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por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

 

Chico Xavier e a mãe de Jesus


Esquentei o arroz e os peixes e dei para os filhos. Depois fui catar lenha. Parece que vim ao mundo predestinada a catar. Só não cato felicidade. 
Carolina Maria de Jesus


Algumas almas estão bem adiante da nossa evolução e vêm até aqui para nos dizer que somos também capazes de nos superar.

Portanto, por mais que espere facilidade e sonhe com felicidade, nem creia e nem espere que a vida seja justa conosco.

Jamais nos esqueçamos de onde viemos. Somos filhos do Altíssimo, e os nossos pais somente ofereceram generosamente o material de construção de nosso corpo físico – somos muito mais herdeiros do nosso passado do que dos próprios pais. Procuremos lembrar diariamente aonde queremos chegar – mais perto de Deus.

Esse pensamento da Carolina na verdade é um desabafo: todos passamos por dificuldades e temos que batalhar para vencer, tanto é que ela se tornou uma escritora reconhecida, compositora e poetisa, depois do lançamento de seu livro Quarto de despejo: Diário de uma favelada, publicado em 1960.

Chico Xavier, como Carolina, era mineiro, e o médium atravessou muitas dificuldades desde a infância, ficou órfão de mãe aos cinco anos, e precisou trabalhar desde muito cedo. O pai casou-se pela segunda vez, mas a madrasta também desencarnou e ele, órfão pela segunda vez, ajudou o pai na manutenção da casa e na educação dos irmãos menores.

Chico Xavier foi um devoto de Maria de Nazaré e, mesmo depois que se converteu ao Espiritismo, manteve sua admiração pelo Espírito da mãe de Jesus.

O doutor da igreja católica, canonizado, São Francisco de Sales, certa ocasião, atacado pela tentação de desconfiar da misericórdia do Senhor, buscou resposta dessa dúvida com o auxílio de Nossa Senhora; assim a desconfiança foi dissipada. Então ele escreveu este pensamento: “Ninguém terá a Jesus Cristo por irmão, que não tenha a Maria Santíssima por Mãe”.

Não foi sem lutas que Francisco Cândido Xavier superou seus contratempos com a família e consigo mesmo. Contou para amigos que, em um de seus dias de profunda amargura, pediu ao seu benfeitor espiritual que levasse seu pedido de socorro a Maria de Nazaré, para que ela o consolasse, já que seus problemas eram graves naquela ocasião.

Decorridos alguns dias, seu benfeitor retornou com um recado da mãe de Jesus. Chico rapidamente pegou papel e lápis e se colocou na posição de escrever: "Pode falar, tomarei nota de cada palavra".

Emmanuel, atencioso, lhe falou: “Maria me pediu para que trouxesse o seguinte recado, ‘Isso também passará’, ponto final”.

Chico então perguntou ao amigo espiritual: "Só isso”? E, disciplinado e obediente às recomendações espirituais, entendeu que tudo passa: os momentos de problemas e também os de saúde, aqui na Terra.

Estamos sendo chamados a recuperar a esperança e nos mantermos firmes na fé. A confiança em Deus é algo de suma importância que nos dá forças para fazer brotar a persistência e criatividade necessárias para seguirmos em frente. Nela germina a nossa certeza de que os planos divinos nos reservam um amanhã melhor. A árvore boa dá frutos mesmo em tempos de seca; então, nos momentos de provas e expiações, confiemos em Deus, porque isso também passará.

 

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo, diretor da Editora EME.

 
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita