Suicídio: o equívoco de Marcelina
A vida decorre sem objetivos, anda de candeias às
avessas com o marido que parece ter uma amante. O filho,
em idade escolar, tem graves problemas de saúde.
Desconfia que a filha esteja a adentrar no jogo do sexo
lucrativo. Os rendimentos são parcos para as
necessidades, e não vê saída para a vida.
De repente, vê uma notícia no telejornal, onde alguém se
teria suicidado, debaixo de um comboio. As ideias
abundam na mente em desalinho, e começam a vicejar qual
solução milagrosa.
Afinal, que andava aqui a fazer?
Sofrer para quê?
O melhor era acabar com tudo, pensava Marcelina, mulher
nos idos dos seus 50 anos, mas com as rugas que lhe
curtiram a face, a evidenciarem pelo menos uns 10 anitos
a mais.
Ao longo de uma semana, as ideias foram-se avolumando na
sua mente em ebulição.
Em cada olhar parecia estar a fazer uma despedida, do
quadro pendurado na parede a relembrar as emoções do
casamento rapidamente fruídas, dos votos de fidelidade
eterna perdidos algures, por parte do esposo.
Melancólica, triste, deprimida, alimentava cada vez mais
o fogo da sua decisão, qual locomotiva movida a carvão
incandescente.
Não se apercebia que seres espirituais amigos tentavam
demovê-la dos seus intentos, aproveitando inclusive a
oportunidade do sono, para nesse momento em que o
Espírito se desprende temporariamente do corpo, lhe
alimentarem a esperança numa vida melhor, amanhã, no
mundo espiritual, após terminarem os compromissos
assumidos na Terra. Mas, de tal modo estava envolta
nessa onda mental destrutiva, que não estava receptiva
às sugestões do bem, antes sintonizando com seres
perversos que, do Além, a intuíam ao suicídio.
Desconhecedora da realidade espiritual que a Filosofia
Espírita enseja ao homem, Marcelina estava decidida: a
vida não fazia mais sentido.
No dia por ela marcado, o comboio da sua localidade, que
costumava chegar cerca das 12h00 chegou bem mais tarde
ao destino. Na estação ferroviária alguém perguntava o
que tinha acontecido se algum descarrilamento, ao que
outra pessoa referia: “parece que alguém se atirou à
linha…”
Marcelina acreditara que a vida terminava com a morte do
corpo de carne, apesar de frequentar semanalmente os
rituais da sua religião, que lhe diziam o oposto, mas
que, pelo visto, não a convenceram das convicções que
publicitavam.
O Espiritismo demonstrou experimentalmente que a vida
continua após a morte do corpo físico – isso
retira qualquer sentido ao suicídio.
Só que, a vida não termina com a morte do corpo de
carne, conforme demonstrou experimentalmente a Doutrina
Espírita (ou Espiritismo), em meados do século XIX, e
conforme têm constatado inúmeros cientistas e
pesquisadores do nosso quotidiano.
A grande frustração de Marcelina, como de todos aqueles
que lhe seguiram os passos no fundo falso da vida, que é
o suicídio, é aperceberem-se vivos no mundo espiritual,
e constatarem que, afinal, o seu ato não resolveu o seu
problema existencial (que continua no seu íntimo), mas
ainda o agravou.
A Doutrina Espírita (ou Espiritismo), que não é mais uma
seita nem mais uma religião, mas sim um conjunto de
ideias assentes em pesquisa científica, na filosofia e
na moral de Jesus, aponta no sentido da fé raciocinada,
da fé assente na experiência, na observação, na
comparação de fatos, na discussão de ideias, explicando
ao Homem, de onde vem, para onde vai, e o que está a
realizar na Terra (leia-se a obra de Allan Kardec,
começando pela notável obra “O Livro dos Espíritos”).
Se Marcelina tivesse tido conhecimento da Doutrina
Espírita, provavelmente não se teria suicidado, o que
aumenta em muito, a responsabilidade dos espíritas, na
divulgação destas ideias, que são uma mais valia para a
sociedade e para o bem-estar biopsicossocial da
humanidade.
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