Ele continua no barco
"E naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos
para a outra banda. 36: E eles, deixando a multidão, o
levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia
também com ele outros barquinhos. 37: E, levantou-se
grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do
barco, de maneira que já se enchia. 38: E ele estava na
popa dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no,
dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos? 39: E
ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar:
Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve
grande bonança. 40: E disse-lhes: Por que sois tão
tímidos? Ainda não tendes fé? 41: E sentiram um grande
temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até
o vento e o mar lhe obedecem?" (Mc. 4:35-41)
Segundo estudiosos conhecedores da língua grega, Jesus
foi o primeiro a entrar no barco e, ao ser acordado,
utilizou um termo contundente para despertar a pouca fé
dos Apóstolos ao chamá-los de covardes e, em seguida,
homens de fé pequena.
Seja lá como for, em minha desvalida opinião, Jesus
entrou no barco da humanidade do planeta Terra, há
quatro bilhões e meio quando nosso globo desprendeu-se
como uma bola incandescente, tendo Jesus assumido a
responsabilidade pela evolução do mesmo.
Desde esse instante conhecido apenas pelos lumes
tutelares da espiritualidade, o barco da nossa escola
terrestre vem sendo comandado pelo nosso Modelo e Guia.
Durante todas as tragédias e catástrofes que a história
possa ter registrado, mercê do livre-arbítrio dos
Espíritos que vêm reencarnando nesse orbe, Jesus
continua firme na popa do barco de nossas vidas.
Ressoa, porém, para a imensa maioria da humanidade o
alerta de homens de fé pequena!
Acreditar é muito diferente de ter confiança.
Para esclarecer essa colocação, vou me valer de uma
estória muito interessante. Conta-se que uma senhora
idosa e uma criança estavam sentadas uma ao lado da
outra em poltronas de um avião.
Foi feita a decolagem e a aeronave ganhou a altitude
programada e percorreu um bom trecho do planejado
quando, então, entrou em uma turbulência muito grande.
O quadro era tal que ameaçava a segurança do voo com o
risco de o avião precipitar-se da grande altitude em que
se encontrava.
A criança permanecia muito tranquila mexendo em um
joguinho que trazia às mãos, enquanto a senhora
agitava-se demonstrando grande nervosismo pela
possibilidade da aeronave cair das alturas e,
obviamente, vir a falecer.
Olhando para o menino muito calmo ao seu lado, a idosa
perguntou-lhe se não estava com medo pelo que estava
acontecendo. A criança levantou os olhos até ela e
respondeu-lhe que não. A senhora então insistiu
perguntando à criança se ela não estava com medo do
avião cair. E, para o espanto dela, ouviu a seguinte
resposta: não tenho medo não, porque é meu pai que é o
piloto desse avião!
Confiança! Diferente de acreditar. Confiança que não
temos de que Jesus realmente continua na popa do barco
do planeta Terra!
O momento da nossa escola terrestre é de grande agitação
como se estivéssemos em um mar da Galileia da
atualidade. Não somente pela pandemia da Covid 19, mas
pelas epidemias morais que se apresentam em diversos
lugares e de variadas maneiras.
Pessoas em estado de miséria extrema catando no lixo o
absolutamente insuficiente para sobreviver com a mínima
dignidade que um ser humano merece.
Crimes diversos com alta carga de desamor em relação ao
semelhante.
Exacerbação do orgulho levando a situações de perigo
para a paz do mundo que ainda não entende a paz proposta
e oferecida por Jesus.
Ensina-nos Irmão José, no livro Com Cinco Pães e Dois
Peixes, psicografia de Baccelli, Editora LEEP, na
página Não Soçobrará: “Acompanhas deprimentes
noticiários nos jornais. Apreensivo, temes pelo futuro
da Humanidade. O pessimismo ronda o teu espírito e
sentes fraquejar. Não desanimes, porém. Todo triunfo
transitório do mal é preparação para a vitória
definitiva do Bem. Quanto mais espessa a noite, mais
belo é o amanhecer. Sob a tempestade inclemente, o
Cristo está no leme e a embarcação terrestre não
soçobrará”.
Ou confiamos (e não acreditamos) que Jesus continua no
barco da escola da Terra ou acabaremos por soçobrar na
desconfiança de uma fé que ainda persiste menor do que
um grão de mostarda.