Drª Marlene Nobre conta-nos um caso singular de
reencarnação identificada. O estranho caso começou por
volta de 1975, no Estado do Pará:
– No verão de 1976, Chico Xavier recebeu a visita de uma
professora muito simpática, acompanhada de seu irmão, um rico
fazendeiro com muitas terras, lavouras e gado naquele estado.
Contou a professora que seu irmão ali presente tinha uma filha
única de 21 anos, que se apaixonara por um rapaz filho de outro
fazendeiro, cujas terras eram limítrofes com os campos de seu
irmão. Precisamente por causa de divisas de terra, os dois
homens tornaram-se inimigos mortais, com atentados de ambas as
partes. De forma que seu irmão, ao saber da paixão da filha pelo
moço, primeiramente advertiu-a com a máxima severidade, mais
tarde ameaçou deserdá-la e mais adiante prendeu-a por dez dias a
pão e água no porão da casa da fazenda. Como a jovem não
aceitasse o término daquele amor, o pai enviou-a para São Luiz
do Maranhão, como interna num colégio de freiras.
Nesse ponto da narrativa o fazendeiro tomou a palavra e disse a
Chico Xavier: “Seu Chico, sou de outra religião, mas aceitei vir
aqui com minha irmã para lhe dizer que mesmo essa mudança de
cidade não adiantou, porque o cabra da peste descobriu o
paradeiro da minha filha, indo morar em São Luiz. Trouxe-a de
volta e agora estou diante do senhor para saber se tem alguma
reza forte para que minha Aninha esqueça esse cafajeste. Se não
tem, o único jeito de solucionar o caso é mandar esse cara pros
sete palmos. Não vou entregar minha fortuna para o filho de meu
pior inimigo”.
Chico ponderou-lhe que um tal amor sugeria o encontro de almas
gêmeas, que um tal amor não deveria ser proibido, que matar o
rapaz também não extinguiria a ligação de compromisso entre os
dois e que a única prece a fazer era pedir muita inspiração a
Deus, aos nossos espíritos superiores, etc. No dia seguinte, os
dois irmãos regressaram a Belém do Pará e, um mês após essa
visita, soube-se que o rapaz apaixonado fora morto numa
emboscada por dois pistoleiros, caso esse que a polícia não
haveria de deslindar.
Cinco anos após esse acontecimento, a professora paraense
retornou a Uberaba para falar com o médium Chico, a quem contou
isto: “Após a morte do rapaz, sua sobrinha caiu em profunda
depressão, quase a loucura. Ficou seis meses interna num
hospital psiquiátrico, após o que ganhou alta médica, em
observação. A seguir, a insistentes rogativas de seu pai,
concordou finalmente em casar-se com o filho de um fazendeiro da
região, este muito amigo da família. Feito o casamento, com
grande pompa e circunstância, 11 meses após nascia um lindo e
robusto menino, quando então passou a surgir um novo problema.
Com apenas um mês de idade, a criança demonstrava estranha
alergia pelo avô, felicíssimo com o neto varão. Ao longo de três
anos, uma imensa equipe de médicos especializados, psicólogos e
pediatras examinou o menino sem êxito, nem explicação
plausível”. Agora, a tia vinha indagar de Chico Xavier se havia
algum remédio para inverter ou melhorar essa situação,
possibilitando que a criança gostasse um pouco mais do avô. Ao
que Chico respondeu: Infelizmente, agora pouco se pode fazer.
Estão me dizendo aqui que o espírito dessa criança é o do
próprio rapaz que foi morto. A paixão de ambos não se findou com
a morte dele. Não tendo podido entrar em sua família pela porta
do matrimônio, voltou aos braços de sua amada pela via da
reencarnação.
Não se sabe o que aconteceu depois. Meditemos nele os que
imaginam enganar ou iludir as leis de Deus com expedientes
obsessivos e malvados.
Do livro Lições de Sabedoria, de Marlene Rossi Severino
Nobre.
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