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por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

 

Reuniões espíritas


O capítulo XXVIII de O Evangelho segundo o Espiritismo traz o tópico das reuniões espíritas, remetendo a fala de Jesus: Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu nome, eu com elas estarei. (S. Mateus, 18:20.), destacando a importância da comunhão espiritual em nossas atividades, independente da presença física.

As reuniões são os tijolos de nossas casas espíritas. É o que nos dá vida, o que coloca a doutrina em movimento, albergadas em uma casa que coordena essas diversas atividades, visíveis em calendários, mas também na identidade desses grupos que se formam.

Essas reuniões têm tipos, de acordo com as áreas já consolidadas de nosso movimento. O estudo se dá em grupos ou na palestra da reunião pública. Temos as reuniões mediúnicas e as atividades assistenciais, todas em grupos coesos e operosos, mas que também têm seus dias de conflito e de desgaste.

Mas, no início de 2020, tudo mudou e as nossas atividades, tão calorosas e presenciais, tiveram que ser substituídas, por força da crise sanitária, por ações virtuais. Sentiram o golpe duramente as ações assistenciais e as reuniões mediúnicas, e o estudo se converteu em lives, no uso de nossos computadores ou aparelhos celulares para encontrar nossos amigos queridos, para estudar e discutir à luz da doutrina espírita.

Foi um período difícil, e de longo aprendizado, no qual as casas espíritas passaram a ter um público mais amplo de pessoas de outros estados e países, na plateia e na tribuna, e também foi um tempo que nos forçou a romper a resistência em relação às inovações tecnológicas, buscando suprir a nossa sede de conhecimento de forma virtual. Se fortaleceram canais espíritas e todos, de alguma forma, aprendemos a lidar com essas parafernálias.

Realmente, como já citado, as atividades assistenciais, e o seu público-alvo, foram muito prejudicadas, com a suspensão de atividades por um período de quase dois anos. O mesmo ocorreu nas mesas mediúnicas, e apesar das tentativas infrutíferas de reuniões virtuais, ao fim e ao cabo, houve a suspensão dessas atividades.

Enquanto esse texto está sendo escrito, no ensolarado abril de 2022, as estatísticas da pandemia são animadoras e rapidamente ela está sendo substituída na pauta da imprensa por outros problemas, e as casas voltam às suas atividades normais lentamente, retomando as reuniões espíritas presenciais, e com o dilema se devem manter ainda canais virtuais, para atender aos que estão distantes, e mais, para aqueles com dificuldade de horários e de locomoção. Ou ainda, por conta de um retorno da pandemia.

Certamente, aprendemos e nos expandimos muito com essa incursão da divulgação espírita no mundo virtual, em que pese, nas conversas cotidianas, todos nós, calorosos brasileiros, estávamos clamando por esse retorno presencial, para animadamente abraçar nossos amigos de tantas lutas e alegrias.

Manter as atividades virtuais parcialmente é uma decisão de cada casa e que depende de sua infraestrutura para dar conta desse desafio. Mais complexo e premente é o retorno das atividades presenciais, pois houve uma dispersão dos trabalhadores, e necessitamos retomar as agendas dos trabalhos assistenciais, supernecessários nesses momentos de crise, e as nossas atividades mediúnicas, dado que não há Espiritismo sem Espíritos.

As atividades virtuais mantiveram a comunhão espiritual, nas palavras de Jesus, de duas ou mais pessoas reunidas em nome dele, e preservaram a coesão de nossos grupos, a interação, o suporte afetivo e espiritual e que nos permitiu, inclusive, angariar novos amigos e a eclosão de novos espaços de divulgação e debate doutrinário.

Mas o momento agora é de retomada, de reativar as casas, fechadas ou operando parcialmente por cerca de dois anos. Muito tempo. O mundo real está aí, com seus desafios e, apesar de termos experimentado as possibilidades e alegrias do Espiritismo na rede, penso que é hora de olhar para as nossas casas, de cimento e tijolos, para continuar nos importantes trabalhos na seara do Cristo, para os quais fomos chamados.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita