A caridade segundo Paulo
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela
sua transformação moral, e pelos
esforços que faz para domar suas más
inclinações.” (Allan Kardec, E.S.E.,
XVII, 4.)
O que é a caridade? Seria as esmolas,
levarmos comida a quem precisa? Sem
dúvida que esse é um ato caritativo, mas
não resume a grandiosidade desta
virtude, pois a caridade na verdade
contempla a ajuda material, mas também
e, principalmente, nossa conduta perante
a vida, as pessoas e a espiritualidade.
A forma de falar, ouvir, enxergar as
pessoas, nosso pensamento, enfim, nossa
forma de nos apresentarmos para o nosso
próximo demonstra o quanto estamos sendo
caridosos.
A Caridade está muito bem explicada na
icônica epístola aos coríntios de Paulo,
onde ele demonstra em poucas palavras o
que significa a profunda e primordial
Caridade em nossas vidas:
“Ainda
que eu falasse as línguas dos homens e
dos anjos, e não tivesse caridade, seria
como o metal que soa ou como o sino que
tine”.
Essas palavras são profundas, pois o som
de metais, sinos, impressiona muito, mas
são apenas sons que, em si, nada mudam
em nossas vidas; necessários se fazem os
pensamentos, palavras e ações.
De nada adianta ser empolgante em suas
palavras, mas ainda ter as ações
pequenas e limitadas dentro do aspecto
do bem e da eliminação das nossas
vaidades, orgulho e egoísmo.
Os exemplos nas nossas atitudes, na luta
pela mudança íntima, contra as
imperfeições, precisam fazer parte da
vida dos que se dedicam à propagação da
doutrina Espírita.
“E ainda que tivesse o dom de profecia,
e conhecesse todos os mistérios e toda a
ciência e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os
montes, e não tivesse caridade, nada
seria.”
A mediunidade e o entendimento da
doutrina nos impõem mais
responsabilidade frente à vida.
Simplesmente estudar a doutrina e ter o
conhecimento espiritual não faz de nós
uma criatura caridosa. Jesus disse que
agradecia a Deus por haver escondido os
mistérios divinos dos sábios e os
revelado aos simples. A mediunidade e o
entendimento das Leis de Deus dão sim,
ao ser, maior responsabilidade frente à
vida, abre nossa visão sobre a vida, mas
exige de nós uma luta maior dentro de
nosso ser.
“E
ainda que distribuísse toda a minha
fortuna para sustento dos pobres, e
ainda que entregasse o meu corpo para
ser queimado, e não tivesse caridade,
nada disso me aproveitaria.”
A intenção que deverá moldar o
comportamento do Espírita nas suas
decisões de ajudar e como ajudar. O
autoflagelamento não nos faz melhores,
mas sim os atos elevados em busca do
equilíbrio e da ajuda ao próximo.
“A caridade é sofredora, é benigna; a
caridade não é invejosa; não trata com
leviandade; não se ensoberbece.”
O perdão bem como a resignação devem
nortear o espírita em sua busca de viver
a verdadeira caridade, e nunca esquecer
a prudência nos atos.
“Não se porta com indecência, não busca
os seus interesses, não se irrita, não
suspeita mal. Não folga com a injustiça,
mas folga com a verdade.”
Vivemos um momento onde busca-se a
satisfação pessoal, ilusão dos sentidos,
a necessidade de satisfazer as paixões
em detrimento das coisas importantes e
básicas da vida. Precisamos aprender a
desenvolver a paciência, a sensatez e
lutar para nunca nos irritarmos, dar o
relativo valor às coisas materiais e
aprender a valorizar os valores da alma,
pois, senão, estaremos perdendo a razão
e o sentimento mais profundo e colocando
tudo a perder.
“Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta.”
Aprendemos que tudo na vida tem a sua
hora e devemos saber esperar, seguindo
trabalhando, é mais uma das
características da caridade. Precisamos
de orar, meditar para ampliar a nossa
visão da vida, ultrapassando os limites
da vida material e sermos transportados
em pensamento à vida espiritual.
“Agora, pois, permanecem a fé, a
esperança e a caridade. Mas a maior
destas é a caridade.”
A luta pela mudança íntima,
desenvolvendo para ser humilde,
construir obras dentro de nosso ser,
tais como a bondade, perdão, razão,
justiça, amor ao próximo como a si
mesmo. Assim mostraremos a nós mesmos
que estamos tendo fé e esperança, mas,
ainda mais, estaremos desenvolvendo a
caridade em nossos corações e, portanto,
libertando-nos do egoísmo e encaminhando
nosso espírito para o Reino de Deus,
dentro de nós.
“Todos os deveres do homem se encontram
resumidos na máxima: Fora da caridade
não há salvação.” (Allan Kardec, ESE,
cap. XV, item 5.)