Na noite de 28 de julho de 1971, Chico Xavier entrou na
arena: o auditório da TV Tupi de São Paulo. Quase
quinhentas pessoas cercavam o palco. Calvo, com a cabeça
grande demais para o corpo franzino, Chico cumprimentou
a multidão e, com um sorriso tímido, dirigiu-se sozinho
ao centro do tablado, em direção à mesa reservada para
ele. Após ajeitar-se na poltrona, ajustou os óculos,
engoliu em seco.
O responsável por 107 livros ditados por quase quinhentos
defuntos estava prestes a se submeter a uma sabatina via
satélite. E, o melhor (ou pior), ao vivo. Chico Xavier entrou na
roda. Uma roda-viva chamada Pinga-Fogo, o programa de
entrevistas mais demolidor da época.
As perguntas viriam de todos os lados: da plateia, dos
telespectadores, de uma bancada formada por cinco
entrevistadores. Além dos três jornalistas da equipe da TV Tupi,
Saulo Gomes, Reali Júnior e Helle Alves, dois convidados
cuidariam da inquisição: o católico João de Scantimburgo e o
espírita Herculano Pires. Como mediador, o jornalista Almir
Guimarães.
O tribunal estava montado, mas o resultado final foi um sucesso.
O Brasil pôde, afinal, conhecer de perto o extraordinário médium
que havia psicografado o Parnaso de Além-Túmulo.
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
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