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por Vania Pauletti

 

Médiuns, o problema é conosco!


O desenvolvimento mediúnico é lento, não acontece de improviso e, em geral, as primeiras manifestações são um chamamento. Existem estágios a serem cumpridos e ninguém atinge o topo da escada sem vencer os primeiros degraus. O portador da mediunidade nem sempre teve a exata noção de sua natureza e importância, adulterando sua elevada finalidade e esquecendo-se muitas vezes do planejamento assumido antes do seu retorno à carne.

Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção do termo. São almas que fracassaram porque contrariaram, sobremaneira, o curso da Lei Divina, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado delituoso.

O corpo físico tem a função abençoada de abafar as reminiscências do nosso passado para que construamos um futuro feliz, sem muita perturbação. No entanto, a matéria impõem graves entraves, e nossos instintos muitas vezes paralisam os esforços de nossa Inteligência, levando-nos a esquecer do dever assumido com a mediunidade.

Em mediunidade, a disciplina, o trabalho, o estudo, a renúncia, a atuação no bem e a conduta moral do médium são requisitos fundamentais não tendo ele nenhum privilégio, embora não lhe falta o amparo dos bons Espíritos para que alcance seu desiderato, que é o de atuar na seara de Jesus. Os Espíritos esclarecidos não se vinculam a médium cuja indisciplina não lhes permite traçar qualquer plano de trabalho. A reunião de estudos auxilia o desenvolvimento da faculdade, e vincular-se a uma tarefa de natureza assistencial é essencial para quem deseja a incursão salutar nos domínios da mediunidade. 

A espécie de mediunidade não tem importância maior que a do trabalho em si. Cada medianeiro está investido de possibilidades únicas e nunca é absolutamente igual em todos os que dela se ocupam. O médium também precisa querer ser médium, pois a vontade participa ativamente do processo do desenvolvimento, mas as faculdades têm que estar presentes. Na maioria deles, mediunidade é chama que com grande custo se mantém acesa; em muitos, o vento das adversidades termina por apagá-la.

Mediunidade é uma pista de mão dupla na qual médium e Espírito são parceiros, devendo trabalhar em regime de mútua confiança. Os Espíritos Superiores não violentam o livre arbítrio, eles exortam, convida, chamam. O trabalhador não se paramenta e nem recorre a subterfúgios místicos, mas ora com fervor mantendo-se vigilante e confiando com determinação.

Mediunidade também não significa ascensão espiritual porque, a rigor, todos os medianeiros estão em constante desenvolvimento. Sem longos e continuados estudos e exercícios, não há médium produtivo e de qualidade, lembrando que a vaidade é o holocausto desses trabalhadores. A humildade do medianeiro o imuniza contra os perigos da ilusão, pois seu valor pessoal é patrimônio intransferível.  O médium que se preza não se envolve em falatórios, foge a discussões sem proveito e trabalha com discrição em regime de silêncio.  Sabe que nenhuma dificuldade vem para ficar, não desiste diante das críticas e procura manter polido o espelho de seu pensamento. Sabe que por misericórdia de Deus a mediunidade é recurso precioso e instrumento das orientações de que ele mesmo necessita para seu realinhamento com a Lei Divina.

Porém, raro é o médium que em determinada fase da vida não pensa em desistir de exercê-la. A mediunidade não exime o médium das carências que lhes são naturais, não o torna infalível, e é nesse momento que ele precisa confiar e acreditar que Deus é Sabedoria, Bondade, Amor e Compaixão.

Mediunidade é instrumento de progresso para a Humanidade, libertando o homem da materialidade. Médium nenhum, em tempo algum, se considere absolutamente apto, sem necessidade de aprimorar-se, pois é na ação caridosa e na disciplina que ele consegue sustentação e força para perseverar na sua jornada de aprendizado e conhecer-se melhor em sua própria humanidade. Aprende a refletir sobre seus erros e se fortalece a cada recomeço, trabalhando sua transformação interior e se aproximando, cada vez mais, da dor alheia com outro olhar, evitando julgamentos e exercitando a benevolência e a indulgência.

Sejamos, pois, gratos pelas oportunidades que essa ferramenta nos proporciona, e a serviço do Cristo, sigamos adiante apesar dos percalços. Unamos nossos esforços aos trabalhadores espirituais do bem com confiança e amor, aceitando a tarefa de medianeiros humildemente, semeando e entregando ao Pai o crescimento da sementeira.

O problema é nosso, sim, e se assim não procedermos, isso será causa de preocupação, sofrimento e perturbação para nós mesmos.

 

Bibliografia:

BACCELLI, C. A. Ser Médium, ditado pelo Espírito Odilon Fernandes – 2ª edição – Casa Editora Espírita “Pierre Paul Didier” – Votuporanga/SP – 2007.

XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns, ditado pelo Espírito Emmanuel – 13ª edição – FEB –Brasília/DF – lição ‘Problema Contigo’ -2001.

____________ Compromisso Mediúnico, ditado pelo Espírito Emmanuel – 28ª edição – FEB – Brasília/DF – lição ‘Mensagem aos Médiuns’ – 2016.


 

 

     
     

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