Reuniões espíritas
O capítulo XXVIII de O Evangelho segundo o
Espiritismo traz o tópico das reuniões espíritas,
remetendo a fala de Jesus: Onde quer que se encontrem
duas ou três pessoas reunidas em meu nome, eu com elas
estarei. (S. Mateus, 18:20.), destacando a
importância da comunhão espiritual em nossas atividades,
independente da presença física.
As reuniões são os tijolos de nossas casas espíritas. É
o que nos dá vida, o que coloca a doutrina em movimento,
albergadas em uma casa que coordena essas diversas
atividades, visíveis em calendários, mas também na
identidade desses grupos que se formam.
Essas reuniões têm tipos, de acordo com as áreas já
consolidadas de nosso movimento. O estudo se dá em
grupos ou na palestra da reunião pública. Temos as
reuniões mediúnicas e as atividades assistenciais, todas
em grupos coesos e operosos, mas que também têm seus
dias de conflito e de desgaste.
Mas, no início de 2020, tudo mudou e as nossas
atividades, tão calorosas e presenciais, tiveram que ser
substituídas, por força da crise sanitária, por ações
virtuais. Sentiram o golpe duramente as ações
assistenciais e as reuniões mediúnicas, e o estudo se
converteu em lives, no uso de nossos computadores
ou aparelhos celulares para encontrar nossos amigos
queridos, para estudar e discutir à luz da doutrina
espírita.
Foi um período difícil, e de longo aprendizado, no qual
as casas espíritas passaram a ter um público mais amplo
de pessoas de outros estados e países, na plateia e na
tribuna, e também foi um tempo que nos forçou a romper a
resistência em relação às inovações tecnológicas,
buscando suprir a nossa sede de conhecimento de forma
virtual. Se fortaleceram canais espíritas e todos, de
alguma forma, aprendemos a lidar com essas
parafernálias.
Realmente, como já citado, as atividades assistenciais,
e o seu público-alvo, foram muito prejudicadas, com a
suspensão de atividades por um período de quase dois
anos. O mesmo ocorreu nas mesas mediúnicas, e apesar das
tentativas infrutíferas de reuniões virtuais, ao fim e
ao cabo, houve a suspensão dessas atividades.
Enquanto esse texto está sendo escrito, no ensolarado
abril de 2022, as estatísticas da pandemia são
animadoras e rapidamente ela está sendo substituída na
pauta da imprensa por outros problemas, e as casas
voltam às suas atividades normais lentamente, retomando
as reuniões espíritas presenciais, e com o dilema se
devem manter ainda canais virtuais, para atender aos que
estão distantes, e mais, para aqueles com dificuldade de
horários e de locomoção. Ou ainda, por conta de um
retorno da pandemia.
Certamente, aprendemos e nos expandimos muito com essa
incursão da divulgação espírita no mundo virtual, em que
pese, nas conversas cotidianas, todos nós, calorosos
brasileiros, estávamos clamando por esse retorno
presencial, para animadamente abraçar nossos amigos de
tantas lutas e alegrias.
Manter as atividades virtuais parcialmente é uma decisão
de cada casa e que depende de sua infraestrutura para
dar conta desse desafio. Mais complexo e premente é o
retorno das atividades presenciais, pois houve uma
dispersão dos trabalhadores, e necessitamos retomar as
agendas dos trabalhos assistenciais, supernecessários
nesses momentos de crise, e as nossas atividades
mediúnicas, dado que não há Espiritismo sem Espíritos.
As atividades virtuais mantiveram a comunhão espiritual,
nas palavras de Jesus, de duas ou mais pessoas reunidas
em nome dele, e preservaram a coesão de nossos grupos, a
interação, o suporte afetivo e espiritual e que nos
permitiu, inclusive, angariar novos amigos e a eclosão
de novos espaços de divulgação e debate doutrinário.
Mas o momento agora é de retomada, de reativar as casas,
fechadas ou operando parcialmente por cerca de dois
anos. Muito tempo. O mundo real está aí, com seus
desafios e, apesar de termos experimentado as
possibilidades e alegrias do Espiritismo na rede, penso
que é hora de olhar para as nossas casas, de cimento e
tijolos, para continuar nos importantes trabalhos na
seara do Cristo, para os quais fomos chamados.
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