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por Ricardo Orestes Forni

 

Não é para hoje

 

“Ainda hoje, começa a emancipar-te do domínio opressor da vida material e amanhã, o que agora tantas lágrimas te custa, haverá de te ser motivo de indefinível alegria ao coração.” – Irmão José (do livro Pai, Perdoa-lhes)

 

Tenho percebido que muitos espíritas desenvolvem certo grau de angústia ao tomar conhecimento de onde teremos que chegar um dia quando percorrermos nosso caminho evolutivo para atingirmos a perfeição possível de ser conquistada.

Esse alvo final (que não tem fim) é para ser alcançado ao longo dos milênios e não em uma única existência na matéria.

Os Espíritos com exemplos de vida de grande sucesso moral não foram forjados apenas naquele limite estreitíssimo do berço ao túmulo de uma única existência ou de algumas delas. Caminham há um tempo muito longo experimentando quedas e soerguimentos.

Essa realidade é analisada pelo Irmão José na página Seguindo Jesus do livro mencionado acima, de psicografia de Carlos Baccelli, quando afirma: Sim, o caminho para os Cimos é estreito, longo e íngreme...

...a margeá-lo, numerosos perigos espreitar-te-ão os passos, tramando a tua queda.

Conspirações para que te desanimes de percorrê-lo, muitas vezes, partirão de quem menos esperas.

Palavras de incentivo na jornada te chegarão da boca de pouquíssimos e sinceros amigos.

Se assim ocorre, temos que tomar consciência dessa realidade porque a Providência Divina que tudo sabe não ignora, obviamente, esse fato e não desiste de nenhum de seus filhos.

Recebemos uma nova reencarnação pela misericórdia de Deus, não para concluir nossa jornada evolutiva, mas com muita luta dar um passo adiante no nível evolutivo em que nos encontramos, o que já está de bom tamanho.

Jesus, quando encarnou na Terra num ato de amor extremo, sabia perfeitamente que estaria a trabalhar a pedra bruta de nossos sentimentos.

Mesmo sabendo que iria ser traído, negado, que Tomé duvidaria, que os apóstolos se recolheriam temerosos em uma casa após a sua morte corporal na cruz, não desistiu exatamente porque somos seres imortais e temos a eternidade pela frente.

Não ensinava aos homens físicos daquela época, mas aos Espíritos imortais que, pelo menos teoricamente, tinham olhos de ver e ouvidos de ouvir.

Há até uma pequena estória de doutor Bezerra falando a um grupo de Espíritos na dimensão espiritual sobre a necessidade de amar, de perdoar, de renunciar, de ser caridoso e fraterno. Terminada a sua preleção, um dos presentes fez a colocação de que aquelas orientações todas ele já sabia e concordava plenamente, mas que eram muito difíceis de serem colocadas em prática.

Dentro da sua humildade, doutor Bezerra concordou, incluiu-se entre aqueles que também tinham essa dificuldade, mas ressaltou a diferença significativa já atingida por ele de não ficar parado e de lutar para conseguir aplicá-las em sua vida.

O mundo material está repleto de canto de sereia para os Espíritos incautos ou que se entregam deliberadamente aos valores e prazeres de ordem material.

E mais uma vez o Espírito do Irmão José nos socorre na mesma página mencionada:

Propostas tentadoras tudo farão para que retrocedas.

Vantagens materiais que nunca tiveste haverão de ser-te oferecidas, de uma hora para outra.

Argumentos de toda espécie buscarão convencer-te de que tamanho esforço é inteiramente inútil.

Não te esqueças, porém, de que o Senhor nunca te disse que, ao tomar a decisão de segui-lo, caminharias sobre um tapete de flores.

Creio que para combater a angústia da corrida evolutiva é preciso fixar-se no dia de hoje. Quem procura muito pelo amanhã, dá margem ao mecanismo da ansiedade. Quem busca pelo passado, está dando chance à depressão.

Jesus já chamava a atenção para essa realidade quando ensinava que bastavam a cada dia os problemas que lhe eram próprios.

Procurando bem resolver os problemas de hoje, estaremos fechando nossa mente à angústia e caminhando para um amanhã melhor.

Cair é normal na jornada para a perfeição. O que não é normal é gostar de permanecer no chão.

Que os objetivos a serem alcançados e que nos são mostrados pela Doutrina Espírita jamais sirvam como desânimo, mas sim como um propósito de Deus para todos nós e, como Ele nunca erra, fomos criados pelo imenso Amor para darmos certo, apesar das lutas que venham visitar o nosso caminho e a nos convidar para desistirmos, como se não tivéssemos condições de chegar até a meta final.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita