Família amorosa, refúgio
Essas e outras mortes ocorridas na família me deram,
desde pequenina, uma tal intimidade com a morte que
docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o
Eterno. Em toda vida, nunca me esforcei por ganhar nem
me espantei por perder. A noção ou sentimento da
transitoriedade de tudo é o fundamento da minha
personalidade. Cecília
Meireles
Ninguém duvida: criança precisa de um lar guiado pelo
amor, pelo afeto, pelo respeito. E criar um ambiente
familiar gentil e afetuoso depende de esforço e uma
atenção cotidiana.
Aqui e ali, por todos os caminhos, é o amor quem orienta
a formação de qualquer ser humano. Porque a criança,
desde o começo, aprende principalmente pelo que é
sentido, pelo que é vivido por ela com os pais. Ou seja,
se queremos ter filhos amorosos e alegres, o mais
importante é que nos tratemos também com carinho e amor,
consciente de que, por amor, é preciso aprender lidar
com as diferenças dentro de casa e agir com equilíbrio
diante dos conflitos – quem falou que o filho gostará
das mesmas coisas de que gostamos?
Obviamente, no dia a dia, problemas vão surgir, porque
ninguém está livre disso. Mas é a maneira como lidamos
com as dificuldades que importa. Se, por exemplo, o
filho errou, não tem por que dizer a ele: “Viu? Eu te
avisei.” Nesses casos, sem ser conivente com o erro, o
que faz sentido é acolher o filho, procurando manter a
intimidade e a confiança.
Vida familiar depende de exemplos. E o exemplo tem de
vir dos adultos. A dica é procurar manter-se bem,
equilibrado, e, em relação à rotina familiar, dividir as
tarefas entre os membros da casa, respeitando, é claro,
a idade dos filhos e os seus recursos emocionais e
cognitivos.
Aqui se encontra o segredo de um cenário doméstico
gentil e seguro: um ambiente familiar amoroso implica
também interessar-se em proporcionar momentos de
descontração e alegria entre pais e filhos. Atividades
que reúnam a família como preparar uma refeição juntos,
realizar um passeio no parque ou participar de uma
brincadeira ao ar livre ajudam nesse processo de gerar
experiências comuns de união e harmonia.
Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de
família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os
quais prendem os espíritos antes, durante e depois de
suas encarnações.
Allan Kardec
Notinha
É importante lembrar que ser amoroso é distinto de ser
permissivo. Um mãe ou um pai amoroso saberá impor-se
quando necessário, mas sem ofender ou causar medo na
criança.