Endereço muito procurado
Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de
Jesus, ainda que oculto pelo medo dos judeus pediu a
Pilatos permissão para tirar o corpo de Jesus, e Pilatos
concedeu-a. Foi José quem tirou o corpo. Nicodemos,
aquele que no princípio viera ter com Jesus de noite,
foi também, levando uma composição de cerca de cem
libras de mirra e aloés. Tomaram o corpo de Jesus e
envolveram-no em panos de linho com os aromas, como é de
costume entre os Judeus sepultar os mortos. No lugar em
que Jesus fora crucificado, havia um jardim e neste um
túmulo novo em que ninguém tinha ainda sido posto. Ali,
pois, por causa da Parasceve dos judeus e por estar
perto o túmulo, depositaram a Jesus.
(Jo, 19:38-41)
Devido aos dias tribulados que a humanidade está
atravessando, creio que a procura por Jesus tem sido
muito grande, principalmente entre aqueles que não
desconhecem que Ele ordenou que a tempestade se
acalmasse eliminando o perigo que ameaçava o barco dos
pescadores de almas. Chego até a crer que, mesmo fora do
cristianismo, ninguém se negará a aceitar uma ajuda tão
eficaz como a do Cristo envolta com muito amor, porque o
Divino Pastor não faz distinção alguma entre as suas
ovelhas divididas em rebanhos com denominações
diferentes pelo preconceito do ser humano.
Com a mais absoluta certeza o endereço do Mestre não é
aquele mencionado na transcrição acima do evangelho de
João, tão somente para relembrar à amnésia proposital do
homem da Terra que ao corpo físico do Mártir da cruz se
sucedeu o esplendor da imortalidade da vida abundante
que Ele anunciou e confirmou após os sofrimentos que por
ignorância lhe imputamos.
O endereço de Jesus também não é o dos mais variados
templos religiosos do cristianismo que o ser humano que
ainda não ama nem a si mesmo, nem a Deus ou ao seu
próximo, tem construído ao longo da sua peregrinação
sobre a face do planeta.
Qual, então, o endereço seguro do Governador da escola
da Terra?
Valemo-nos de uma página do livro Levantar e Seguir do
doutor José Carlos de Lucca, Editora Frei Luiz,
intitulada Onde Encontrar Jesus, no qual o autor
faz referência ao endereço correto no seguinte trecho:
“Minha igreja não é de pedra. Ela é a reunião de
corações que se unem no clima da fraternidade e do
auxílio. Quem quiser me encontrar, procure, antes, a
quem sofra e estenda a sua mão em meu nome, pois eu
estou em cada rosto sofrido, em cada estômago vazio, em
cada alma abatida, em cada lar em conflito. E assim,
você também será ajudado pelos laços do meu amor.”
E para que não nos percamos na rota segura, acrescenta o
mesmo autor: “Quem quiser me perder, procure-me na rua
chamada ‘egoísmo’, pois, lá, eu jamais estarei.”
Será que não é exatamente por estarmos buscando-O por
esse caminho que não temos encontrado Jesus?
Como está fácil encontrá-Lo neste período de grande
conturbação que atravessamos!
Quantas mesas vazias de lares miseráveis onde falta o
pão de cada dia não aguardam nossa visita para encontrar
Jesus?
Quantos lares enlutados pela dor da separação aparente
de entes queridos não esperam nosso comparecimento de
solidariedade para com a dor alheia para nos
encontrarmos com Jesus?
Quantos convites para que vivamos o orgulho, o egoísmo e
a vaidade para nos desencontrarmos com Jesus?
Quantas mensagens de pessimismo aguardam o silêncio de
nossos lábios como endereço seguro para encontramos
Jesus?
Em quantos que dormem sob marquises em noites de inverno
rigoroso temos conseguido ver Jesus?
Em quantas criancinhas vestidas com pouquíssimos
recursos sentimos ser o mesmo Jesus que pediu deixar ir
a Ele esses seres pequeninos?
A quantas pessoas que vasculham lixões à procura de algo
para mitigar a fome temos procurado atendê-los por amor
ao Cristo antes que cheguem a essa condição?
Quantas vezes temos pelo menos orado pelos velhos
recolhidos em casa de amparo ou pelas crianças abrigadas
em orfanato por entendermos que elas representam Jesus à
nossa espera?
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e
destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me;
estive na prisão e fostes-me ver.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando
te vimos com fome, e te demos de comer ou sede e te
demos de beber? Quando te vimos estrangeiro, e te
hospedamos ou nu e te vestimos? E quando te vimos
enfermo ou na prisão e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que
quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a
mim o fizestes.
Esse registro de Mateus é uma rota segura do endereço de
Jesus para todos aqueles que têm olhos de ver e ouvidos
de ouvir. E esse endereço pode estar à distância de um
estender de mãos ou a um passo dos corações sensíveis ao
sofrimento do semelhante.
Entretanto, apesar de ter sido anunciado aos homens há
mais de dois mil anos, esse endereço caiu no
esquecimento de um grande número que somente busca Jesus
para um socorro urgente na hora de suas próprias
necessidades!