Natural de Araguari (MG), onde reside, Públio
Carísio de Paula (foto) possui
Licenciatura em Português e Inglês e atua como
editor e empresário da Minas Editora. Autor de
10 livros e vice-presidente do CEC – Centro
Espírita Caridade (fundado em 1924), é
igualmente idealizador e fundador da Sementear
Cultura Arte e Educação. Vamos conhecer sua
trajetória.
Como se tornou espírita?
Nasci em berço espírita, meus avós e meus pais o
eram. Hoje sou auxiliar de minha mãe, que
continua a obra fundada pelo meu avô Adolfo
Carlos Carísio, tanto no CEC como no Educandário
Espírita Eurípedes Barsanulfo, onde a Sementear
realiza suas atividades.
Que diz sobre a vivência espírita?
A vivência espírita para mim tem dois vieses: o
1º relacionado com nossa atuação na sociedade
como cidadão, no lar, no trabalho etc.; o 2º
referenciado em nosso crescimento íntimo, como
espíritos imortais, transformando-nos
moralmente, atendendo ao imperativo da
iluminação espiritual.
Fale-nos sobre sua experiência editorial.
O trabalho na divulgação do livro é uma tarefa
que abracei desde a mocidade nos idos de 1981 em
diante. Compus com você e muitos outros colegas
uma equipe de divulgadores no Brasil e isso
sempre foi motivo de grande satisfação. Possuí
uma gráfica que mais tarde tornou-se editora,
nos anos 1990. Em 2000 a Minas Editora foi minha
seara de luz literária, tanto espírita como de
literatura brasileira. Amo o trabalho com o
livro.
A Minas Editora originalmente chamava-se Gráfica
Carísio Ltda. Por força do Jornal Perseverança,
que publicávamos na mocidade espírita desde
agosto de 1981, em 1984 meu pai comprou umas
máquinas 'tipográficas' para eu publicar o
jornal e também o Serviço da Mensagem Pe.
Germano. Graças a um amigo que pediu que fizesse
a impressão de uns envelopes de dízimo para a
sua Igreja, começamos a prestar serviços
comerciais, nascendo a gráfica. Sempre estive
engajado no Espiritismo, de berço; na literatura
pela mãe, membro da Academia de Letras e Artes
de Araguari e outras, escritora, professora de
música, artesã e dirigente espírita. Entre 1981
e 2000, publicamos o jornal, as mensagens, os
livros. Números? perto de 1.000.000 de jornais,
1.000.000 mensagens, 500.000 livros. No início
dos anos 2000 vendemos a oficina e ficamos
somente com a pré-impressão, mas prosseguimos na
publicação de livros espíritas e de literatura
brasileira. Tornei-me membro da Academia de
Letras e cursei a Licenciatura em Letras. A
editora prosseguiu suas publicações. Atuei
concomitantemente em sala de aula para o ensino
médio e pré-vestibular por nove anos, mesmo com
a Editora. Nos anos 2010, minha atuação
ampliou-se no setor da Cultura, muito além das
letras. Nos anos 2020, a Editora ampliou o seu
leque de serviços para o setor cultural,
prestando serviços de produção, gestão,
captação, entre outros no amplo espectro do
ambiente da Cultura, no moderno viés das
políticas públicas.
E a SEMENTEAR, o que é?
A Sementear chegou em 2019 como o início de uma
tarefa bem direcionada à Educação e Cultura.
Como o Centro Espírita Caridade-CEC -
instituição fundada há 97 anos (30-09-1924) em
que meu avô doou-se por toda a vida - realizou
sempre um programa no setor da educação e da
cultura, possuindo um edifício escolar - o
Educandário Espírita Eurípedes Barsanulfo
(05-10-1951) - e nele um teatro com 600 lugares,
tive juntamente com minha mãe, presidente, e eu
vice-presidente, ações nesse setor. De 1951 a
2009, entre a obra de construção do Educandário
(2.350 m2) e a execução do trabalho educacional,
estudaram aí mais de 40.000 alunos do ensino
fundamental, médio e superior. Nos anos 2000 a
2009 mantivemos atividades educacionais sociais
que atendiam gratuitamente crianças e jovens no
contraturno escolar aprendendo datilografia,
computação, corte e costura, inglês, espanhol,
trabalhos manuais, desenho e outros. A partir de
2009, abrimos o Teatro para a comunidade de
maneira mais efetiva e o rebatizamos de Teatro
Odette Machado Alamy, homenageando uma das
principais motivadoras da cultura em Araguari
nos anos 1930-1950. Queríamos criar uma situação
para trazer fundos que mantivessem nossas obras
sociais. Em 2009-2010 fizemos 107 eventos
culturais de todos os tipos de manifestação da
arte. A partir de 2011, passamos a exibir filmes
e inauguramos o Cine Teatro Odette, 35mm e
exibindo os principais lançamentos nacionais e
internacionais até 2015, quando a digitalização
dos cinemas foi implacável, fechando mais de 700
salas no Brasil. Fomos uma delas. Tristeza
geral, mas nenhum desânimo. Não conseguimos
levantar dinheiro para ampliar e digitalizar o
cinema. Paramos de exibir e ficamos somente com
o teatro e o prédio da escola, então sem uma
atividade que o ocupasse. Esperamos, a obra não
é nossa, é do Cristo. No movimento de 2009-2010,
conheci um jovem paraibano violoncelista que
acabava de mudar para Uberlândia, cidade vizinha
nossa e fiquei rendido ao violoncelo. Eu sempre
ouvi música clássica, desde a infância, mas o 'cello'
me arrebatou. Disse ao jovem professor da
Universidade Federal de Uberlândia, Kayami
Satomi: um dia quero fazer um projeto com o
violoncelo. Em outubro de 2016, o CEC recebeu
uma doação de R$ 20.000,00 e decidimos guardar o
dinheiro, iria aparecer algo que não sabíamos,
para usá-lo. No início de 2017, fevereiro,
recebi uma ligação de Kayami, que me falou: -
Tenho um professor de violoncelo para você, que
conhecê-lo? Marcamos na hora e em maio de 2017
iniciamos o PIC-Programa de Iniciação Cultural.
Fomos às escolas mais periféricas de Araguari e
falamos com mais de 1.000 crianças se queriam
estudar 'cello', nove crianças nos escolheram,
não fomos nós que as escolhemos. Compramos 9
cellos e iniciamos o curso piloto. Em agosto
continuamos... 2018, lutas. 2019, lutas. Em
julho de 2019, reunimos os diretores do CEC e os
companheiros que não tinham cargos diretivos e
decidimos abrir a Sementear. Somente uma
Associação específica de cultura e educação
poderia transitar nas políticas públicas do
setor e trazer recursos. Mais trabalho... 2020 e
2021... mais trabalho. Estamos muito felizes,
caminhamos para a formação de nossa Escola de
Artes... ela chegará, não sabemos quanto
demorará ainda, mas virá. A Regeneração precisa
de beleza, bondade e nobreza, a cultura e a
Educação fornecerão isso... Somos uma gota no
oceano, mas ele é maior por isso. Deus nos
abençoe, vamos perseverar.
O que percebe do atual momento da humanidade,
considerando os ensinos do Espiritismo e o
distanciamento em que nos situamos, como
aprendizes de todo esse contexto evolutivo?
O momento atual é especial demais para a
humanidade. Colhida em meio à sua vida
tradicional pelo fenômeno da pandemia da Covid
19, é convidada a refletir sobre suas
finalidades existenciais e a transitoriedade da
vida física. Vivemos um importante momento onde
podemos exercer nossas cidadania espiritual,
consolidando a Era Nova que tanto almejamos.
De sua experiência como palestrante, algo a
destacar?
Posso destacar quanto necessito dessa
oportunidade de palestrar. Não me reconheço sem
essa tarefa, pois sempre fui o mais carente do
aprendizado. Persevero nesse caminho na
esperança de haver aprendido e vivido o que
estudo, certo que não é ainda a expressão ideal.
Muito por viver e praticar do que estudo e
apresento aos amigos que me dão a honra de suas
atenções.
De suas lembranças no movimento espírita, o que
mais o marcou nessas décadas?
O exemplo de Divaldo Pereira Franco. Divaldo
ofereceu-me a subida honra da convivência como o
professor que reconhece a necessidade do aluno.
Ao passar a compartilhar algumas de suas
viagens, reconheci no que vi e ouvi um
verdadeiro servidor de Jesus e do Evangelho. A
sua humildade e espiritualidade é o fenômeno a
que me refiro, pois o fenômeno mediúnico de que
ele é protagonista lhe é inerente. O sacrifício
pessoal pelo Espiritismo marcou-me. Com esta
declaração, não me olvido dos grandes exemplos
dos meus numes tutelares, verdadeiros
benfeitores de minha caminhada terrena,
responsáveis pelo que possa ter de bom ou que
possa ter feito de bom. Homenageio esses amados,
onde estiverem, aqui, alhures ou além.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Vale a pena servir, precisamos servir,
incansáveis, mesmo de ‘joelhos desconjuntados’ e
crivados de espinhos.
Suas palavras finais.
Desejo dizer quanto foi bom revê-lo e recordar
nossas andanças e esforços pelo amado livro
espírita. A feiras, bancas e clubes do livro que
incentivamos, na equipe que me acolheu e juntos
pudemos acender muitas chamas de esperança e
aprendizado. Deus abençoe a todos os nossos
leitores amigos, rogando a Jesus brilhe a sua
luz sobre nós.
Notas do Entrevistador:
Site da editora: link-1
Canal do SEMENTEAR: link-2
Site do Centro Espírita
Caridade: link-3
Site do SEMENTEAR e PIC – Escola
de Artes – Ponto de Cultura: link-4
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