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por Altamirando Carneiro

 

Tempo de reflexão


Passados mais de dois mil anos da vinda de Jesus à Terra, podemos dizer que estamos ainda engatinhando, na exemplificação dos ensinamentos que ele nos trouxe.
O homem evoluiu. Os avanços da ciência, o domínio da tecnologia, o progresso no campo do saber, são conquistas da inteligência humana. Como são conquistas os feitos do homem, no campo da moral. Só que o progresso moral avança muito pouco. 
Por isso, vemos homens de grande inteligência, cultos, preparados, que se destemperam à primeira contrariedade,   como se tudo no mundo tivesse que ser voltado especialmente para os seus gostos, seus caprichos. Em suma: o que estamos fazendo com "essa tal" de reforma íntima? 
Não basta estudar; não basta aprender; não basta memorizar; não basta falar bonito; não basta pregar a moral, se não demonstramos nada disso, nas nossas ações. 
Compreendemos que estamos num planeta de provas e expiações, mas o pouco que fizermos pela nossa melhoria interior será um passo importante, na nossa caminhada evolutiva. 
Atentemos para este poema mediúnico de Castro Alves (Espírito) através da psicografia de Jorge Rizzini, onde o poeta nos fala da necessidade do progresso cultural, intelectual, ao lado do progresso moral. Enfim, o mundo será sempre melhor, à medida em que o homem conseguir equilibrar, lado a lado, o progresso intelectual e o progresso moral. 


Na Era Espacial
 
Espírito: Castro Alves
Médium: Jorge Rizzini
 
O foguete está de pé!
Solta imenso fogaréu...
Não o prendem mais correntes...
Ouve-se palma, escarcéu!
E o gigante dá o passo...
Sobe, avança pelo Espaço,
Tal qual metálico braço,
Buscando a lua no céu!
 
E o mundo inteiro aplaudiu,
Com uma grande excitação,
O Ser Humano na lua,
- Águia a farejar-lhe o chão!
Mas quem celebra essa glória,
Ó homens que fazem a História?
A miséria transitória,
Nos vales da podridão!
 
Os milhões de analfabetos,
No continente africano,
De arco, flecha e tacape,
Cobrindo as chagas com um pano!
Os da Ásia, os do Oriente,
Onde a fome é uma serpente
Coleando, quase rente,
Ao trono do Soberano!...
 
Milhões de seres sofridos!
As vítimas do Direito!
Os sedentos e famintos,
Muitos deles sem ter leito!
Aplaude a pobreza à rua,
A tuberculose nua,
Olhando da praça a lua,
Trazendo um filho no peito!
 
Que representa essa glória,
Homérica e singular,
Se a base é o fétido lodo
Da miséria milenar?
Aplaude o povo de rastros!
E vós a fitar os astros,
Como um cego em altos mastros,
De um navio prestes a afundar!...
 
E logo recebereis,
De outros mundos siderais,
Notáveis naves redondas,
Cortando os céus abismais!
E nesses dias marcados,
Ficareis envergonhados!
Onde estão os bons punhados
De divinas Leis Morais?!
 
Mas, de Deus a visão cósmica,
Que vai além do infinito,
Previu vossa indiferença!
E ouviu da miséria o grito!
E cheio de Caridade,
Vai implantar na Humanidade,
As Leis Santas da Verdade,
Contra o Ódio, O Dogma! O Mito!
 
Avante, Espírita, avante,
Que vós sois o sal da Terra!
Espalhemos da Doutrina,
Os tesouros que ela encerra!
Na América, na Índia, na Espanha,
Portugal, França, Alemanha,
Promovei uma campanha,
Inclusive na Inglaterra!
 
Mudemos a Sociedade!
Abaixo o Materialismo!
Que penetre em cada lar
O farol do Espiritismo!
Abaixo a paixão, a guerra!
O vil ódio que emperra!
Iluminemos a Terra!
Coragem! Ação! Realismo!
 
Oh! Não fiquemos olhando
O facho de luz na mão,
Como na montanha o índio
Contempla o sol na amplidão...
A Terra está num abismo!
É a treva! O cataclismo!
Só a salva o Espiritismo,
Doutrina à luz da Razão!


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita