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por Ricardo Orestes Forni

 

Ele continua no barco


"E naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para a outra banda. 36: E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. 37: E, levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. 38: E ele estava na popa dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos? 39: E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. 40: E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? 41: E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?" (Mc. 4:35-41)


Segundo estudiosos conhecedores da língua grega, Jesus foi o primeiro a entrar no barco e, ao ser acordado, utilizou um termo contundente para despertar a pouca fé dos Apóstolos ao chamá-los de covardes e, em seguida, homens de fé pequena.

Seja lá como for, em minha desvalida opinião, Jesus entrou no barco da humanidade do planeta Terra, há quatro bilhões e meio quando nosso globo desprendeu-se como uma bola incandescente, tendo Jesus assumido a responsabilidade pela evolução do mesmo.

Desde esse instante conhecido apenas pelos lumes tutelares da espiritualidade, o barco da nossa escola terrestre vem sendo comandado pelo nosso Modelo e Guia.

Durante todas as tragédias e catástrofes que a história possa ter registrado, mercê do livre-arbítrio dos Espíritos que vêm reencarnando nesse orbe, Jesus continua firme na popa do barco de nossas vidas.

Ressoa, porém, para a imensa maioria da humanidade o alerta de homens de fé pequena!

Acreditar é muito diferente de ter confiança.

Para esclarecer essa colocação, vou me valer de uma estória muito interessante. Conta-se que uma senhora idosa e uma criança estavam sentadas uma ao lado da outra em poltronas de um avião.

Foi feita a decolagem e a aeronave ganhou a altitude programada e percorreu um bom trecho do planejado quando, então, entrou em uma turbulência muito grande.

O quadro era tal que ameaçava a segurança do voo com o risco de o avião precipitar-se da grande altitude em que se encontrava.

A criança permanecia muito tranquila mexendo em um joguinho que trazia às mãos, enquanto a senhora agitava-se demonstrando grande nervosismo pela possibilidade da aeronave cair das alturas e, obviamente, vir a falecer.

Olhando para o menino muito calmo ao seu lado, a idosa perguntou-lhe se não estava com medo pelo que estava acontecendo. A criança levantou os olhos até ela e respondeu-lhe que não. A senhora então insistiu perguntando à criança se ela não estava com medo do avião cair. E, para o espanto dela, ouviu a seguinte resposta: não tenho medo não, porque é meu pai que é o piloto desse avião!

Confiança! Diferente de acreditar. Confiança que não temos de que Jesus realmente continua na popa do barco do planeta Terra!

O momento da nossa escola terrestre é de grande agitação como se estivéssemos em um mar da Galileia da atualidade. Não somente pela pandemia da Covid 19, mas pelas epidemias morais que se apresentam em diversos lugares e de variadas maneiras.

Pessoas em estado de miséria extrema catando no lixo o absolutamente insuficiente para sobreviver com a mínima dignidade que um ser humano merece.

Crimes diversos com alta carga de desamor em relação ao semelhante.

Exacerbação do orgulho levando a situações de perigo para a paz do mundo que ainda não entende a paz proposta e oferecida por Jesus.

Ensina-nos Irmão José, no livro Com Cinco Pães e Dois Peixes, psicografia de Baccelli, Editora LEEP, na página Não Soçobrará: “Acompanhas deprimentes noticiários nos jornais. Apreensivo, temes pelo futuro da Humanidade. O pessimismo ronda o teu espírito e sentes fraquejar. Não desanimes, porém. Todo triunfo transitório do mal é preparação para a vitória definitiva do Bem. Quanto mais espessa a noite, mais belo é o amanhecer. Sob a tempestade inclemente, o Cristo está no leme e a embarcação terrestre não soçobrará”.

Ou confiamos (e não acreditamos) que Jesus continua no barco da escola da Terra ou acabaremos por soçobrar na desconfiança de uma fé que ainda persiste menor do que um grão de mostarda.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita