Lacordaire lembra-nos muito oportunamente que “a sociedade civilizada está rica de Ciências, entanto, muito pobre de bons sentimentos”.
Dissertando em torno do Amor e da Ciência, Emmanuel afirma: “a Ciência pode estar cheia de poder, mas só o amor beneficia... A Ciência, em todas as épocas, conseguiu inúmeras expressões evolutivas. Vemo-la no mundo, exibindo realizações que pareciam inatingíveis; máquinas enormes cruzam os ares e o fundo do oceano; a palavra é transmitida, sem fios, a longa distância; a imprensa difunde raciocínios mundiais. Mas, para essa mesma Ciência, pouco importa que o homem lhe use os frutos para o bem ou para o mal. Não compreende o desinteresse, nem as finalidades santas. O amor, porém, aproxima-se de seus labores e retifica-os, conferindo-lhe a consciência do bem. Ensina que cada máquina deve servir como utilidade divina, no caminho dos homens para Deus; que somente se deveria transmitir a palavra edificante como dádiva do Altíssimo, que apenas seria justa a publicação dos raciocínios elevados para o esforço redentor das criaturas.
Se a Ciência descobre explosivos, esclarece o amor quanto à utilização deles na abertura de estradas que liguem os povos; se a primeira confecciona um livro, ensina o segundo como gravar a verdade consoladora. A Ciência pode concretizar muitas obras úteis, mas só o Amor institui as obras mais altas. Não duvidamos de que a primeira, bem interpretada, possa dotar o homem de um coração corajoso; entretanto, somente o segundo pode dar um coração iluminado...
O mundo permanece em obscuridade e sofrimento, porque a Ciência foi assalariada pelo ódio, que aniquila e perverte, e só alcançará o porto de segurança quando se render plenamente ao Amor de Jesus Cristo”.
Por tudo isso é que o nobre doutor tarsence escreveu aos coríntios: “a Ciência incha, o Amor edifica”. No mesmo diapasão, Allan Kardec aborda o assunto: “(...) O progresso intelectual realizado até ao presente, nas mais largas proporções, constitui um grande passo e marca uma primeira fase no avanço geral da humanidade; impotente, porém, ele é para regenerá-la. Enquanto o orgulho e o egoísmo o dominarem, o homem se servirá da sua inteligência e dos seus conhecimentos para satisfazer às suas paixões e aos seus interesses pessoais, razão por que os aplica em aperfeiçoar os meios de prejudicar os seus semelhantes e de destruí-los.
Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens reinem a concórdia, a paz, a fraternidade... Será ele que deitará por terra as barreiras que separam os povos, que fará caiam os preconceitos de casta e se calem os antagonismos de seitas, ensinando os homens a se considerarem irmãos que têm por dever auxiliarem-se mutuamente e não destinados a viver à custa uns dos outros.
Será ainda o progresso moral que, secundado então pelo da inteligência, confundirá os homens numa mesma crença fundada nas verdades eternas, não sujeitas a controvérsias e, em consequência, aceitáveis por todos.
A unidade de crença será o laço mais forte, o fundamento mais sólido da fraternidade universal, obstada, desde todos os tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os povos e as famílias, que fazem sejam uns, os dissidentes, vistos, pelos outros, como inimigos a serem evitados, combatidos, exterminados, em vez de irmãos a serem amados.
(...) A geração que desaparece levará consigo seus erros e prejuízos; a geração que surge, retemperada em fonte mais pura, imbuída de ideias mais sãs, imprimirá ao mundo ascensional movimento, no sentido do progresso moral que assinalará a nova fase da evolução humana”.
- KARDEC, Allan. A Gênese. 43. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. XVIII, itens 18 a 20.