Impulso dominante
A semente lançada na cova obedece ao
impulso natural de sempre procurar a luz
“(...) No mundo tereis aflições, mas
tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Jesus.
(Jo., 17:33.)
As cenas de violência de um modo geral e
em especial as explosões de ódios
político-raciais no Oriente Médio e em
outras partes do mundo confrangem-nos o
coração, e ficamos pensando quando,
enfim, a paz e a harmonia imperarão,
ante tanta beligerância a engendrar
variegadas adversidades, desgraças,
tragédias e misérias inomináveis desde
milênios passados até os dias atuais,
parecendo que uma caliginosa noite
espiritual baixou para sempre em nosso
planeta, atrasando a aurora da Luz do
Evangelho de Jesus.
Sem embargo, a Natureza, da qual Ele
retirou tantas lições, continua a nos
oferecer variados exemplos de vitórias
contra as adversidades: a semente frágil
lançada na cova escura, suportando a
pressão da terra e dos detritos,
sufocada pelo odor fétido dos adubos,
atravessa o chão escuro obedecendo ao
seu impulso natural de sempre
procurar a luz. Eclodindo na
superfície da terra, nem a inclemência
da canícula e tampouco as violentas
intempéries são empecilhos para o seu
trabalho de crescimento que se processa
incessantemente na direção do fanal que
lhe está assinado: a produção de frutos.
Assim também somos nós! Devemos estar
sempre impulsionados na direção da Luz
Imperecível do Espírito, vencendo todos
os obstáculos que porventura estejam em
nosso caminho.
Não afirmou Jesus que a árvore se torna
conhecida pelos seus frutos? Pois se não
produzimos frutos sazonados, vamos nos
assemelhar àquelas sementes que
permanecem estéreis e rebeldes ao
impulso da ascensão. São essas as
criaturas que, embora guardando o
potencial divino na intimidade d`Alma,
permanecem inúteis por enormes lapsos de
tempo. Somente os “furacões e
aguaceiros” das adversidades poderão
renovar-lhes o posicionamento, ensejando
a germinação, empós...
Não sejamos desses tais, isto é, não nos
alinhemos com as criaturas que aguardam
as tempestades renovadoras para
iniciarem sua jornada de redenção.
Sem dúvida, não é fácil vencer as
aflitivas injunções de um orbe de Provas
e Expiações, vez que inúmeras
vicissitudes intentam travar nossa
caminhada. Sem embargo, municiados pelos
alcandorados ensinamentos de Jesus,
agora iluminados pelas luzes do
Consolador, lograremos sucesso na
romagem terrena.
Ensina o
célebre escritor francês, Vitor Hugo:
“(...) Em tudo se faz presente um
finalismo superior, que se inicia na
organização dos elementos essenciais até
o instante que, naturalmente, cessam as
forças agregadoras, devolvendo-os às
suas origens. A energia central
responsável pela ação que leva à forma,
que vitaliza e age com interação nos
campos de vida e fora deles,
precede àquela ação e continua, mesmo
quando, aparentemente, a mesma cessa.
É o fator primordial, indispensável à
vida, que, ao adquirir inteligência,
após individualizar-se, permanece
granjeando mais amplos recursos que
aplica na sua evolução, objetivando a
meta fatalista do aperfeiçoamento.
O declínio da fé responsável, nas mentes
e nos corações, substituída pelo
formalismo e pelas injunções sociais,
deixou árido o sentimento humano e
indiferente o raciocínio para as
questões espirituais, anulando-as por
parecerem destituídas de sentido,
abrindo espaços emocionais para o gozo
sem limite, numa sofreguidão
irrefreável.
Como consequência crescem o egoísmo, a
insensibilidade afetiva, a insatisfação,
a angústia, a insegurança e o medo,
gerando carências superlativas, que
armam os sentimentos com rebeldia,
agressividade, luxúria, insensatez a
caminho da loucura; os alicerces morais
da sociedade ruem, e a decadência da
civilização se apresenta inevitável;
negam-se os valores morais dos homens e
das Instituições, substituídos pelo
individualismo, pelo poder de pessoas,
de Agremiações e do Estado, em
detrimento das conquistas elevadas do
amor e da solidariedade, com os seus
reflexos no bem-estar do homem e da
sociedade.
Nesse contexto, o indivíduo progride na
horizontal do imediatismo sem a
resultante verticalista responsável pelo
bem, pelo bom e pelo belo a benefício
geral...
Os paradoxos se estabelecem propiciando
o surgimento das sociedades ricas,
pobres e miseráveis, que são habilmente
denominadas como desenvolvidas, em
desenvolvimento e subdesenvolvimento,
esmagadas as últimas pela exagerada
supremacia da primeira, que se alimenta
nas carnes em decomposição daquelas,
que se lhes exaurem nas garras
arbitrárias.
Mesmo que, na aparência, a humanidade se
encontre em paz, os conflitos irrompem
exagerados, denunciando a inquietação
dos dominados e a insatisfação dos
dominadores, que se arrojam nas justas
íntimas, familiares, grupais, e,
sucessivamente, ameaçando o mundo com
guerras, cada vez mais destrutivas e
impiedosas...
Em tal campo, todavia, encontravam-se as
condições favoráveis para as mudanças
que se ensaiam, qual ocorre em solo
adubado por excremento, que, recebendo
sementes selecionadas, em breve se
converterá em jardim e pomar, ricos de
bênçãos, alterando completamente a
paisagem em abandono e desolação.
O mesmo se dá com a humanidade
contemporânea, que, exaurida e
desnorteada, passa a buscar respostas
mais profundas para os seus problemas,
para as suas indagações, que se enraízam
no Espírito, e somente a partir dele
poderão ser equacionadas.
Deste modo surgem, por sua vez,
movimentos esdrúxulos, na área do
Espiritualismo, engendrados por mentes
insanas, em que o absurdo confraterniza
com o lógico, e o irreal, o fantasioso
se abraça ao real e possível.
Simultaneamente, reaparecem as Doutrinas
grandiosas da Imortalidade, alterando o
convencionalismo e iluminando as
consciências com a claridade da razão,
responsável pela fé libertadora que dá
sentido e direção à vida, equilibrando o
homem e auxiliando-o nos voos da
inteligência e no crescimento do
coração.
Face à nova conquista, o conceito de
Deus, atualizado e compatível com a
mentalidade hodierna, faculta o
discernimento correto a respeito da
existência humana, ensejando
reformulações éticas e ideológicas que
alterarão o comportamento da sociedade,
então dirigido para a igualdade dos
homens, a justiça e o bem-estar de
todos, conforme os elevados ideais dos
pensadores espiritualistas de todas as
épocas, que em Jesus se refletem de
forma incomum, pela excelência do Seu
apostolado e pela inigualável grandeza
da Sua Vida”.