Doenças escolhidas
Convictos de que o Espírito escolhe as provações que
experimentará na Terra, quando se mostre na posição
moral de resolver quanto ao próprio destino, é justo
recordar que a criatura, durante a reencarnação, elege,
automaticamente, para si mesma, grande parte das doenças
que se lhe incorporam às preocupações.
Não precisamos lembrar, neste capítulo, as grandes
calamidades particulares, quais sejam o homicídio, de
que o autor arrasta as consequências na forma de extrema
perturbação espiritual, ou o suicídio frustrado, que
assinala o corpo daquele que o perpetra com dolorosos e
aflitivos remanescentes.
Deter-nos-emos, de modo ligeiro, no exame das decisões
lamentáveis, que assumimos quando enleados no carro
físico, sem saber que lhe martelamos ou desagregamos as
peças.
Sempre que já tenhamos deixado as constrições do
primitivismo, todos sabemos que a prática do bem é
simples dever e que a prática do bem é o único antídoto
eficiente contra o império do mal em nós próprios.
Entretanto, rendemo-nos, habitualmente, às sugestões do
mal, criando em nós não apenas condições favoráveis à
instalação de determinadas moléstias no cosmo orgânico,
mas também ligações fluídicas aptas a funcionarem como
pontos de apoio para as influências perniciosas
interessadas em vampirizar-nos a vida.
Seja na ingestão de alimento inadequado, por
extravagâncias à mesa, seja no uso de entorpecentes, no
alcoolismo mesmo brando, no aborto criminoso e nos
abusos sexuais, estabelecemos em nosso prejuízo as
síndromes abdominais de caráter urgente, as úlceras
gastrintestinais, as afecções hepáticas, as dispepsias
crônicas, as pancreatites, as desordens renais, as
irritações do cólon, os desastres circulatórios, as
moléstias neoplásicas, a neurastenia, o traumatismo do
cérebro, as enfermidades degenerativas do sistema
nervoso, além de todo um largo cortejo de sintomas
outros, enquanto que na crítica inveterada, na
inconformação, na inveja, no ciúme, no despeito, na
desesperação e na avareza, engendramos variados tipos de
crueldade silenciosa com que, viciando o próprio
pensamento, atraímos o pensamento viciado das
Inteligências menos felizes, encarnadas ou
desencarnadas, que nos rodeiam.
Exteriorizando ideias conturbadas, assimilamos as ideias
conturbadas que se agitam em torno de nosso passo,
elementos esses que se nos ajustam ao desequilíbrio
emotivo, agravando-nos as potencialidades alérgicas ou
pesando nas estruturas nervosas que conduzem a dor.
Mantidas tais conexões, surgem frequentemente os
processos obsessivos que, muitas vezes, sem afetarem a
razão, nos mantêm no domínio de enfermidades-fantasmas
que nos esterilizam as forças e, pouco a pouco, nos
corroem a existência.
Guardemo-nos, assim, contra a perturbação, procurando o
equilíbrio e compreendendo no bem — expressando bondade
e educação — a mais alta fórmula para a solução de
nossos problemas.
E ainda mesmo em nos sentindo enfermos, arrastando-nos
embora, aperfeiçoemo-nos ajudando aos outros, na certeza
de que, servindo ao próximo, serviremos a nós mesmos,
esquecendo, por fim, o mercado da invigilância onde cada
um adquire as doenças que deseja para tormento próprio.
Do livro Religião dos Espíritos, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
|