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por Arleir Bellieny

 

A Covid-19 e as emoções


A etimologia da palavra emoção, origina-se do latim “ex-movere” significando “em movimento”. Logo se pode deduzir que trata-se de algo dinâmico e em constante transformação.

Da Grécia antiga ao Séc. XIX, as emoções eram consideradas como instintos básicos que deviam ser controlados para que a capacidade de pensar não fosse afetada.

Já em 1872, Charles Darwin (1) propôs uma linha de investigação para identificar as emoções básicas, ou universais de origem biológica, comparando as emoções dos humanos à dos animais. A partir do Séc. XX, porém, os estudos e pesquisas apontaram um novo rumo no entendimento das emoções. São inúmeros os teóricos notáveis que se ocuparam e se ocupam com as emoções. (2)

Para uma breve reflexão destaco Joseph LeDoux (3): “Emoções em ação tornam-se poderosos fatores de motivação para futuras atitudes. São elas que definem o rumo de cada ação e dão a partida nas realizações de longo prazo. Mas nossas emoções também podem nos trazer problemas. Quando o medo se transforma em ansiedade, o desejo dá lugar à ganância, uma contrariedade converte-se em raiva e a raiva em ira, a amizade dá lugar à inveja e o amor à obsessão, ou o prazer se torna um vício, as emoções começam a voltar-se contra nós. A saúde mental depende da higiene emocional e, na grande maioria, os problemas mentais refletem o colapso da organização emocional”.

As emoções podem ter consequências tanto úteis quanto patológicas.

Estamos vivendo momentos de significativa comoção social, com a Covid-19 e o coronavírus causando ameaças à saúde física e emocional dos seres humanos, que ainda continuam chorando as mortes dos que tiveram suas vidas ceifadas em todos os continentes. Parece que a mãe natureza está nos chamando à atenção para o exercício da fraternidade, como se quisesse nos dizer que não há liberdade sem igualdade. Como se não bastasse a empatia, que é o sentir a dor do outro, faz-se necessário o exercício da compaixão, saindo da singularidade e deixando que os sentimentos, pensamentos e atos se expandam, mudando a perspectiva e renovando o olhar para o outro, promovendo melhor equalização nas relações interpessoais. A compaixão se sustenta pelo desejo de ajudar outra pessoa superar os momentos de desdita pela qual esteja enfrentando. A empatia é como se fosse o gatilho para a aplicação da compaixão. Por ser um gesto altruísta, pode despertar nos demais um sentimento de generosidade. Acredito que todos nós podemos contribuir com o que somos para que o nosso próximo, ou distante, receba o melhor de nós com respeito e gratidão.

Qual a utilidade dessas informações para melhorar a nossa qualidade de vida e, por conseguinte, o autoconhecimento? Identificar os sentimentos através das emoções pode ser um grande avanço para essa conquista. Revele seus sentimentos e descubra-te a ti mesmo.

Comecemos observando as nossas atitudes diante da vida de relação. Como reagimos diante daquilo que nos incomoda, bem como o que nos agrada? Que critério aplicamos para avaliar nossas atitudes?  Usamos dos mesmos recursos para avaliar os outros? Aceitamos a crítica que nos é dirigida em igualdade de condições?

Sendo a emoção, movimento, podemos entender que ao longo da jornada evolutiva do Ser, essas mudanças são percebidas passo a passo. Efetivamente a evolução não dá saltos. Assim sendo, a percepção da intensidade qualitativa das emoções parece ser o elemento revelador da identidade espiritual.

As redes sociais criaram linguagens específicas para a moderna comunicação, formatando em expressões gráficas aquilo que julgam ser o sentimento em tempo real, isolando-se do divino contato físico; olhos nos olhos; abraço no abraço; da troca de energia física e psíquica que estimula os sentimentos mais íntimos que provocam a manifestação das emoções mais confiáveis, por serem naturais e humanas.

As emoções, portanto, se revelam nas atitudes proclamadas pelas nossas ações, manifestando os nossos sentimentos. São elas que causam o significado, promovendo o desenvolvimento da personalidade. Não temos o poder de prever nem de impedir a manifestação das emoções, mas podemos conhecer suas causas e prevenir os resultados.

O nosso pensamento emite vibrações e energia e quando associado às emoções, o nosso cérebro envia sinais ao coração e esse amplifica nossas vibrações dinamizando nossos pensamentos, proporcionando a sintonia com situações e pessoas como verdadeiros aliados.

Podemos considerar que sendo tudo energia e tudo vibra, as vibrações estando em toda parte, todo o planeta, todo o universo, buscar essa conexão pode ser o recurso natural de que tanto necessitamos para manter a nossa imunidade física e emocional em equilíbrio adequado, para continuarmos a caminhada com segurança em meio à turbulência que temos vivenciado junto aos percalços hodiernos.   

 

Referência bibliográfica:

(1) Charles Darwin’s book.

(2) Para sua pesquisa: William James, Henri Wallon, Paul Ekman, Magda   Arnold, Robert Plutchik, Antonio Damasio, Lisa F. Barrett, Jessé Prinz, Carl Lange e outros.

(3) O Cérebro Emocional - 3ª edição, 1998, pg. 19 - Objetiva RJ.

 

Arleir Belliney é psicólogo clínico, expositor  espírita e membro fundador da AME-Rio e AME Internacional (Associação Médico-Espírita do Rio de Janeiro e Associação Médico-Espírita Internacional)
 

 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita