Internacional
por Ana Moraes

Ano 15 - N° 764 - 20 de Março de 2022

 

Daniel Dunglas Home, o médium que levitava
 

Nesta data comemora-se mais um aniversário de nascimento de um dos
mais notáveis médiuns da história, Daniel Dunglas Home, que nasceu em 20 de março de 1833 em Currie, um subúrbio de Edimburgo, na Escócia, mas viveu a partir dos 9 anos com uma tia, nos Estados Unidos da América.

Em 1850, quando Home tinha 17 anos, sua mãe morreu e em breve a casa de sua tia começou a ser perturbada com batidas semelhantes às que tinham ocorrido dois anos antes na casa das irmãs Fox. Sua tia, com medo de que o rapaz tivesse parte com o demônio, expulsou-o de casa, o que fez com que ele se visse vagando pelo país, parando nas casas dos amigos que queriam ver suas habilidades como médium.

Esse modo de vida durou mais de 20 anos, uma vez que ele nunca pediu dinheiro para as suas sessões, apesar de ter sempre vivido muito bem com os presentes, as generosas doações e a hospedagem que recebia de seus muitos admiradores ricos.

Segundo alguns, havia duas razões pelas quais Daniel Home se recusava a receber pagamento direto: a primeira é que ele se via como em uma "missão para demonstrar a imortalidade"; o segundo motivo é que ele queria interagir com seus clientes como entre um cavalheiro e outro e não como um empregado deles.


O retorno à Europa

Em 1855, em uma viagem financiada por espiritualistas estadunidenses, ele foi à Inglaterra, onde realizou inúmeras sessões para pessoas notáveis à plena luz do dia. Um dos fenômenos que então produzia era o movimento de objetos à distância. Entre seus primeiros convidados às suas sessões estavam o cientista David Brewster, os romancistas Edward Bulwer-Lytton e Anthony Trollope, o socialista Robert Owen e o swedenborgiano James John Garth Wilkinson.

Com as sessões sua fama cresceu muito, impulsionada especialmente pelo fenômenos de levitação.O grande físico William Crookes,
que também investigava os fenômenos espíritas, declarou saber de mais de 50 ocasiões nas quais Home tinha levitado, muitas das quais a uma altura de um metro e meio a dois metros do solo e à plena luz do dia, como atestou Frank Podmore neste depoimento: "Todos o vimos elevar-se do chão até uma altura de um metro e oitenta, ficar lá por cerca de dez segundos e, depois, descer vagarosamente".

Nos anos seguintes Home viajou pela Europa continental, sempre como convidado de patrocinadores ricos. Em Paris ele realizou uma sessão para Napoleão III. Na Holanda, ele se apresentou para a rainha Sofia, que assim relatou a experiência: "Eu o vi quatro vezes … eu senti uma mão tocando a ponta dos meus dedos, vi um sino dourado pesado movendo-se sozinho de uma pessoa para outra, vi meu lenço mover-se sozinho e retornar para mim com um laço… Ele mesmo é um jovem pálido, doentio e bastante bonito, mas sem uma aparência ou qualquer coisa que pudesse quer fascinar quer assustar alguém. É maravilhoso. Eu me sinto tão feliz de ter visto isso”.


A adoção depois revogada

Em 1866 a Sra. Lyon, uma viúva rica, adotou-o como filho e lhe concedeu 60.000 libras, em uma aparente tentativa de obter ingresso na alta sociedade. Descobrindo que a adoção não tinha alterado sua situação social, ela se arrependeu do que havia feito e entrou com uma ação para obter de volta o seu dinheiro sob a alegação de que ele tinha sido obtido por influência espiritual. Sob a lei britânica, à defesa cabe o peso de provar contra nesses casos e provar contra era impossível por falta de evidências físicas. Concordantemente, o caso foi decidido contra Daniel Home, o dinheiro da Sra. Lyon foi devolvido e a imprensa aproveitou para ridicularizá-lo. É de se notar que os conhecidos de Daniel Home na alta sociedade entenderam que ele se havia comportado como um completo cavalheiro e ele não perdeu um único de seus amigos importantes.

Home encontrou-se com um dos amigos mais próximos em 1867, o jovem lord Adare (mais tarde Windham Thomas Wyndham-Quin, o quarto conde de Dunraven and Mount). Adare ficou fascinado por Home e começou a documentar as sessões que eles fizeram. Uma das levitações mais famosas de Home ocorreu em uma dessas sessões no ano seguinte. Diante de três testemunhas – lord Adare, o capitão Wynne e James Ludovic Lindsay (Lord Lindsay) – Home teria levitado para fora de uma janela de um quarto em um terceiro andar e entrado de volta pela janela do quarto ao lado.

Home casou-se duas vezes. Em 1858, aos 25 anos de idade, ele se casou com Alexandria de Kroll, de 17 anos, filha de uma família nobre russa. Eles tiveram um filho, Gregoire, mas Alexandria adoeceu de tuberculose e morreu em 1862. Em outubro de 1871, Home casou-se pela segunda vez, com Julie de Gloumeline, uma rica senhora russa que ele conheceu em São Petersburgo. No correr dos fatos converteu-se à fé grega ortodoxa.


As faculdades mediúnicas de Home

De acordo com o escritor e médico Sir Arthur Conan Doyle, autor do livro The History of Spiritualism (traduzido para o português com o título A História do Espiritismo), Home possuía quatro tipos diferentes de mediunidade: voz direta (a habilidade de deixar os espíritos falarem de forma audível); psicofonia (a habilidade de deixar os espíritos falarem através dele); clarividência (a habilidade de  ver coisas que estão fora de vista); e mediunidade de efeitos físicos (mover objetos à distância, levitação, materialização etc.).

Home suspeitava de qualquer médium que alegasse possuir faculdades que ele não possuía, e ele denunciava bastante as demonstrações mediúnicas que julgava como fraudulentas. Uma vez que os médiuns de materialização costumavam trabalhar em locais escurecidos, Home exigia que todas as suas sessões fossem feitas à luz do dia.

Entre 1870 e 1873, o físico Sir William Crookes conduziu experimentos para determinar a validade dos fenômenos produzidos por três médiuns: Florence Cook, Kate Fox e Daniel D. Home. O relatório final de Crookes, publicado em 1874, concluiu que os fenômenos produzidos pelos três médiuns eram genuínos, um resultado que gerou polêmica entre o establishment científico da época. No caso de Home, Crookes registrou que em alguns experimentos ele controlou e segurou o médium colocando seus pés em cima dos dele.

Aos 38 anos Home se aposentou. Sua saúde estava mal – a tuberculose, da qual ele tinha sofrido pela maior parte de sua vida, estava avançando – e seus poderes, segundo ele próprio, estavam falhando.

Home faleceu aos 53 anos no dia 21 de junho de 1886, tendo seu corpo sido enterrado no cemitério de St. Germain-en-Laye, em Paris.


 
  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita