Não é para hoje
“Ainda hoje, começa a emancipar-te do domínio
opressor da vida material e amanhã, o que agora tantas
lágrimas te custa, haverá de te ser motivo de
indefinível alegria ao coração.” – Irmão José (do
livro Pai, Perdoa-lhes)
Tenho percebido que muitos espíritas desenvolvem certo
grau de angústia ao tomar conhecimento de onde teremos
que chegar um dia quando percorrermos nosso caminho
evolutivo para atingirmos a perfeição possível de ser
conquistada.
Esse alvo final (que não tem fim) é para ser alcançado
ao longo dos milênios e não em uma única existência na
matéria.
Os Espíritos com exemplos de vida de grande sucesso
moral não foram forjados apenas naquele limite
estreitíssimo do berço ao túmulo de uma única existência
ou de algumas delas. Caminham há um tempo muito longo
experimentando quedas e soerguimentos.
Essa realidade é
analisada pelo Irmão José na página Seguindo Jesus do
livro mencionado acima, de psicografia de Carlos
Baccelli, quando afirma: Sim,
o caminho para os Cimos é estreito, longo e íngreme...
...a margeá-lo, numerosos perigos espreitar-te-ão os
passos, tramando a tua queda.
Conspirações para que te desanimes de percorrê-lo,
muitas vezes, partirão de quem menos esperas.
Palavras de incentivo na jornada te chegarão da boca de
pouquíssimos e sinceros amigos.
Se assim ocorre, temos que tomar consciência dessa
realidade porque a Providência Divina que tudo sabe não
ignora, obviamente, esse fato e não desiste de nenhum de
seus filhos.
Recebemos uma nova reencarnação pela misericórdia de
Deus, não para concluir nossa jornada evolutiva, mas com
muita luta dar um passo adiante no nível evolutivo em
que nos encontramos, o que já está de bom tamanho.
Jesus, quando encarnou na Terra num ato de amor extremo,
sabia perfeitamente que estaria a trabalhar a pedra
bruta de nossos sentimentos.
Mesmo sabendo que iria ser traído, negado, que Tomé
duvidaria, que os apóstolos se recolheriam temerosos em
uma casa após a sua morte corporal na cruz, não desistiu
exatamente porque somos seres imortais e temos a
eternidade pela frente.
Não ensinava aos homens físicos daquela época, mas aos
Espíritos imortais que, pelo menos teoricamente, tinham
olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Há até uma pequena estória de doutor Bezerra falando a
um grupo de Espíritos na dimensão espiritual sobre a
necessidade de amar, de perdoar, de renunciar, de ser
caridoso e fraterno. Terminada a sua preleção, um dos
presentes fez a colocação de que aquelas orientações
todas ele já sabia e concordava plenamente, mas que eram
muito difíceis de serem colocadas em prática.
Dentro da sua humildade, doutor Bezerra concordou,
incluiu-se entre aqueles que também tinham essa
dificuldade, mas ressaltou a diferença significativa já
atingida por ele de não ficar parado e de lutar para
conseguir aplicá-las em sua vida.
O mundo material está repleto de canto de sereia para os
Espíritos incautos ou que se entregam deliberadamente
aos valores e prazeres de ordem material.
E mais uma vez o Espírito do Irmão José nos socorre na
mesma página mencionada:
Propostas tentadoras tudo farão para que retrocedas.
Vantagens materiais que nunca tiveste haverão de ser-te
oferecidas, de uma hora para outra.
Argumentos de toda espécie buscarão convencer-te de que
tamanho esforço é inteiramente inútil.
Não te esqueças, porém, de que o Senhor nunca te disse
que, ao tomar a decisão de segui-lo, caminharias sobre
um tapete de flores.
Creio que para combater a angústia da corrida evolutiva
é preciso fixar-se no dia de hoje. Quem procura muito
pelo amanhã, dá margem ao mecanismo da ansiedade. Quem
busca pelo passado, está dando chance à depressão.
Jesus já chamava a atenção para essa realidade quando
ensinava que bastavam a cada dia os problemas que lhe
eram próprios.
Procurando bem resolver os problemas de hoje, estaremos
fechando nossa mente à angústia e caminhando para um
amanhã melhor.
Cair é normal na jornada para a perfeição. O que não é
normal é gostar de permanecer no chão.
Que os objetivos a serem alcançados e que nos são
mostrados pela Doutrina Espírita jamais sirvam como
desânimo, mas sim como um propósito de Deus para todos
nós e, como Ele nunca erra, fomos criados pelo imenso
Amor para darmos certo, apesar das lutas que venham
visitar o nosso caminho e a nos convidar para
desistirmos, como se não tivéssemos condições de chegar
até a meta final.
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