O fanatismo não é para… espíritas!
Nos momentos difíceis da vida é que se vê o valor das
pessoas, o seu estado de alma, as suas acções e reacções
que acabam por falar por elas, mostrando o seu patamar
psicológico e espiritual. O fanatismo é normal num ser
humano, numa Sociedade? O que nos diz o Espiritismo
acerca deste tema?
Um modelo e actor russo,
enviou vídeos recebidos de amigos ucranianos, para a sua
mãe, na Rússia, denunciando as mentiras de Putin, as
chacinas, os massacres ocorridos no país invadido. A mãe
de Jean-Michel Scherbak, embrenhada na propaganda do
regime russo, de Putin, fez algo impensável para um ser
humano minimamente equilibrado: deserdou o filho, por
não apoiar a invasão russa e, disse-lhe: “Já
não és meu filho”.
O fanatismo, de acordo com os dicionários, é uma paixão
excessiva, doentia.
Manifesta-se, de um modo geral, no âmbito religioso,
político, futebolístico, sendo fácil de encontrar esta
situação que, sempre gera desentendimentos, crispações e
quebras de relações interpessoais.
Com o aparecimento da COVID 19 a situação exacerbou-se a
tal ponto, entre defensores e opositores das vacinas e
das máscaras, que as relações sociais foram severamente
afectadas.
Amigos deixaram de o ser, amigos de redes sociais
agrediam-se verbal e mutuamente e, mutuamente se
bloqueavam, deixando de se falar.
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin, não falta
quem justifique tal barbárie, culpando os americanos por
algo que apenas aos russos compete atribuir
responsabilidades.
Esgrimem-se argumentos, todos eles “válidos”, de acordo
com o ponto de vista de cada um, que não deixa de ser
isso mesmo: um ponto de vista.
O fanático transforma o seu ponto de vista em paixão
doentia, em verdade absoluta, desviando-se
do bom senso e alimentando-se do seu próprio orgulho
Tal estado de alma retira a capacidade de raciocinar com
serenidade.
As pessoas afastam-se, isolam-se na sua monoidéia, num
processo de auto-obsessão que, pode degenerar em
obsessão espiritual (interferência negativa de um
Espírito inferior sobre o pensamento de quem com ele
sintoniza, mentalmente).
Allan Kardec, na sua magistral obra “O Livro dos
Espíritos”, item 908, refere: “As paixões são como um
cavalo que é útil quando governado e perigoso quando
governa. Reconhecei, pois, que uma paixão torna-se
perniciosa no momento em que a deixais de governar e,
quando resulta num prejuízo qualquer para vós ou para
outro.”
A Doutrina Espírita (ou Espiritismo) é uma filosofia de
vida, baseada em factos, pesquisáveis e comprováveis que
demonstram que somos um Espírito imortal,
temporariamente num corpo de carne, em intercâmbio
permanente com o plano espiritual, semeando e colhendo,
vida após vida, rumo ao estado de Espírito-puro, um dia.
Apresenta-nos a “Lei de Sociedade” como Lei
divina que nos permite a evolução intelectual e moral,
no contacto mútuo e permanente entre todos, aprendendo e
ensinando, nesse ciclo sem fim, de evolução.
Um ditado popular enquadra-se perfeitamente nesta
doutrina:
“Se as pessoas existem para serem amadas e as coisas
para serem usadas, porque usamos as pessoas e amamos as
coisas?”
Não faz sentido, numa Sociedade que quer, um dia, ser
mais evoluída do ponto de vista moral!
Se as pessoas são imortais e as opiniões passageiras,
fazer finca pé numa opinião, ao ponto de se afastar de
amigos de sempre é atitude que denota enorme egoísmo,
falta de senso e muito fanatismo.
O Espiritismo não vai por aí.
Enquadra-se mais no pensamento (de origem desconhecida):
“O meu amigo não é o que pensa como eu, mas, o que
pensa comigo”.
O Engº Hernani Guimarães Andrade, o cientista espírita
do século XX, brasileiro, dizia com muita graça que “as
opiniões são como os narizes: todos temos um, diferente
e, ninguém tem o direito de esmurrar o nariz alheio.”
Embora possam existir pessoas adeptas do espiritismo,
que são fanáticas em algum ponto da sua vida, essas
atitudes nada têm a ver com a doutrina espírita
(codificada por Allan Kardec) que se apresentou ao
mundo, em 1857, como uma ciência filosófica de
consequências morais, destinada a qualquer pessoa deste
planeta, independentemente das suas convicções, sejam de
que cariz forem.
A felicidade não consiste em ter razão mas, em entender,
fraternalmente, o ponto de vista alheio, mesmo se
equivocado, na certeza de que amanhã o equivocado
encontrará novo rumo mais certeiro.
Fazer ao próximo o que desejamos para nós mesmos, é a
pedra de toque do Espiritismo e, nesse amplo sentimento
de fraternidade, solidariedade e Amor, não há lugar para
o fanatismo.
O fanatismo não é para… espíritas!!!
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