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por Juan Carlos Orozco

 

Compreendendo a dor com Léon Denis


Esta reflexão sobre a dor extrai alguns esclarecimentos e ensinamentos do livro “O problema do ser, do destino e da dor”, de Léon Denis.

A dor, assim como o sofrimento, têm a sua razão de ser.

Nas trajetórias evolutivas, “tudo o que vive neste mundo, natureza, animal, homem, sofre e, todavia, o amor é a lei do universo e por amor foi que Deus formou os seres. (...) A dor segue todos os nossos passos; espreita-nos em todas as voltas do caminho” (Léon Denis, pág. 347).

“Fundamentalmente, a dor é uma lei de equilíbrio e educação. Sem dúvida, as falhas do passado recaem sobre nós com todo o seu peso e determinam as condições de nosso destino. O sofrimento, muitas vezes, não é mais do que a repercussão das violações da ordem eterna cometidas; mas, sendo partilha de todos, deve ser considerado como necessidade de ordem geral, como agente de desenvolvimento, condição do progresso. Todos os seres têm de, por sua vez, passar por ele. Sua ação é benfazeja para quem sabe compreendê-lo; mas somente podem compreendê-lo aqueles que lhe sentiram os poderosos efeitos.” (Léon Denis, págs. 347 e 348.)

“A dor e o prazer são as duas formas extremas da sensação. Para suprimir uma ou outra seria preciso suprimir a sensibilidade. São, pois, inseparáveis, em princípio, e ambos necessários à educação do ser, que, em sua evolução, deve experimentar todas as formas ilimitadas, tanto do prazer como da dor.” (Léon Denis, pg. 348.)

Assim, a dor e o prazer são meios de educar e agentes de progresso, em que as causas dos sofrimentos atuais se encontram nas violações do passado, anteriores aos efeitos, determinando as condições do destino de cada ser. Os benefícios da dor e do sofrimento alcançam aqueles que souberam compreender as suas ações e os seus efeitos.

“A tristeza e o sofrimento fazem-nos ver, ouvir, sentir mil coisas, delicadas ou fortes, que o homem feliz e o homem vulgar não podem perceber.” (Léon Denis, pág. 349.)

A alma deve conquistar todos os elementos e atributos para se libertar dos sentimentos inferiores, renovar a sua morada e alcançar a verdadeira felicidade, mas para isso precisa dos obstáculos, das exigências e das duras lições que provocam os esforços e formam a experiência necessária para atingir a meta evolutiva.

Nos estágios inferiores da vida, há que se passar pelas provações e expiações da luta do bem contra o mal dentro do próprio íntimo, para se adquirir a conscientização necessária para o pleno exercício do livre-arbítrio e tornar possível o triunfo futuro.

“A dor física é, em geral, um aviso da natureza, que procura preservar-nos dos excessos. Sem ela, abusaríamos de nossos órgãos a ponto de os destruirmos antes do tempo.” (Léon Denis, pág. 352.) A dor adverte, sensibiliza, educa, conscientiza, liberta, renova e permite a elevação do ser, ou seja, colher os frutos da dor.

Quanto mais a alma se eleva, mais a dor se espiritualiza e torna sutil. Quanto mais o ser humano se aperfeiçoa, mais admiráveis se tornam os frutos da dor.

Sempre haverá sanção quando os deveres são violados e compensações para as dores vivenciadas. O maior juiz das nossas faltas é a própria consciência.

A lei dos destinos estabelece uma ordem no mundo moral, cujo mecanismo consiste em que todo mal se resgata pela dor. Por outro lado, todo o bem realizado segundo a lei de Deus proporciona tranquilidade e contribui para a sua elevação. Tudo isso determina as condições do destino de cada ser.

O sofrimento na Terra é instrumento de educação e progresso, obrigando os seres a enfrentar diversas situações que contribuem para adquirir a experiência necessária. Sem a dor, como conhecer a alegria; sem a sombra, como apreciar a luz.

As provações fazem compreender a nossa fragilidade e descobrir as verdadeiras riquezas espirituais. A cada dor que fere, aproxima-se um pouco mais da verdade e da perfeição. Assim, sofremos a ação de uma causa anterior e da lei que preside os destinos das almas, das sociedades e dos mundos.

“O objetivo da evolução, a razão de ser da vida não é a felicidade terrestre, como muitos erradamente creem, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, e esse aperfeiçoamento devemos realizá-lo por meio do trabalho, do esforço, de todas as alternativas da alegria e da dor, até que nos tenhamos desenvolvido completamente e elevado ao estado celeste.” (Léon Denis, pág. 110.)

Todas as nossas vidas são solidárias umas com as outras e se encadeiam rigorosamente. As consequências dos nossos atos constituem uma sucessão de elementos que se ligam uns aos outros pela estreita relação de causa e efeito. Sofremos os resultados inevitáveis.

Pela pluralidade de existências, desenvolve-se o princípio da vida que ilumina as consciências adormecidas. As dores do passado não ficam perdidas. Sob o açoite das provas e do sofrimento intenso da dor, todos sobem e se elevam.

Pela reencarnação, cada ser vem para prosseguir a tarefa de aperfeiçoamento interrompida pela existência anterior. É pela lei do esforço que o Espírito se afirma, triunfa e desenvolve-se. É na Terra onde se travam as batalhas incessantes do bem contra o mal.

Ao compreendermos o problema do ser, do destino e da dor, levantar-se-á no céu de seu destino uma nova estrela, “cujos raios trêmulos penetram no santuário de sua consciência e lhe iluminam os recônditos. (...) cada dor é um sulco onde se levanta uma seara de virtude e beleza” (Léon Denis, pág. 335).

“O universo é justiça e amor. Na espiral infinita das ascensões, a soma dos sofrimentos, divina alquimia, converte-se, lá em cima, em ondas de luz e torrentes de felicidade.” (Léon Denis, pág. 368.)

 

Bibliografia:

DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 32ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita