O Cristo Consolador, segundo o Espiritismo
Contam-nos os “ventos da história” que à beira do Mar da
Galileia, aos pés do Monte das Beatitudes ou Monte das
Bem-Aventuranças, o Mestre pregou aos seus seguidores o
Sermão da Montanha, cuja essência do discurso segundo o
Espiritismo era proferir lições de conduta e moral,
ditando os princípios que normatizam e orientam a vida
cristã. Estes discursos podem ser considerados como um
resumo dos ensinamentos de Jesus a respeito do Reino de
Deus. No entendimento de hoje segundo a Terceira
Revelação, o esclarecimento da continuação da vida, além
da morte do corpo físico, assim como a necessidade da
reencarnação.
Para melhor ser compreendido e seus ensinamentos
assimilados, utilizou situações de conhecimento popular
da época, com isso criou as parábolas, que eram
histórias de ordem moral, associados por analogia ao que
as pessoas conheciam, representavam lições de vida ética
e moral.
"Não sejam iguais a eles", disse Jesus (Mateus 6:8)
No Sermão da Montanha ou das Bem-Aventuranças, o Cristo
prometeu à multidão ali reunida, que ser diferente no
comportamento de ordem moral vigente naquele momento,
poderia evitar um possível sofrimento individual ou
coletivo para todos nós, em momento futuro. Era o
primeiro ensinamento da “Reforma Íntima”, que nos era
oferecido de forma simples e carinhosa pelo meigo
nazareno, que com seu poderoso magnetismo, impregnou no
imaginário daquela multidão suas palavras, deixando
gravadas nos recôncavos da alma, na essência do ser,
para que um dia viessem a desabrochar. Uma revisão de
valores de conduta, indo contra uma sociedade decadente,
enferma e hipócrita, não muito diferente do modelo de
sociedade que ainda estamos vivendo em nosso dia-a-dia.
Dona Yvonne Pereira, em seu livro Memórias de um
Suicida2, relata que o jovem Aníbal de Silas
conheceu pessoalmente a Jesus de Nazaré, durante suas
pregações inesquecíveis através da sofredora Judéia, foi
um daqueles meninos presentes no grupo que Jesus
acariciou quando exclamou, demonstrando a inconfundível
ternura que mais uma vez expandia entre as ovelhas ainda
vacilantes:
“Deixai vir a mim as criancinhas, que delas é o reino
dos Céus...”. (Mateus 19:14)
A combinação dessas revelações nos ajudam a perceber que
muitos daqueles que conheceram pessoalmente o Mestre, se
modificaram de forma profunda, dando ao longo da
encarnação e de outras vidas futuras grandes testemunhos
como foi por exemplo o caso de João, filho de Zebedeu,
depois conhecido como João Evangelista, que foi o
apóstolo que seguiu com Jesus, na noite em que foi preso
e foi corajoso ao ponto de acompanhar o Mestre até à
morte na cruz.
Anos mais tarde em Patmos, ilha no leste do Mar Egeu,
local onde fez o seu exílio, transferiu seu conhecimento
ao seu colaborador Natan, que o ajudou na elaboração do
seu evangelho. Segundo contam os historiadores e
espíritas, o isolamento na ilha, levou João a conversar
com os pássaros, com a natureza e os animais, habilidade
essa que desabrochou séculos mais tarde quando reencarna
na Itália como Giovanni di Pietro di Bernardone, um
frade católico que ficou conhecido na história da
cristandade como Francisco de Assis.
O convite do Cristo aos homens simples era uma mudança
de conduta através de revelações de ordem moral e para
exemplificar contou a “parábola do fariseu e do
publicano”, onde Jesus contrasta um fariseu, obcecado
por sua própria virtude, com um publicano que,
humildemente, pede a Deus misericórdia.
"…Deus não vê como o homem vê, o homem vê a aparência,
mas Deus sonda o coração." (I Samuel 16:7).
Ficava difícil ao Cristo explicar a homens simples e
ignorantes, conhecimentos de ordem moral, que ainda nos
dias de hoje, desafiam a questão da lógica e razão, pois
colocam em xeque uma ideia distorcida de liberdade e de
livre escolha, em uma sociedade muito conturbada e
equivocada, pois ainda está preocupada em colocar os
valores materiais acima dos valores espirituais.
Percebendo a necessidade de explicar as verdades
espirituais para os corações em sofrimento, prometeu aos
homens receptivos, que orassem para Deus nosso Pai, Ele
poderia enviar um Consolador, que iria poder em momento
oportuno explicar e fazer revelações, as quais naquele
momento ele não teria como fazê-lo. Dessa forma o Cristo
já acenava com a Terceira Revelação para a Humanidade,
com o advento do Espiritismo, porém os homens precisavam
antes estarem mais receptivos culturalmente, em sintonia
com as verdades que teriam de vir sendo reveladas por
intermédio de diversos representantes e segmentos da
sociedade, promovendo uma mudança homeopática na conduta
ética-moral dos homens diante do seu semelhante, do seu
próximo.
“Bem-aventurados os pobres por espírito, porque deles é
o Reino de Deus! Bem-aventurados os que choram, porque
serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque
possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus”!
Apenas esse fragmento do Sermão da Montanha, já nos dá
uma ideia precisa da dimensão de ordem moral dessa
“máxima atemporal”, pois ainda nos dias de hoje,
dependendo do contexto podemos perfeitamente nos
colocarmos no lugar do fariseu, menosprezando o
publicano, exatamente como a passagem da parábola
contada pelo Mestre no Mar da Galileia, aos pés do Monte
das Beatitudes.
A consolação oferecida pelo evangelho e melhor explicada
pela Doutrina Espírita ajuda a ressignificar todo um
contexto reencarnatório, assim como o fenômeno do
desencarne, pois retira o peso do arrastamento do
sofrimento, através do esclarecimento libertador, quando
passamos a iluminar o nosso caminho com a luz do
conhecimento.
“E ninguém, acendendo uma candeia, a põe em oculto, nem
debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que
entram vejam a luz”. (Lucas 8:16)
Todos nós buscamos a candeia da iluminação espiritual e
através do Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos
um roteiro de código de moral que nos foi trazido por
Jesus, explicado através de mensagens ditadas ao grande
codificador e facilitador Allan Kardec, pelo Espírito da
Verdade.
Referências:
1) Kardec,
Allan; O Evangelho Segundo o Espiritismo; FEB.
2) Pereira,
Yvonne do Amaral; Memórias de um Suicida; FEB;
3a. parte; Mansão da Esperança; Pág. 264.
3) Wikipédia
(Enciclopédia livre).
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