No grande minuto
No grande minuto da experiência, disseste, desapontado:
— Só vejo o mal pelo bem.
— Não posso mais.
— Fracassei.
— Agora é parar com tudo.
— Fiz o possível.
— Não me fales mais nisso.
— Estou farto.
— Muito difícil.
— Em tudo é desilusão.
— Sofri que chega.
— Continue quem quiser.
— Ninguém me ajuda.
— Deixa-me em paz.
— Estou vencido.
— Não quero complicações.
— É problema dos outros.
— Não sou santo.
— Desisti.
— Basta de lutas.
Entretanto, sombra vencida é porta de luz maior.
Se os amigos fugiram, continua fiel ao bem. Se tudo é
aflição em torno, não desanimes. Se alguém te calunia,
responde sempre fazendo o melhor que possas. Se caíste,
levanta-te renovado e corrige a ti mesmo.
Não existe merecimento naquilo que nada custa. Todos nós
aprendemos e trabalhamos, dias e dias, e, às vezes, por
muitos anos, para vencer nesse ou naquele grande momento
chamado «crise».
É a vitória na crise que nos confere mais ampla
capacidade.
Se pedes roteiro para mirar, recorda o Cristo, na
derrota aparente.
Humilhado e batido, supliciado e crucificado, torna ao
mundo, em Espírito, sem que ninguém lhe requeira a
volta. E, materializando-se, divino, entre os mesmos
companheiros que o haviam abandonado, longe de
referir-se aos remoques e tormentos da véspera, recomeça
o trabalho, dizendo simplesmente:
— «A paz seja convosco.»
Do livro Religião dos Espíritos, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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