A poesia é indispensável na infância
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar. (Cecília
Meireles)
O contato com a poesia pode acontecer de diversas
maneiras na vida de uma criança: canções, brincadeiras,
parlendas, livros e histórias.
Não só a escola, mas também em casa, a leitura de
poesias deve ser estimulada, à medida que constrói uma
ponte entre a criança, o mundo real e o simbólico,
desenvolvendo, por isso, a sensibilidade estética.
O hábito de ouvir e recitar poemas é, por exemplo, uma
ótima oportunidade de mostrar às crianças que as
palavras são como brinquedos: “Drome,
drome/Dromedário”(Canção para ninar dromedário – Sérgio
Capparelli); “Poesia/é brincar com palavras/como se
brinca/com bola, papagaio, pião.”(Convite – José Paulo
Paes).
Para quem sabe a importância da boa comunicação, a
leitura em voz alta de poemas na infância desenvolve a
atenção a aspectos da oralidade (entonação, acentuação e
ritmo) – e que são fundamentais nas situações de uso da
boa fala em sociedade.
Não menos importante, a familiaridade com os poemas
ajuda a criança a aprender palavras de vida, que
reforçam, por exemplo, os afetos e o amor pelo belo.
Isso, por sua vez, é essencial para que as crianças
aprendam a atribuir significado às coisas e
representá-las através da expressão artística,
desenvolvendo ainda a habilidade de apreciar os textos.
Sem esquecer que a poesia aprimora as emoções, aguça os
valores estéticos, no dia a dia, ou sempre que puder,
leia poesia para os seus filhos!
Pontinho de Vista – Pedro Bandeira
Eu sou pequeno, me dizem,
e eu fico muito zangado.
Tenho de olhar todo mundo
com o queixo levantado.
Mas, se formiga falasse
e me visse lá do chão,
ia dizer, com certeza:
— Minha nossa, que grandão!
A Canção dos tamanquinhos – Cecília Meireles
Troc… troc… troc… troc…
ligeirinhos, ligeirinhos,
troc… troc… troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
Madrugada. Troc… troc…
pelas portas dos vizinhos
vão batendo, Troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
Chove. Troc… troc… troc…
no silêncio dos caminhos
alagados, troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
E até mesmo, troc… troc…
os que têm sedas e arminhos,
sonham, troc… troc… troc…
com seu par de tamanquinhos…