Pais, filhos e convivência
O ser humano é o mesmo em qualquer lugar, em qualquer
tempo, em qualquer que seja a sua condição. Você pode
ser rico ou pobre, mas os problemas que afetam
verdadeiramente o ser humano são os mesmos.
Ariano Suassuna
É fato: a infância é muito curta. Muito mais cedo do que
se imagina, os filhos crescerão e baterão asas. Já não
serão nossos.
Para crescerem com saúde e felicidade, os filhos
dependem da convivência. Dos modelos cotidianos, que se
repetem no tempo. No dia a dia colherão, sem dúvida, os
exemplos de amor, cuidado, atenção, empatia, bons modos
e também lições sobre cidadania.
Sabemos. A rotina parental é cansativa, exigente, pois
criar filho não é tarefa fácil. Para mitigar o cansaço
parental um bom remédio é o pai e a mãe terem tempo
também para a solidão: ler um livro, ouvir música, ter
um local na natureza onde seja possível libertar a
mente, porque alguns momentos de solidão podem servir
para iluminar o caminho que vem pela frente…
Testemunhei esses dias uma cena lamentável. No parque,
no fim da tarde, uma mãe acompanhava a filha para
brincar. Com a mão esquerda empurrava o balanço. Com a
mão direita segurava o celular que estava vendo. Alheia
à alegria da filha, essa mulher ignorava que em poucos
anos sua filha não estaria mais ali. Não seria mais
adequado esquecer o telefone para se concentrar à
riqueza do momento com a filha?
Sim, uma criança precisa de uma família – e mesmo no
mundo contemporâneo. Como não há “receita”, e sem
esquecer que cada família tem sua forma de ser, seus
arranjos e idiossincrasias, o primeiro passo para uma
vida familiar positiva é entender que a única coisa a
ser feita quando temos filhos é viver com eles e pais e
filhos aprendendo mutuamente.
De outro lado, conforme os filhos cresçam os pais vão
adquirindo a consciência gradual de que eles um dia
voarão. Na forma natural das coisas…
Quando aspiramos a ser bons pais – pouco importa o que
esse adjetivo encerre para nós – constatamos que é na
convivência com os filhos que nos fazemos amorosos,
confiáveis e responsáveis. O interesse de cada um
reside, assim, na felicidade de todos.