Perder o animal de estimação...
Antes de ter amado um animal, parte da nossa alma
permanece desacordada. Anatole
France
Os laços de amizade entre crianças e animais de
estimação são, no geral, muito fortes. Por isso, quando
são quebrados pela realidade natural da morte, o
rompimento pode ser especialmente difícil para as
crianças. Além disso, para muitas crianças, esse é o
primeiro contato com a morte, sendo confuso, doloroso.
Dia desses, em uma loja de alimentos para pets, fiquei
chocada ao ouvir uma mãe contar rindo para a filha
pequena que o coelho da família morreu de insolação em
razão de um descuido do pai que o esqueceu preso na área
da churrasqueira. Lastimável a falta de respeito com a
vida do animalzinho e a péssima lição passada à criança…
Ao lidar com a morte, é sugerido que os pais sejam
honestos com as crianças e que usem uma linguagem clara
e apropriada à faixa etária para explicar o
acontecimento. Dizer, por exemplo, que o animal fugiu,
mentindo para a criança, gera a falsa expectativa de que
ele possa voltar e, ainda, fará ela se ressentir quando
descubra a mentira, afetando a confiança na palavra dos
pais.
Por ser difícil explicar o que é a morte para crianças,
principalmente quando estão elas próprias sofrendo com a
perda, os pais podem recorrer a livros infantis sobre o
tema. Auxiliar as crianças a colocar as emoções no papel
também pode ser útil – através de desenhos ou de uma
carta. A criança pode, por exemplo, a depender da idade,
escrever uma despedida, agradecendo ao bichinho por sua
participação em sua vida. Para crianças bem pequenas,
utilizar bichos de pelúcia ou fantoches ajuda a explicar
a situação.
Embora as crianças fiquem tristes com a morte do animal
de estimação, é dever dos adultos ensinar a elas sobre
os ciclos naturais da vida, ajudando-as a recordar os
bons momentos vividos ao lado do cachorro, do gato, do
porquinho-da-índia... Quando isso acontece, as crianças
aprendem que não estão sozinhas e que têm o apoio da
família em momentos difíceis.
Notinhas
Não podemos esquecer: os animais são nossos irmãos em
evolução.
Em casa, com a criança, como lidar com a morte do animal
de estimação? É preciso ser sincero, mas na medida:
1-preparar a criança: se o pet está doente ou velhinho,
faz sentido citar a perspectiva da morte; 2-falar sobre
a perda: a criança, dessa maneira, passará por uma
vivência real, aprendendo a encarar as emoções;
3-apostar em rituais: faça um enterro simbólico e
relembre histórias marcantes com o companheiro.
O que é importante evitar: 1-mascarar a partida, ou
seja, nada de agir como se o animal tivesse sumido,
fugido ou mudado de endereço, por exemplo… 2-o animal
foi sacrificado? Isso é mais complexo e , por isso,
evite dar detalhes à criança a respeito disso; 3-dar
logo outro animal à criança? Ora, passar pelo luto é
essencial. Depois disso, tudo bem dar outro animal à
criança.