Médiuns, o problema é conosco!
O desenvolvimento mediúnico é lento, não acontece de
improviso e, em geral, as primeiras manifestações são um
chamamento. Existem estágios a serem cumpridos e ninguém
atinge o topo da escada sem vencer os primeiros degraus.
O portador da mediunidade nem sempre teve a exata noção
de sua natureza e importância, adulterando sua elevada
finalidade e esquecendo-se muitas vezes do planejamento
assumido antes do seu retorno à carne.
Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na
acepção do termo. São almas que fracassaram porque
contrariaram, sobremaneira, o curso da Lei Divina, e que
resgatam, sob o peso de severos compromissos e
ilimitadas responsabilidades, o passado delituoso.
O corpo físico tem a função abençoada de abafar as
reminiscências do nosso passado para que construamos um
futuro feliz, sem muita perturbação. No entanto, a
matéria impõem graves entraves, e nossos instintos
muitas vezes paralisam os esforços de nossa
Inteligência, levando-nos a esquecer do dever assumido
com a mediunidade.
Em mediunidade, a disciplina, o trabalho, o estudo, a
renúncia, a atuação no bem e a conduta moral do médium
são requisitos fundamentais não tendo ele nenhum
privilégio, embora não lhe falta o amparo dos bons
Espíritos para que alcance seu desiderato, que é o de
atuar na seara de Jesus. Os Espíritos esclarecidos não
se vinculam a médium cuja indisciplina não lhes permite
traçar qualquer plano de trabalho. A reunião de estudos
auxilia o desenvolvimento da faculdade, e vincular-se a
uma tarefa de natureza assistencial é essencial para
quem deseja a incursão salutar nos domínios da
mediunidade.
A espécie de mediunidade não tem importância maior que a
do trabalho em si. Cada medianeiro está investido de
possibilidades únicas e nunca é absolutamente igual em
todos os que dela se ocupam. O médium também precisa
querer ser médium, pois a vontade participa ativamente
do processo do desenvolvimento, mas as faculdades têm
que estar presentes. Na maioria deles, mediunidade é
chama que com grande custo se mantém acesa; em muitos, o
vento das adversidades termina por apagá-la.
Mediunidade é uma pista de mão dupla na qual médium e
Espírito são parceiros, devendo trabalhar em regime de
mútua confiança. Os Espíritos Superiores não violentam o
livre arbítrio, eles exortam, convida, chamam. O
trabalhador não se paramenta e nem recorre a
subterfúgios místicos, mas ora com fervor mantendo-se
vigilante e confiando com determinação.
Mediunidade também não significa ascensão espiritual
porque, a rigor, todos os medianeiros estão em constante
desenvolvimento. Sem longos e continuados estudos e
exercícios, não há médium produtivo e de qualidade,
lembrando que a vaidade é o holocausto desses
trabalhadores. A humildade do medianeiro o imuniza
contra os perigos da ilusão, pois seu valor pessoal é
patrimônio intransferível. O médium que se preza não se
envolve em falatórios, foge a discussões sem proveito e
trabalha com discrição em regime de silêncio. Sabe que
nenhuma dificuldade vem para ficar, não desiste diante
das críticas e procura manter polido o espelho de seu
pensamento. Sabe que por misericórdia de Deus a
mediunidade é recurso precioso e instrumento das
orientações de que ele mesmo necessita para seu
realinhamento com a Lei Divina.
Porém, raro é o médium que em determinada fase da vida
não pensa em desistir de exercê-la. A mediunidade não
exime o médium das carências que lhes são naturais, não
o torna infalível, e é nesse momento que ele precisa
confiar e acreditar que Deus é Sabedoria, Bondade, Amor
e Compaixão.
Mediunidade é instrumento de progresso para a
Humanidade, libertando o homem da materialidade. Médium
nenhum, em tempo algum, se considere absolutamente apto,
sem necessidade de aprimorar-se, pois é na ação caridosa
e na disciplina que ele consegue sustentação e força
para perseverar na sua jornada de aprendizado e
conhecer-se melhor em sua própria humanidade. Aprende a
refletir sobre seus erros e se fortalece a cada
recomeço, trabalhando sua transformação interior e se
aproximando, cada vez mais, da dor alheia com outro
olhar, evitando julgamentos e exercitando a benevolência
e a indulgência.
Sejamos, pois, gratos pelas oportunidades que essa
ferramenta nos proporciona, e a serviço do Cristo,
sigamos adiante apesar dos percalços. Unamos nossos
esforços aos trabalhadores espirituais do bem com
confiança e amor, aceitando a tarefa de medianeiros
humildemente, semeando e entregando ao Pai o crescimento
da sementeira.
O problema é nosso, sim, e se assim não procedermos,
isso será causa de preocupação, sofrimento e perturbação
para nós mesmos.
Bibliografia:
BACCELLI, C. A. Ser Médium, ditado
pelo Espírito Odilon Fernandes – 2ª edição – Casa
Editora Espírita “Pierre Paul Didier” – Votuporanga/SP –
2007.
XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns,
ditado pelo Espírito Emmanuel – 13ª edição – FEB
–Brasília/DF – lição ‘Problema Contigo’ -2001.
____________ Compromisso Mediúnico,
ditado pelo Espírito Emmanuel – 28ª edição – FEB –
Brasília/DF – lição ‘Mensagem aos Médiuns’ – 2016.