O que nos impressiona no texto abaixo é, sobretudo, a
sua atualidade. Chico Xavier escreve-o à Wantuil de
Freitas sob o guante de sofrimento advindo das
perseguições.
“[...] O que me dizes, reverentemente à atitude de certos
confrades que descambam para o terreno das provocações
declaradas, é a cópia do que sinto também. É muito triste vermos
companheiros, com tantas expressões de cultura evangélica,
arvorarem-se em lutadores e combatentes sem educação. Logo que
houve o agravo da sentença (caso Humberto de Campos), observando
a agressividade de muitos, escrevi mais de cinquenta cartas
privadas e confidenciais aos amigos da doutrina, com
responsabilidade na imprensa espiritista, rogando a eles me
ajudarem, por amor de Jesus, com o silêncio e a prece e não com
defesas precipitadas e, confesso-te, que algumas dessas cartas
foram escritas com lágrimas por mim, tal a desorientação de
certos amigos que facilmente se transformam em provocadores e
ironistas, esquecendo os mais comezinhos devores cristãos.
[...]”
Ele não padecia tanto pelo ataque que lhe vinha de fora, do
exterior, mas, sim, pelas agressões de dentro do nosso próprio
meio a irmãos que o não compreendiam. Tanto ele quanto Wantuil
de Freitas estavam entristecidos por constatarem que muitos
companheiros, com expressiva cultura evangélica, se
transformaram em verdadeiros combatentes até sem educação.
Diante de tanta agressividade, diante de tantos confrades que
tomaram iniciativa precipitada de defendê-lo, Chico escreve mais
de cinquenta cartas confidenciais a amigos com tarefas na
imprensa espírita, rogando-lhes em nome de Jesus que o ajudem,
sim, mas com o silêncio e a prece. Tal é a sua preocupação, que
muitas dessas cartas são “escritas com lágrimas”. Nesse
episódio, Chico Xavier sente, por extensão, a dor de ver que a
mensagem do Cristo não havia sido assimilada por esses irmãos.
Que se transformaram, sem o sentirem, em fomentadores da
discórdia e em instrumentos das trevas.
Que magistral lição ressuma dessa passagem da vida de Chico
Xavier!
Atacado injustamente, não revida.
Ofendido, silencia.
Caluniado, recolhe-se à oração.
Do livro Testemunhos de Chico Xavier,
de Suely Caldas Schubert.
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