O teste
Lutando, disseste: «não posso mais». E ajudaste os que
te roubam a fortaleza.
Batido, clamaste: «reagirei». E amparaste os que te
induzem à violência.
Esquecido, gemeste: «estou sozinho». E ajudaste os que
te bloqueiam a confiança.
Caluniado, gritaste: «vingar-me-ei». E amparaste os que
te guiam à crueldade.
Ferido, bradaste: «quero justiça». E ajudaste os que te
furtam a tolerância.
Por isso mesmo, asseveras frequentemente:
— Morro de angústia.
— Enjoei de viver.
— A fadiga me vence.
— Tudo perdido.
— Nada mais a fazer.
Tentando justificar-te, recorres à filosofia de ocasião
e repetes rifões e chavões antigos:
— A dança obedece à música.
— Faço como me ensinam.
— Seja virtuoso quem puder ser.
— Amanhã virá quem bom me fará.
— Tarde demais.
— Fiz tudo.
— Depois eu faço.
— Lavei as mãos.
Recorda, porém, que toda dificuldade é teste renovador.
Todos somos tentados na imperfeição.
Queixa é fuga. Impaciência é perigo. Censura é auxílio
ao perseguidor. Revolta é força que apressa o crime.
Ataque é óleo no fogo. Desforço é golpe que apaga a luz.
Desespero é chave ao ladrão.
Maltratado, busca o bem.
Injuriado, fala o bem.
Contrariado, procura o bem.
Traído, renova o bem.
Assaltado, conserva o bem.
A única fórmula clara e segura de vencer, no teste
contra as influências inferiores, será sempre, o que
for, com quem for e seja onde for, esquecer o mal e
fazer o bem.
Do livro Religião dos
Espíritos, obra psicografada pelo médium Francisco
Cândido Xavier.
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