Se desejas
Toda melhora parece distante.
Toda superação surge como sendo quase impossível.
Pediste, porém, o berço terrestre, no exato lugar em que
te cabe aprender e reaprender. Não olvides, por isso,
que o domínio da lição não dispensa a vontade.
Recebeste no lar muitos daqueles que te não alimentam a
simpatia. No entanto, se desejas, podes transformar toda
aversão em amor, desde que te decidas a ajudá-los com
paciência.
Sofres o chefe insano, a crivar-te de inúmeros
dissabores. Contudo, se desejas, podes convertê-lo em
amigo, desde que te disponhas a auxiliá-lo sem
pretensão.
Padeces dura condição social, renteando o infortúnio.
Todavia, se desejas, podes transfigurar a subalternidade
em elevação, desde que te eduques, para que a vida te
use em plano mais alto.
Trazes o órgão enfermo, a cercar-te de inibições.
Entretanto, se desejas, podes aproveitá-lo, na própria
sublimação, em nível superior.
Ainda hoje, é possível encontres sombras enormes...
O obstáculo dos que te não compreendem, a palavra dos
que te insultam, o apontamento insensato ou as lágrimas
que a prova redentora talvez te venha pedir.
Mas podes usar o silêncio e a oração, clareando o
caminho...
Declaras-te sem trabalho, amargando posição desprezível,
mas, se desejas, podes ainda agora começar humilde
tarefa, conquistando respeito e cooperação.
Acusam-te de erros graves, criando-te impedimentos, mas,
se desejas, podes tomar, em bases de humildade e
serviço, a atitude necessária à justa renovação.
Sentes-te dominado por esse ou aquele hábito vicioso,
que te exila no desapreço, mas, se desejas, podes reaver
o próprio equilíbrio, empenhando energia e tempo no suor
do trabalho digno.
Afirmas-te na impossibilidade de socorrer os
necessitados, mas, se desejas, podes efetuar pequeninos
sacrifícios domésticos em favor dos outros, de modo a
que tua vida seja uma bênção na vida de teus irmãos.
Para isso, porém, é preciso não esquecer os recursos
singelos que tanta gente deixa ao olvido...
O minuto de tolerância.
O esquecimento de toda injúria.
O concurso anônimo.
A bondade que ninguém pede.
O contacto do livro nobre.
A enxada obediente.
A panela esquecida.
O tanque de lavar.
A agulha simples.
A flor da amizade.
O resto de pão.
Queixas-te de necessidade e desencanto, fadiga e
discórdia, abandono e solidão, mas, se realmente
desejas, tudo pode mudar.
Do Religião dos Espíritos, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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