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por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

 

Os filósofos reencarnacionistas e Jesus


Alguns acreditam que a reencarnação é uma ideia que prepondera tão somente na religiosidade oriental, mas ela também foi largamente propagada na esfera ocidental – confira aqui.

Os discípulos de Pitágoras (pensador grego, além de exímio matemático e astrônomo, com significativas contribuições para a música) foram influenciados pela doutrina da reencarnação e, por sua vez, inspiraram Sócrates e seu discípulo Platão.

Sócrates e Platão defendiam igualmente que a alma, depois da morte do corpo, volta à vida espiritual, após ter-se demorado lá (Hades) pelo tempo necessário, sendo trazida de volta a esta vida (carnal) por numerosos e longos períodos reencarnatórios.

Dessa forma, Sócrates, o filósofo reencarnacionista, que acredita em um Deus único, na imortalidade da alma e em um gênio guardião, aceitou a condenação e não temeu a morte, porque acreditava nas suas ideias e na vida imortal.

Sócrates deu novo rumo à compreensão da ideia de felicidade, postulando que ela não se relaciona apenas à satisfação dos desejos e necessidades do corpo, pois, para ele, o homem não era só o corpo, mas, principalmente, a alma. Assim, a felicidade era o bem da alma, que só poderia ser atingida por meio de uma conduta virtuosa e justa.

Para Sócrates, sofrer uma injustiça era melhor do que praticá-la e, por isso, certo de estar sendo justo, não se intimidou nem diante da condenação à morte por um tribunal ateniense. Demócrito (460-370 a.C.) foi um filósofo grego do período pré-socrático e da escola atomista, que julgava que todos os elementos do universo eram compostos de átomos. Ele defendeu essa ideia socrática: “Se você sofreu alguma injustiça, console-se; a verdadeira infelicidade é cometê-la”.

O filósofo Sócrates, como Jesus Cristo, apenas defendeu seus pensamentos verbalmente, não deixando nada escrito. Seus ideais foram disseminados por seus discípulos. Ambos aceitaram pacificamente a sua condenação injusta e o sacrifício pelas suas verdades.

Jesus, que era mestre, usou da técnica da maiêutica socrática (que consiste na arte de conduzir alguém a produzir o próprio conhecimento por meio de perguntas) quando conversou com um doutor da lei. “E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: ‘Mestre, que farei para herdar a vida eterna?’; e ele lhe disse: ‘Que está escrito na lei? Como lês?’. E, respondendo ele, disse: ‘Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo’. E disse-lhe: ‘Respondeste bem; faze isso, e viverás’. Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: ‘E quem é o meu próximo?’” (Lucas 10:25-29). O mestre Jesus conta então a parábola (que muitos conhecem) do samaritano.

E conclui, levando o doutor a fazer o parto do conhecimento espiritual: “’Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?’. E ele disse: ‘O que usou de misericórdia para com ele’. Disse, pois, Jesus: ‘Vai, e faze da mesma maneira’.” (Lucas 10:36,37)

 

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é diretor da Editora EME.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita