Perder o animal de estimação
A infância é o tempo de maior criatividade na vida de um
ser humano.
Jean Piaget
Adotamos um animal de estimação e simplesmente o
consideramos um membro da família. A relação entre donos
e seus animais é tão forte que a perda de um cachorro,
por exemplo, pode gerar forte impacto emocional.
A convivência habitual com um gato, um cão, um
porquinho-da-índia implica regras na rotina da casa e
também para as pessoas, pois esses bichos amorosos
exigem cuidados de higiene e saúde, fatores que demandam
atenção e tempo de quem cuida/convive com seu animal.
Perder um animal de estimação invariavelmente gera dor,
sensação de desamparo, tristeza. Lembro-me do meu
primeiro cachorro, a quem eu dediquei afeto, carinho,
uma sucessão de invencionices e brincadeiras. Quando ele
morreu, sofri bastante, e levei tempo para me sentir
realmente consolada. O apoio dos meus pais e o respeito
pela minha perda, a saudade que eu sentia do meu
companheiro de brincadeiras, ajudou-me a vivenciar o
luto e seguir em frente, vivenciando, na infância, meu
primeiro contato com a morte de um ser querido…
Sem dúvida, no caso de criança que perde o gato ou o cão
amigo, dor e tristeza surgem e isso deve ser levado em
consideração e apoiado.
Como aconteceu comigo, muitas vezes a perda do animal é
o primeiro contato da criança com a morte e a situação
pode dar à criança uma primeira lição a respeito da
morte. No entanto, é imprescindível deixar claro que ela
não teve culpa nenhuma no fato.
Peça à criança fazer um desenho e, se ela quiser,
permita que ela diga adeus ao animalzinho. Essa atitude
a confortará.
Momento familiar de aprendizagem mútuo, o evento dá base
à criança para experiências futuras relacionadas à
perda. Ainda, seja qual for o motivo da morte do animal
de estimação, a dor e a tristeza de quem sofre devem ser
respeitadas.
Evite adotar em seguida outro animal, pois a criança tem
que entender que nenhum animal é substituível e que, no
momento certo, ela terá outro bichinho.
1- Se o animalzinho está velhinho/doente, converse com
seu filho antes que ele morra e de forma a lhe dar a
chance de despedir-se.
2- Se o animal morrer de repente, explique o que
aconteceu de forma simples, permitindo que seu filho
faça perguntas.
3- Seja sincero com a criança. Ou seja, não invente
histórias, nem minta para a criança dizendo ”Rex fugiu”,
“Rex viajou”. É a sinceridade que mantém a confiança
entre pais e filhos.
4- Pergunte ao seu filho se ele gostaria de realizar uma
cerimônia para o animal de estimação – plantar uma
árvore ou uma flor em sua homenagem, por exemplo, pois
isso alivia a dor e impulsiona o processo do luto.
5- Não compense a situação com outro animal de
estimação. É importante passar pelo processo de luto e
adotar outro animal apenas quando for a hora para isso.
6- Qual é o momento ideal para a criança ter outro
bichinho? Após uns 6 meses da morte, pergunte a ela se
gostaria de ter outro amiguinho. Depois de um certo
tempo, a criança vai entender que cada animalzinho é
único e todos farão parte das boas memórias, segundo os
momentos felizes que passaram juntos.
Notinha
As crianças descrevem a perda de seu animal de estimação
como um dos momentos mais dolorosos que elas lembram.
Contudo, elas são capazes de racionalizar a morte de seu
companheiro animal de forma eficaz e através da
inteligência emocional. Além disso, a experiência de
conviver na infância com um cão, por exemplo, é muito
enriquecedora para a criança.